Há cerca de dez anos o professor Nelson Roberto Antoniosi Filho, do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás (PPGQ/IQ/UFG), desafiou uma aluna egípcia de pós-doutorado a trabalhar com cera de ouvido em substituição ao plasma, o qual era o objetivo inicial dela. Apesar do estranhamento, ela aceitou a “provocação”, dando início a um estudo instigante que resultou na técnica chamada de cerumenograma, capaz de identificar doenças como diabetes e cânceres em estágios preliminares. Com a pesquisa consolidada, o esforço agora é pela introdução do exame no Sistema Único de Saúde (SUS) e em instituições públicas de pesquisas. Nelson Roberto Antoniosi Filho, docente do IQ/UFG desde 1996, é um pesquisador entusiasmado, adepto da ciência disruptiva. “É aquela que rompe fronteiras do conhecimento, que gera novos capítulos, novos livros, novas maneiras de compreender o mundo”, explica. Quando ele sugeriu a Engy Shokry – que o havia procurado pelos estudos consolidados com plasma – a pesquisa da cera de ouvido como matriz biológica, a aluna egípcia quase desligou a conexão via Skype, acreditando que estava diante de um maluco. “Sugeri que ela usasse a cera de ouvido para identificar casos de diabetes por ser uma doença comum, com maiores chances de encontrar voluntários.”