A família de Suzy Nogueira Cavalcante, jovem de 21 anos estuprada por um técnico em enfermagem enquanto estava internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Goiânia, só foi informada a respeito do abuso momentos antes do enterro dela, no dia 27 de maio, no Cemitério Jardim das Palmeiras. O velório teve que ser interrompido para que o corpo fosse levado ao Instituto Médico Legal (IML) e ser submetido a novo exame que comprovasse o crime. As informações foram confirmadas por Darlan Alves Ferreira, advogado e amigo da família de Suzy.De acordo com Darlan, o hospital onde Suzy foi internada e onde foi a óbito nunca chegou a notificar a família sobre os abusos, ainda que a própria jovem tivesse avisado a equipe do hospital, que por sua vez registrou uma ocorrência na Polícia Civil. “Não falaram nada. Quando tinha visita, tratavam como se fosse um paciente qualquer. Não deram notícia nenhuma”, diz o advogado. Suzy morreu vítima de enfarte em 26 de maio, dez dias depois de ser internada.Darlan conta que Suzy não sofria de problemas graves de saúde. No máximo, tinha algumas “tonteiras”, que não chegavam evoluir para convulsões. No dia 16, porém, após Suzy ser deixada na faculdade, o pai dela recebeu uma ligação pedindo que voltasse ao local.“Disseram que ela estava passando mal. Quando ele chegou, já tinha uma ambulância lá”, conta. “Ela foi levada ao hospital mais próximo e no dia seguinte aconteceu esse fato”, completou.Foi a própria Suzy quem comunicou o abuso a uma enfermeira, que por sua vez comunicou o fato à diretoria. “A direção viu as imagens, chamou o rapaz e comunicou a delegacia. Mas o pai nunca soube de nada”, indigna-se Darlan.Após o abuso, diz o advogado, Suzy foi entubada, novamente sem que a família fosse informada. “Quando o pai ia visita-la, ela chorava. Escorriam lágrimas e ela tinha essa expressão de que queria contar algo, mas não podia”, afirma.Suzy morreu ainda internada na UTI, após sofrer um enfarte. O corpo foi levado pela família ao IML para os exames de causa mortis. E foi levado mais uma vez para o local após a família ficar sabendo por terceiros sobre os abusos, durante o velório. O enterro só aconteceu à noite, após ser periciado e levado de volta ao cemitério.“Intriga o hospital não informar o fato, nem que já tinha comunicado a família”, diz Darlan. “Queremos saber porquê o pai não foi chamado, porquê ele não foi comunicado.”O advogado conta que Suzy era filha única e era tratada com muito amor pelos pais. “Eles estão sem condições de nada. É triste conversar com eles. O pai acha que a culpa é dele, que ele poderia ter feito alguma coisa”, conta. Devido ao estado emocional, a família ainda não definiu que medidas legais deve tomar com relação ao caso. “Primeiro queremos a confirmação sobre a causa da morte, depois vamos definir o que fazer”, ressalta Darlan.