Morta pelo companheiro há menos de dois meses, a catadora de recicláveis Gildamar Neris Vidal de Negreiros, de 51 anos, viveu nos últimos quatro anos uma sequência de pelo menos cinco relacionamentos abusivos e violentos que foram parar na delegacia após ela ser vítima de algum tipo de agressão grave, seja tentativa de estupro, lesão corporal ou tentativa de homicídio. No final do ano, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) denunciou o suspeito de tê-la matado, o também catador de recicláveis José João Silva Santos, de 44 anos, que está foragido. Nos outros quatro casos, nenhum acusado parou na cadeia pelos crimes, mesmo quando condenados. Ao procurar a Polícia Civil para denunciar os ex-companheiros, Gildamar revelou histórias que se assemelham à que teve com José João: o suspeito exagerava no consumo de álcool e, às vezes, de drogas, era agressivo e pouco tempo após se conhecerem iam morar juntos. No caso do homem que é acusado de matá-la, a relação começou em agosto e em outubro os dois dividiam a mesma casa. Pelas descrições dadas por testemunhas e pela própria vítima (nos casos anteriores), os agressores eram todos, assim como ela, pessoas em situação de vulnerabilidade.