Casos de suspeita do novo coronavírus dentro do ambiente escolar vão demandar o rastreamento de contatos e afastamento por 14 dias dos que podem ter se contaminado, mesmo sem sintomas. Esse é um dos consensos do Grupo de Trabalho (GT) responsável por aperfeiçoar a proposta de regulamento para retorno seguro das aulas presenciais em Goiás. A proposta inicial era de suspensão das aulas ao identificar um caso suspeito. A superintendente da Escola de Saúde de Goiás, Kelli Coelho dos Santos, responsável pela coordenação desse GT, adianta novos pontos do protocolo de segurança de retorno às aulas. Entre eles estão o rastreamento de contatos, criação de comitês internos em cada unidade, regras para funcionários terceirizados que adentram a escola e até definição dos produtos de limpeza que devem ser utilizadas na higienização dos espaços.No dia 15 de julho, um projeto de protocolo de retorno às aulas, elaborado em conjunto por representantes da Educação pública e privada, foi apresentado ao Centro de Operações de Emergência (COE) estadual de combate ao coronavírus. O POPULAR trouxe, no dia 16, os pontos principais do documento. Já no dia 22 de julho, o GT apresentou um parecer defendendo que o protocolo fosse aperfeiçoado. A nova versão do conjunto de regras será apresentada na reunião do COE da próxima quarta-feira. (Veja o quadro). Segundo Kelli, o novo projeto vai indicar que a família dos estudantes vai ser orientada a não permitir a ida do aluno para a escola em caso dele ter sintomas como tosse, produção de catarro, dor de garganta e dificuldade de respirar. A febre será medida na entrada da unidade. “Ver todas as pessoas que entraram em contato para serem monitoradas e afastadas por no mínimo 14 dias, se não houver gravidade”, descreve Kelli. A superintende avalia que o cumprimento das outras regras - distanciamento, poucos estudantes por turma, intervalos intercalados - vai permitir o monitoramento de contato.A primeira versão do protocolo não detalhava ações em casos de caso suspeito, apenas dizia que, em caso de Covid-19 confirmado, as aulas seriam suspensas de dois a cinco dias e as autoridades de Saúde acionadas. As aulas presenciais em Goiás foram suspensas entre os dias 15 e 18 de março. A previsão de retorno é para setembro, mas poderá ser reavaliada em meados de agosto, dependendo da situação epidemiológica no Estado. Um outro ponto de mudança no projeto é a área de transporte. A primeira proposta do documento recomendava que os ônibus e vans escolares fossem higienizados a cada viagem e que os alunos tivessem a temperatura medida antes de embarcar. No entanto, Kelli explica que o protocolo para o transporte em si transporte deverá ser definido por outra área. No caso, alçada deles é de recomendações para as pessoas que utilizam o transporte, como o uso de máscaras, álcool em gel caso toque em algo, evitar viagens em pé e etiquetas respiratórias. As definições sobre transporte são importantes porque um retorno às atividades práticas nas escolas pode refletir no uso dos ônibus coletivos na Região Metropolitana de Goiânia (RMG). Goiás possui 1,4 milhão de estudantes na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio do Estado de Goiás,nas redes públicas e privada. Em Goiânia são 275 mil alunos. DesafiosA professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Miriam Fábia Alves, alerta sobre a dificuldade de seguir protocolos de biossegurança em escolas da rede pública. Ela defende que só é possível o retorno seguro presencial com a vacina. “As escolas não cumprem questões básicas de funcionamento, o que torna qualquer protocolo inviável. Quase impossível cumprir em uma escola que não tem sabonete, água encanada, papel higiênico”, diz. Miriam diz que tem lido sobre a retomada das aulas em outros países, com melhores condições de estrutura, mas que ainda assim há muita dúvida em relação a forma mais segura de retorno. Além disso, a professora lembra que também há as questões culturais, sendo que o brasileiro tem cultura de muita aproximação, que dificulta o distanciamento. Kelli defende que para o protocolo ser colocado em prática é necessário uma preparação. “A escola precisa fazer, além da organização do espaço, a formação desses professores e profissionais antes de começar atividades presenciais”, explica. -Imagem (1.2092094)