Os superfreezers do Hemocentro e da Universidade Federal de Goiás (UFG) devem comportar, juntos, em torno de 1,2 milhão de doses da vacina contra o coronavírus (Sars-CoV-2) produzida pela Pfizer e BioNTech e que precisa ser armazenada a -70° Celsius. A estimativa da universidade é de que caibam em torno de 600 mil doses nos três freezers que serão emprestados a o Estado. “Os três freezers do Hemocentro têm mais ou menos essa mesma capacidade”, informou o titular da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Ismael Alexandrino, que acredita que o espaço será suficiente para armazenar as doses da vacina que serão enviadas pelo Ministério da Saúde. A quantidade de doses a serem armazenadas pode variar, uma vez que o cálculo é feito baseado no espaço dos freezers e no volume estimado de cada frasco da vacina, já que o tamanho exato dos frascos ainda não foi divulgado.Entretanto, a capacidade de armazenamento das doses da vacina ainda pode ser aumentada. O pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UFG, Jesiel Carvalho, explica que a universidade busca alternativas para isso. “Temos alguns freezers predeterminados, mas estamos ainda trabalhando junto aos pesquisadores para remanejar amostras armazenadas, visando r gerar uma capacidade maior”, diz.A UFG já recebeu a visita de técnicos da SES-GO e o reitor da universidade, Edward Madureira, teve contato com o governador Ronaldo Caiado (DEM), para tratar dessa colaboração. Também ainda existe uma negociação com a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) para a cessão de mais um superfreezer.DistribuiçãoAlexandrino afirma ainda que o plano de distribuição da vacina continua o mesmo: os superfreezers devem ser levados para pontos estratégicos como Goiânia, região Sudoeste do Estado e no Entorno do Distrito Federal, onde a vacina deve ser distribuída para outros locais próximos onde as pessoas serão vacinadas. “Depois de descongelada, a dose pode ficar cinco dias armazenada de 2 a 8 ° C. É uma temperatura a que estamos habituados a lidar. Então acho que vai dar para operacionalizar de forma bem tranquila”, explica.Nesta terça-feira (22), durante a inauguração do viaduto na Avenida Jamel Cecílio, o governador afirmou que está tranquilo em relação ao espaço de armazenamento das doses da vacina da Pfizer e destacou ainda que as outras vacinas não precisam de um armazenamento tão rigoroso quanto. “Elas podem ser armazenadas na temperatura que já estamos acostumados a lidar em outras imunizações como, por exemplo, contra a H1N1”, diz.AplicativoA vacinação contra a Covid-19 em Goiás deverá ser organizado pelo aplicativo Dados do Bem que, até então, estava sendo usado na ampliação da testagem contra a doença no Estado. A mudança na estrutura do aplicativo já está sendo feita. Pelo aplicativo, o usuário poderá relatar se apresentou alguma reação adversa.Ele também funcionará como um controle do Estado para a aplicação da segunda dose da vacina e também para que as pessoas possam apresentar a comprovação de que estão vacinadas quando forem viajar para outros países que exijam a vacinação. Caiado critica intervençõesO governador Ronaldo Caiado (DEM) disse em uma live nas redes sociais nesta terça-feira (22) que pediu ao procurador-geral de Justiça Aylton Vechi que o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) não “interferisse na área da saúde” e que “deixasse isso para quem entende do assunto”. A crítica, segundo ele deu a entender, se deve ao fato de promotores estarem insistindo para que hospitais voltassem a fazer cirurgias eletivas em regiões onde a Covid-19 representa uma ameaça de alta nas internações.“Pedi a ele que encarecidamente que os promotores não se prestassem a querer entender de saúde pública nesta hora, porque a determinação de alguns hospitais nossos de já terem de começar a fazer cirurgias eletivas - e nós fizemos questão de manter todos os leitos - isso já bagunçou um pouco, a palavra é esta, tá certo?”, afirmou o governador na transmissão. “Eu pedi para o doutor Aylton que realmente deixasse isso com nós que entendemos de saúde pública.”Caiado citou especificamente os casos de Formosa e Luziânia. Na primeira cidade, ele disse que lá está com “100% de ocupação” dos leitos e que é um local que “extrapolou todo o nível de contaminação”. “Formosa é o pior nível de contaminação do Estado”, afirmou. Sobre a segunda, disse apenas que “exigiriam que alguns leitos fossem para cirurgia eletiva”.O governador justifica o pedido dizendo que não procede o argumento de que tem leito “que não está funcionando”, pois estes estariam preparados para receber pacientes com Covid-19 caso haja um aumento de demanda, como previsto para janeiro pelo governo estadual, principalmente no Entorno do Distrito Federal. “Gente, mas nós estamos pagando porque você não aciona um leito de UTI igual você dá partida num carro, não é assim, tem de ter equipe, tem de ter tudo aquilo funcionando, para que as coisas possam acontecer.”A reportagem entrou em contato com o procurador-geral de Justiça, por meio de sua assessoria, mas até o fechamento desta edição não houve retorno. (Márcio Leijoto)