As instituições particulares de ensino de Goiás já estão se preparando para a possibilidade de retorno às aulas presenciais, com restrições, caso a epidemia do coronavírus (Sars-CoV-2) em Goiás continue perdendo a força. Algumas das principais ações dos estabelecimentos têm sido a aquisição de equipamentos, o treinamentos de professores e a delimitação de estratégias para ministrar aulas híbridas, que deverão ser adotadas pelas unidade de ensino, uma vez que, caso o retorno das aulas presenciais seja liberado, os estabelecimentos poderão receber uma quantidade reduzida de estudantes.O presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE) e do Sindicato de Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe), Flávio de Castro, afirma que a quantidade de alunos e como as aulas híbridas serão ministradas ficará a cargo de cada instituição. “Terá uma quantidade máxima permitida, acredito que de 30%, de estudantes dentro das salas. Entretanto, isso depende muito do espaço e da estrutura de cada local”, diz. De acordo com ele, as aulas híbridas serão um grande desafio. “Fazer uma aula presencial e remota ao mesmo tempo será complicado. Os colégios terão que estar bem equipados ou então irão ter que fazer duas aulas diferentes”, afirma.O diretor do grupo Olimpo, Rodrigo Bernadelli, explica que os colégios da rede estão preparados para um possível retorno. “Já temos a estrutura de câmeras e seguiremos usando a plataforma online que já está sendo usada pelos estudantes”, conta. Na unidade de ensino, as aulas presenciais serão transmitidas online para os estudantes que decidirem permanecer em casa e também ficarão disponíveis para serem vistas depois. “Os alunos que optarem por ficar em casa terão a mesma rotina dos que vierem para a escola. Até o horário de prova será o mesmo”, diz.Entretanto, o diretor afirma que a instituição não está estimulando os alunos a voltarem a frequentar os colégios da rede. “Nós não recomendamos. É claro que iremos tomar todos os cuidados possíveis. Entretanto, sabemos que não é completamente seguro”, esclarece.O coordenador pedagógico do Colégio Visão, Mayanderson Rodrigues, conta que na unidade de ensino os alunos que estiverem assistindo as aulas remotas poderão interagir com o professor, tanto quanto os que estiverem vendo as aulas presenciais. “Instalamos câmeras e microfones e as perguntas e dúvidas deles serão reproduzidas nos alto falantes. Quando algum aluno da turma presencial fizer uma pergunta, ela será reproduzida pelo professor, que usará um microfone, para os alunos que estão em casa possam escutar”, explica. Além disso, professores e alunos que fazem parte do grupo de risco irão ficar em casa. “Nesses casos, o professor irá iniciar a aula em casa e ela será transmitida na sala de aula para os alunos que estão na unidade de ensino e também para os que estão nas suas residências”, pontua.O diretor do Colégio Integrado, Thiago Oliveira, afirma que os professores da unidade de ensino serão submetidos a um treinamento nos próximos dias para que os profissionais possam de adaptar a essa modalidade de ensino híbrida. “Antes eles estavam acostumados a falar com todos de uma só maneira. Agora terão que dividir essa atenção” afirma. Além disso, o diretor conta que o colégio investiu na aquisição de câmeras e reforço no sistema de internet. “Teremos que ter capacidade para transmitir mais de 20 aulas simultaneamente”, relata. Entretanto, Oliveira não acredita que muitos alunos voltarão para a modalidade presencial. “Os alunos que devem voltar são aqueles com necessidades logísticas e de aprendizado especiais”, pontua. Por isso, ele acredita que não será necessário adotar o revezamento de estudantes caso as aulas voltem a ser realizadas no formato presencial. “Entretanto, se atingirmos o máximo de alunos estipulado pelos órgãos públicos, iremos usar esse sistema em que os alunos vêm de forma intercalada”, conta o diretor da escola.AprendizadoO diretor do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) da Universidade Federal de Goiás (UFG), o professor Alcir Horário da Silva, acredita que o modelo de ensino híbrido não será vantajoso para o aprendizado dos alunos. “Nos formatos normais nós já temos uma desigualdade grande dentro das escolas no que diz respeito ao aprendizado e a questão social”, esclarece o especialista. De acordo com ele, apesar das aulas presenciais serem transmitidas ao vivo, o fato de alguns alunos estarem dentro da sala de aula e outros em casa, afetará ainda mais essa desigualdade. “O contato com o professor e com os colegas de classe é essencial para o processo de aprendizagem, especialmente no ensino básico”, relata.Silva afirma que a questão é ainda mais complexa quando se pensa no ensino público. “Nas escolas privadas, que são empresas, os alunos têm mais facilidade de acesso e essas unidades de ensino conseguem fornecer plataformas e estruturas com mais qualidade. No ensino público, a realidade é diferente e essas diferenças sociais e de aprendizado ficam mais fortes”, afirma. O especialista acredita que a melhor opção para as escolas é aguardar até que uma vacina contra a Covid-19 fique pronta. “É o que consideramos seguro. Afinal, o bem mais precioso que temos que guardar é a vida dos nossos educandos”, frisa. Próximas semanas serão determinantesSe a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a quantidade de mortos pelo coronavírus (Sars-CoV-2) continuar caindo pelas próximas três semanas, é possível que as aulas presenciais em Goiás sejam liberadas em novembro. Nesta terça-feira (6), em uma reunião do Centro de Operações Emergenciais (COE), o assunto foi discutido. “Pelo nota técnica da Saúde, precisamos de quatro semanas com esses números em queda para voltarmos. Já passamos pela primeira”, pontua o presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE) e do Sindicato de Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe), Flávio de Castro. Nesta terça-feira (6), o secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, já havia sinalizado sobre essa possibilidade. Castro esclarece que toda a comunidade está muito ansiosa para o retorno das atividades, mas afirma que querem que isso seja feito com a maior segurança possível. “Só vamos dar o próximo passo quando nos sentirmos seguros. Não queremos abrir e depois termos que fechar novamente. O retorno das atividades é algo muito esperado, mas sabemos da responsabilidade que temos com a saúde”, pontua. O presidente do Sepe e do CEE diz ainda que muitas famílias aguardam pelo retorno das atividades presenciais. “Sabemos que muita gente já voltou a trabalhar e principalmente as famílias com crianças com até sete anos estão sofrendo com a questão logística”, frisa.A Secretaria de Estado de Educação de Goiás (Seduc) informou que enquanto não existir nenhuma nota técnica nova, seguirá seguindo as recomendações dos órgãos competentes e as aulas presenciais da rede estadual de ensino estão suspensas. A Secretaria Municipal de Educação (SME) também informou que não existe previsão de retorno das aulas presenciais na rede municipal.