Há três meses a pedagoga Valdirene Leão Gomes Cruz, indígena da etnia Yny Karajá, assumiu um grande desafio. Ela foi escolhida pela comunidade da Aldeia Buridina, em Aruanã, às margens do Rio Araguaia, como a cacica de seu povo. É a primeira de Goiás, um feito que inicialmente a assustou. “Fiquei surpresa e honrada, mas sei que a minha responsabilidade é muito grande”, disse ela ao POPULAR. Valdirene reforça um movimento que cresce muito no Brasil – o de etnias indígenas optarem por lideranças femininas. Valdirene Mahudikè, seu nome indígena, vem de uma linhagem de cacicagem. Ela é sobrinha em primeiro grau de Jacinto Maurehi, o primeiro líder da Aldeia Buridina. Escolhida como a quarta cacica, ela substitui Raul Hawakati, que morreu em outubro do ano passado. “Entrei por escolha da comunidade. Eu não tinha essa intenção, porque sou gestora de nossa escola, que já tem muita demanda, mas diante da insistência assumi o compromisso de ficar pelo menos dois anos para tentar resolver os problemas imediatos do território”, explicou.