O ex-assessor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) Josemar Alencar Linhares de Oliveira, de 35 anos, foi condenado a oito anos e seis meses por extorsão mediante restrição de liberdade, tendo como vítima um empresário de 36 anos que reside em São Paulo. Essa pessoa teria sido convencida por Josemar a vir para Goiânia em junho, momento em que caiu no golpe. Para a Justiça, o ex-assessor foi o mentor intelectual do crime, que contou com mais três cúmplices, dois deles foram mortos em abordagem policial. O outro está foragido.A Polícia Civil concluiu que o grupo queria obter R$ 500 mil em criptomoedas da vítima, mas conseguiu uma transferência de R$ 6,8 mil. Josemar teria atraído a vítima para a capital usando de sua imagem como assessor da Alego e também empresário, com promessa de um negócio de grande valor. O empresário paulista ficou dois dias em um hotel e, depois, um dos cúmplices o buscou para uma suposta reunião e simulou um sequestro-relâmpago com mais dois suspeitos. No caminho para o cativeiro, o trio se assustou com uma viatura policial e liberou a vítima perto da GO-020.Os três suspeitos que atuaram diretamente no sequestro-relâmpago foram localizados pela Polícia Militar em Davinópolis e durante a abordagem dois foram mortos e um conseguiu fugir. Os que morreram foram identificados como Gabriel Pires de Lima e Tiago Oliveira Rocha. O terceiro suspeito não foi localizado. Josemar foi preso seis dias depois, em Miami (EUA), e extraditado para o Brasil. Para a Justiça, o acusado não conseguiu provar que a viagem estava previamente planejada e, portanto, tratou-se de uma fuga.Ao ser interrogado pela Justiça, Josemar negou as acusações e disse que fez apenas uma intermediação de negócio entre a vítima e Gabriel, a quem conhecia como Danilo. Ele afirmou que o último encontro que teve com Gabriel e a vítima havia sido na noite anterior ao sequestro-relâmpago e que só ficou sabendo do crime quando já estava no avião rumo aos Estados Unidos. Ainda segundo o acusado, a viagem já estava programada e o destino final era a Bélgica, onde encontraria seus filhos. Ele comentou que não sabia como Gabriel tinha informações sobre as contas da vítima.Para a juíza Franciely Vicentini Herradon, da 2ª Vara Criminal de Goiânia, as provas juntadas no processo demonstram que o ex-assessor foi o mentor do crime, agindo para facilitar a extorsão pelo trio de cúmplices. “Restou demonstrado que o acusado atuou como autor intelectual do crime de extorsão, notadamente porque, ao se percorrer a linha temporal dos eventos que culminaram na empreitada criminosa, a ciência e a prática de atos decisivos pelo réu são inequívocas”, afirmou ela na sentença publicada no dia 24.Franciely cita o depoimento da vítima, de que só veio para Goiânia após muita insistência de Josemar, que, para atraí-lo, organizou toda a logística, indo além do papel de intermediador. Também chamou a atenção da magistrada o fato de o trio que praticou o sequestro-relâmpago saber que a vítima negociava criptomoedas e também dados pessoais dela para abrir uma conta fraudulenta um dia antes da abordagem. Ela destacou o fato de Josemar não tentou contato com a vítima após ela ter sido liberada pelos suspeitos e ter trocado de celular sem motivo aparente antes de viajar.O crime pelo qual Josemar foi condenado se enquadra como extorsão com dois agravantes: ter sido cometido por mais de duas ou mais pessoas e por ter envolvido restrição de liberdade. Não foi configurado como extorsão mediante sequestro, cuja pena seria mais grave. O jornal não conseguiu contato com a defesa do ex-assessor, que foi exonerado logo após ter se tornado suspeito.