Uma ideia simples de um farmacêutico de Goiânia está facilitando o acesso de moradores de rua a dois itens importantes no combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19): água limpa e sabão. Depois de se preocupar com as pessoas que não têm como fazer a higiene adequada das mãos, ele teve a ajuda de parceiros para montar uma pia na porta da farmácia dele, na Avenida 4ª Radial, no Setor Pedro Ludovico. Depois de tudo pronto, ainda conseguiu ofertar água potável para quem passar por ali.Deivisson Teixeira Leão faz trabalho voluntário no projeto “Banho Sagrado”, que leva um veículo equipado com uma ducha para regiões da capital onde moradores de rua costumam se concentrar. Ele sabe da importância deste projeto e conta que chegou a ficar duas noites sem conseguir dormir pensando no que poderia ser feito para ajudar estas pessoas. “Com o aumento dos casos, comecei a ficar muito preocupado porque eles (moradores de rua) não têm onde fazer o simples ato de lavar as mãos.”Ele conta que ficou preocupado porque tem uma farmácia e sabe o custo de cada produto. “Sei que estas pessoas não têm condição de comprar um sabão, um álcool em gel. Já ouvi deles que muitas vezes ‘limpam’ as mãos em poças de água. Então tive a ideia de fazer uma pia aqui na porta da farmácia. Eu deixo a luz ligada a noite toda, então está sempre claro e, assim, está disponível 24 horas. Além disso, é uma avenida e tem um fluxo grande de pessoas, entre elas moradores de rua, catadores de papel e pessoas de baixa renda”, explica.Ele então conversou com um amigo engenheiro, que deu a ideia de usar um latão de óleo como suporte para a pia e explicou como tudo poderia ser feito para ficar funcional e barato. “Eu ganhei o latão, levei no serralheiro, pedi uma pessoa para instalar e um amigo fez a pintura. O projeto alcançou outros parceiros e ganhei um filtro para que eles (moradores de rua) possam beber água potável. Também consegui ajuda para ofertar sabão e álcool em gel, que são repostos diariamente”, diz.A pia ficou pronta e começou a ser usada na última quinta-feira (26). De lá para cá, Deivisson conta que a adesão tem sido muito grande. “Até maior do que a gente esperava. Não só os moradores de rua, mas tem gente que passa e pede para usar a pia e o que a gente não esperava era que nossos clientes também estão usando a pia para lavar as mãos antes de entrar na farmácia. Não foi nossa ideia inicial, mas, agora, até nossos colaboradores estão mais seguros, já que o cliente também está fazendo uso.”Deivisson diz que ficou muito feliz pela ideia ter tido adesão e espera que outros empresários se inspirem para fazer igual ou parecido. “Somando os custos que tive, fora as doações, não chegou a R$ 500. Para um empresário, não acredito ser um alto custo, já que estamos ajudando ao próximo e ainda podemos ter o resultado que não era o planejado, mas que considero tão importante quanto isso, que é a proteção do colaborador.”A presidente do Conselho Regional de Farmácia de Goiás (CRF-GO), Lorena Baía, destaca que lavar as mãos com água corrente e sabão é um dos meios mais eficientes para combater o vírus. Ela foi até o estabelecimento conhecer a invenção de Deivisson e aplaudiu a iniciativa: “É uma ideia genial.” Lorena incentiva outros pontos comerciais de saúde a se inspirarem no exemplo do farmacêutico. “Se cada um tiver condição de fazer algo neste sentido, a proteção contra a disseminação do vírus aumenta em larga escala”.