Deflagrada na manhã desta quarta-feira (12) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Goiás (MP-GO), a Operação Grande Famiglia investiga possível fraude na compra de 75 mil cestas básicas pela Prefeitura de Goiânia durante a pandemia em um contrato no valor de mais de R$ 5 milhões de uma empresa de fachada. Os alimentos seriam doados a famílias vulneráveis em razão da pandemia do coronavírus (Sars-CoV-2) e a investigação aponta que, durante a execução do contrato, o grupo apresentou documentos falsos para aumentar valores e maximizar os lucros. De acordo com o MP, a organização criminosa também seria responsável por simular competição em processo licitatório para compras de sacos de lixo pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Eles utilizavam diversas empresas pertencentes ao mesmo grupo familiar ou em nome de laranjas e até o momento, nove delas foram identificadas. Estão sendo cumpridos 8 mandados de prisão (sendo 2 preventivas e 6 temporárias) e 17 mandados de busca e apreensão (8 em residências, 4 em empresas privadas e 4 em órgãos públicos e 1 em entidade do terceiro setor). São eles: Prefeitura de Goiânia, Secretaria Municipal de Assistência Social, Comurg, prefeitura de Aparecida de Goiânia e Sesc. Até o momento foram presas pelo menos quatro pessoas da mesma família: marido, mulher e duas filhas. Os mandados de busca e apreensão acontecem em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Distrito Federal. Entre as residências estão a do secretário municipal de Assistência Social Mizair Lemes, que já foi diretor de planejamento da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e o ex-deputado Wagner Siqueira. Em nota, o Ministério Público informou que há indícios de que servidores públicos tenham recebido altos valores das empresas pertencentes ao grupo criminoso, com contratos, ao longo dos anos, que passam dos R$ 100 milhões.Ao longo do tempo em que realizou as simulações de concorrência, a organização criminosa constituiu 9 empresas, 4 das quais ainda estão em funcionamento. Em nota, a Prefeitura de Goiânia informou que não é alvo da operação que ocorreu na manhã desta quarta-feira nas sedes da Comurg, Semas e Semad. “A investigação visa obter informações sobre um grupo de empresas suspeito de fraudar licitações no período de 2009 a 2015. A prefeitura ressalta ainda toda disposição para contribuir com o trabalho investigativo”, diz o documento. A Prefeitura de Aparecida de Goiânia também se pronunciou e afirmou que não é alvo da operação do Ministério Público. “O alvo da operação são empresas que participam de licitações em órgãos públicos e que a prefeitura foi acionada para repassar informações e documentos e, portanto, está colaborando com as investigações.”Através de nota, o Serviço Social do Comércio (Sesc) Goiás informa que não é alvo das investigações. O Sesc esclarece que foi acionado na manhã desta terça-feira (12), para colaborar com o Ministério Público com o repasse de informações e documentos. De acordo com a nota, foi solicitada uma cópia de um processo específico de compra de cestas básicas, que por decisão administrativa o processo foi cancelado, e a compra não foi efetuada. O Sesc ressalta ainda que são investigadas empresas que participaram do processo de licitação, o que não faz jus a instituição. O Sesc esclare que por ser uma instituição privada possui regulamentos próprios de contratação.A reportagem tentou contato com Mizair e Wagner por telefone e mensagens, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.