Atualizada às 22h05O número de óbitos registrados por Covid-19 em Goiás revela ritmo acelerado em julho. Nos primeiros 16 dias do mês, foram 543 vidas perdidas para a doença. Ou seja, a cada 43 minutos uma pessoa morreu, levando em consideração apenas a infecção do novo coronavírus (Sars-CoV-2). No meio da tarde desta quinta-feira (16), o registro oficial pelo site da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) verificou 1.018 óbitos por Covid-19. Para se ter uma ideia, o boletim enviado pela pasta, fechado por volta das 12 horas, ainda apontava 986 mortes. Os óbitos verificados apenas nesta metade do mês correspondem a 53% do total contabilizado pela pandemia até então.O avanço exponencial das mortes também pode ser visto pelo acréscimo da média de óbitos diários. Na primeira semana de junho, o Estado registrava cerca de cinco mortes por dia. Já na semana seguinte este índice chegou a 12, passando para 19 e fechando o mês com 27 óbitos diários em média. Com estes números, no total, Goiás tinha um morto por Covid-19 a cada 2 horas e 4 minutos no mês passado. No entanto, assim que chegamos a julho, a média diária de óbitos avançou para 31 e chegou a 34 nesta semana. Nas últimas três semanas, a aceleração do índice tem um taxa de 1,1, indicando uma projeção de cerca de 1,6 mil até o fim deste mês.Pelos dados da SES-GO, atualmente Goiás está com taxa de letalidade de 2,51%, número abaixo da média nacional, que é de 3,8%. “Já o aumento no índice de gravidade era previsto antes mesmo de a pandemia atingir o Brasil, visto que o maior número de casos também resulta no aumento de internações e óbitos”, informa a secretaria. Segundo a pasta, a região metropolitana de Goiânia, o Entorno do Distrito Federal, e “aquelas cidades que detêm grandes indústrias, além de cidades que margeiam as principais rodovias do Estado, inclusive com fluxo interestadual, são as que mais preocupam o Estado”.Biólogo e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Thiago Rangel, que participa de um grupo de pesquisadores que estudam o impacto da Covid-19 no Estado, afirma que, pela demora na notificação das mortes, é provável que o Estado, hoje, já tenha entre 1.300 e 1.400 óbitos. Para Rangel, a maior probabilidade é que o óbito de número mil tenha ocorrido na primeira semana deste mês. “Se olharmos, daqui alguns dias, pela data do óbito com os registros nas secretarias vamos ver que isso já ocorreu. Estes marcos, como o caso mil são incertos pela defasagem na notificação das mortes. Vai com toda esta incerteza. Tenho quase absoluta certeza que ele tenha ocorrido entre os dias 1º e 4 de julho, mas demora para ficarmos sabendo”, diz.Até por isso, segundo o pesquisador, os estudos da UFG não apontam as datas estimadas para números exatos. Na última projeção feita, os pesquisadores estimaram que até o fim deste mês, em um cenário com a manutenção do isolamento social entre 35% e 40%, que é o atual, teríamos entre 1.696 e 2.815 óbitos. A SES-GO, em nota, esclarece que “já era esperada a dobra do número de casos em um intervalo cada vez menor de tempo”. “A segunda quinzena de julho foi apresentada como a fase mais crítica da doença no Estado, de acordo com estudos da Universidade Federal de Goiás. Assim, o esperado é que na próxima semana Goiás atinja o pico, seguido de uma fase de platô no número de casos, até iniciar uma redução diária das notificações, como já observado em outros locais.”ConfiabilidadeNo entanto, Rangel esclarece que os estudos da UFG apontam que este pico só deve ocorrer na segunda quinzena de agosto, com maior probabilidade para o fim daquele mês. “Não existe evidência de que o pico será na semana que vem. Estimativa nossa é para o fim de agosto. Isso depende da confiança no inquérito sorológico feito pela Prefeitura de Goiânia”, explica. Segundo ele, se os inquéritos realizados pelo Paço, que apontaram incidência de 2,1% da doença na população, estiverem certos, o modelo da UFG está correto e o pico será no fim do mês que vem. Por outro lado, se a incidência da doença for maior do que a apontada no inquérito, é provável que o pico seja antes, mas não menos que a partir de meados de agosto. Na ocasião, mantendo as premissas do cenário verde, o Estado deve chegar a cerca de 4 mil óbitos.Estado é o que mais demorouGoiás possui, até então, o maior tempo entre o primeiro óbito registrado pela Covid-19 e a milésima verificação entre as demais unidades da federação.Foram 113 dias entre a morte da mulher de 66 anos, moradora de Luziânia, e o registro que passou dos mil óbitos no Estado. O Rio Grande do Sul demorou 112 dias para ultrapassar a marca, o que ocorreu no último dia 14, e o Piauí , 111, com a milésima morte sendo registrada na última quarta-feira (15). Em contrapartida, o Estado de São Paulo levou apenas 34 dias entre as duas marcas e o Pará, 43, sendo os dois com menos tempo em todo o País. O biólogo e pesquisador da Universidade Federal de Goiás, Thiago Rangel, aponta que isso pode ter ocorrido pela junção das medidas austeras tomadas no Estado no início da pandemia, entre o fim de março e o começo de abril, e também a baixa densidade demográfica na região. “É interessante isso. O tamanho da população só importa para definir quando é o pico e a sua proporção, mas não sobre isso. O que faz diferença é a densidade, o quanto as pessoas entram em contato com as outras”, explica. Com isso, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), reitera que “a estratégia adotada até agora pelo governo de Goiás de ampliar e regionalizar leitos de internação tem bons resultados na assistência às pessoas que precisaram de internação”. A pasta reitera que foram criados 373 leitos de UTI no Estado neste ano. “Já estão em operação seis hospitais de campanha, sendo que o de São Luís de Montes Belos foi entregue nesta quinta-feira (16), com 34 leitos dedicados a Covid-19, sendo 10 UTIs. Mais dois estão sendo preparados em Formosa e Jataí.” A SES informa ainda que vai ampliar a “testagem para rastrear e monitorar os casos em 78 cidades estratégicas, isolando os positivos de forma seletiva”.-Imagem (1.2086951)