A família de um adolescente autista denunciou que o filho foi impedido de embarcar em um avião por não usar máscara de proteção contra a Covid-19. O caso aconteceu mesmo com a dispensa de uso obrigatório da máscara para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) prevista pela lei federal 14.019 de 2020.O caso aconteceu na noite da última quarta-feira (28), no voo das 18h15. O pai do menino de 15 anos chamado Matthew De Bessa contou que a família havia passado o natal em Goiânia com parentes e, na ocasião em que foi retirada do avião, estava voltando para os Estados Unidos, local onde a família mora. No dia, eles perderam o voo da conexão que fariam no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo."Meu filho foi expulso do avião por ser autista. Tentamos colocar uma máscara nele, mas ele puxa, rasga, tem muita dificuldade em colocar a máscara", lamentou o pai do adolescente, José Filho.O pai do garoto contou que sua família ficou extremamente abalada com a situação e que os passageiros do avião se mostraram indignados e até tentaram ajudar. “Algumas pessoas tentaram nos ajudar, mas mesmo assim o comandante se mostrou decidido em nos tirar do avião”, completou. Leia também: - Lei que tira professores de apoio das salas de aula em Goiás é questionada por pais e educadores- Justiça aceita acordo, e influenciadora que zombou de vaga para autista terá de pagar R$ 10 mil- Lei que obriga planos de saúde a cobrirem tratamentos fora do rol da ANS é sancionadaImpedidos de viajar"O comandante me chamou e disse que dentro do avião era autoridade. Ele desqualificou os documentos que nós apresentamos e que poderia dar voz de prisão", disse José.A situação em que José e a família foram impedidos de voar aconteceu após o despache das malas e o embarque na aeronave, quando eles já se encontravam sentados dentro da aeronave esperando apenas pela decolagem. Os familiares do adolescente denunciaram que foram tratados com desrespeito e que, mesmo com a apresentação de um documento virtual que comprovasse o autismo, eles acabaram sendo retirados do voo.De acordo com o empresário, tudo começou quando uma das aeromoças pediu que os passageiros colocassem as máscaras de proteção. Nesse momento, os familiares do menino explicaram que ele é autista e que o uso poderia causar um distúrbio sensorial e desencadear uma crise no garoto.Contudo, mesmo com os pais do adolescente explicando a situação e apresentando um laudo médico que explicava que o menino é autista, a equipe da companhia aérea insistiu que o menino deveria ter um "crachá de autista", segundo José. Após saírem da aeronave, José e a família denunciaram e registraram o caso na Polícia Federal e na tarde desta quinta-feira (29) registraram o boletim de ocorrência na Polícia Civil. O POPULAR entrou em contato com o delegado responsável por telefone às 16h34 da tarde desta quinta, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. Companhia aéreaEm nota ao POPULAR e ao g1 Goiás, a companhia aérea na qual a família viajaria, a Gol alegou que, na situação, "as documentações apresentadas sobre a condição do Cliente menor de idade não continham laudo que atestasse que ele não poderia usar a máscara durante o voo" e que, diante disso, "a tripulação solicitou o desembarque". Confira a nota na íntegraA GOL informa que em concordância com as novas determinações da Anvisa divulgadas no dia 22/11/2022, voltou a exigir o uso obrigatório de máscaras de proteção contra a Covid-19 a partir de 25/11/2022, em seus voos e nos aeroportos onde mantém operações. Em relação ao caso citado do voo G3 1441, de 28/12/2022, as documentações apresentadas sobre a condição do Cliente menor de idade não continham laudo que atestasse que ele não poderia usar a máscara durante o voo. Diante disso, a tripulação solicitou o desembarque.Os Clientes tiveram seu voo remarcado para esta quinta-feira, dia 29/12/2022, em operação com a mesma numeração do dia anterior. -Imagem (1.2586437)