O professor deve ter papel ativo na formulação de políticas públicas que versem sobre a educação. Esse foi um dos principais pontos defendidos pela diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV-RJ, Cláudia Costin, na palestra O professor como Protagonista, realizada nesta quinta-feira (14), no anfiteatro do Grupo Jaime Câmara, no Setor Serrinha.Ex-ministra de Administração e Reforma no governo Fernando Henrique Cardoso e com passagem pelo Bando Mundial como diretora global de educação, Cláudia veio a Goiânia para o lançamento do Pensar +. O evento, a ser realizado em abril do ano que vem, discutirá os temas que permeiam a vida do educador, da escola e do aluno em um formato que prioriza a prática e a interatividade. A realização é do GJC e do jornal O POPULAR.Em entrevista à reportagem, Cláudia afirmou que os professores são peças fundamentais na busca por uma educação de qualidade. “É preciso ouvir de verdade, em cada escola, o que os professores têm a dizer sobre qual a melhor forma de ensinar determinados conteúdos, o que as crianças e adolescentes do século 21 precisam aprender”, avaliou. Em seu entendimento, o País vive o que ela chama de crise de aprendizagem. “As crianças estão na escola, mas não estão aprendendo, principalmente aquelas que estão em meios mais vulneráveis”, disse.Outro fator que exige atenção é a mudança dos paradigmas do mercado de trabalho, que demanda pessoas cada vez mais criativas e capazes de pensar criticamente. “Os trabalhos rotineiros estão sendo substituídos por robôs. Isso demanda que o que as crianças aprendam na escola seja uma coisa diferente. É preciso ensinar a pensar, não a memorizar fórmulas e algoritmos”, argumenta.De acordo com ela, essa transformação deve partir dos professores, que, por sua vez, precisam passar por uma mudança cultural. “Todos nós adultos fomos educados de uma maneira própria da sociedade industrial”, destacou. Reformas como essa, diz Cláudia, acontecem de forma gradual e exigem dedicação a longo prazo de todas as partes envolvidas. “A mudança cultural não se faz por revolução; se faz por mudanças incrementais. Então é importante que a voz do professor se faça ouvir também.ValorizaçãoPara garantir que o Brasil tenha profissionais da educação cada vez mais capacitados e empenhados em enfrentar seus desafios cotidianos, a especialista pontua que é necessário mais que apenas incrementar salários. Segundo ela, as universidades precisam repensar seu sistema de formação de professores, dando mais ênfase à prática e à realidade em sala de aula. Do poder público, defende, é essencial o apoio aos docentes com novas tecnologias e materiais apropriados.Cláudia avalia também que os professores sejam integrados a seus colegas e redes, de forma a refletir o caráter colaborativo da profissão. “O que o professor do terceiro ano faz, depende do que o professor do segundo ano fez, então acho que faltam condições nas escolas para um trabalho mais coletivo”, pondera.