Uma série de desarranjos enfrentados pela gestão da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) afetou o serviço de coleta de lixo na última semana. A sucessão de problemas iniciada pela falta de pagamentos de uma empresa terceirizada acabou com a falta de combustível para os caminhões. Em alguns pontos da cidade ainda é possível verificar o acúmulo de lixo.Conforme apurado pelo POPULAR, o serviço foi impactado após a Comurg reduzir a compra de combustível. Normalmente são adquiridos de 25 mil a 30 mil litros diários, que desde a última quarta-feira (17) foram reduzidos para 15 mil. A diminuição se deu porque a empresa Ita Frotas, que fornece veículos e motoristas, havia suspendido, no início do mês, os serviços devido ao atraso de pagamentos.Como resposta à frota menor, a opção foi pela redução também do combustível. Um acordo foi firmado com a Ita na mesma quarta, mas os problemas pela escassez de combustível só foi contornado no fim de semana. Um motorista de caminhão de coleta de lixo ouvido pela reportagem diz que algumas rotas só foram normalizadas no domingo (21). Em alguns locais, no entanto, o serviço ainda não conseguiu atender toda a demanda acumulada.Leia também:- Prefeito de Goiânia nega que bairros tenham ficado 15 dias sem coleta de lixo- Setores Bueno e Jaó, em Goiânia, ficam sem coleta seletiva- 15 bairros estão sem asfalto em GoiâniaÉ o caso de um condomínio da Avenida Rio Negro, no Parque Amazônia. Na porta do local havia uma pilha de lixo na tarde desta terça-feira (23). O comerciante Lindomar Pereira, que tem uma negócio no bairro, diz que foram quatro dias sem a coleta. “Deixei o lixo em um dia, no outro seguia lá. No terceiro dia isso aqui estava feio”, conta Pereira, que viu a coleta sendo feita na noite de segunda-feira (22).Em nota, a Comurg diz que todos os serviços prestados voltaram à normalidade. A reportagem esteve na porta da Companhia na tarde desta terça. Apesar de os motoristas dos caminhões prensas confirmarem que as rotas foram normalizadas, serviços como o deslocamento de equipes de limpeza, que é feito por vans, ainda não haviam sido retomados integralmente.AtrasoEm nota, a Ita Frotas diz que havia suspendido os serviços após o atraso acumulado dos pagamentos desde março deste ano. A empresa não atua com o serviço de caminhões prensas. O fornecimento é concentrado em serviços de coleta seletiva, coleta de entulhos, galhos e poda de árvores, além de transporte de terra para o Aterro Sanitário, irrigação de jardins e transporte de servidores.Segundo a Ita, após o atraso superar 90 dias, tornou-se inviável seguir prestando o serviço. “O que foi comunicado à Companhia previamente por meio de ofícios e reuniões presenciais”, explica a empresa, que informa na sequência que um acordo foi firmado após a Comurg se comprometer em realizar parte do pagamento devido.A empresa diz que mesmo após a retomada alguns veículos do contrato não puderam realizar as viagens por falta de combustível, que é de responsabilidade da Comurg. “Embora os motoristas e veículos estivessem disponíveis, uma vez que as atividades já estavam normalizadas”, acrescenta a Ita.Comurg pede que seja avisada de falhasNa semana passada o POPULAR mostrou que moradores de setores como o Jaó e parte do Bueno estavam enfrentando problemas com a coleta seletiva. No Jaó, sem um caminhão específico por duas semanas, moradores acumulavam sacolas com material reciclável dentro de casa.Questionada, a Comurg não explicou, na ocasião, porque os locais ficaram sem o atendimento, mas informou que iria providenciar o serviço. A Companhia diz que as possíveis falhas, quando são comunicadas, são corrigidas de imediato. “Para tanto, pedimos sempre que a população faça solicitações pelos nossos canais de comunicação, que enviaremos uma equipe ao local para fazer o serviço”, informa. PrefeitoDurante o programa Jackson Abrão Entrevista de segunda-feira (22), o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) comentou sobre os problemas e culpou a burocracia para regularizar questões de contratos com a empresa responsável pelo serviço. “Fizemos um novo contrato que hoje está recebendo ajustes para que possamos trabalhar na conformidade, manter a Comurg de pé e os serviços prestados a população sem medo de errar”, destacou Cruz.Ainda em entrevista, o prefeito explicou que os ajustes buscam evitar problemas no momento de prestar contas ao Tribunal de Contas do Município (TCM) e com o MP.“Há duas semanas tivemos uma questão de contrato com a empresa. Se a gente não fizer uso da burocracia hoje, que está dentro das leis e da Constituição Federal, amanhã a gente responde no Tribunal de Contas do Município (TCM) e no Ministério Público. Para evitar isso, preferimos fazer ajustes no momento da nota fiscal e da apresentação dos serviços prestados”, disse.