A partir do próximo dia 16, a Feira da Madrugada vai voltar a ocupar a Praça do Trabalhador, o que não ocorria desde 2019, quando foram iniciadas as obras de revitalização do espaço público. Desde então, o evento, que possui cerca de 500 feirantes, estava sendo montado na Viela da Rua 44, a rua localizada entre a praça e a Rodoviária de Goiânia. Na semana passada, os trabalhadores da Feira da Madrugada se reuniram e fizeram uma montagem como teste na praça, no espaço que deverão ocupar. O local será semelhante ao que se tem hoje, em localização mais próxima da Rodoviária, mas na praça.

A presidente da Associação da Feira da Madrugada, Patrícia Mendes, confirma que já está acertada a ida do evento para a Praça do Trabalhador, em um local que é o desejo dos feirantes. “Da nossa parte está resolvido, fizemos teste na segunda-feira. Estaremos do lado aqui mesmo, dentro da praça”, diz. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) informa que a mudança vai ocorrer no dia 16 em “acordo que foi feito diretamente com os representantes da feira”. A Feira da Madrugada funciona das 4 horas de quarta-feira até às 22h de quinta-feira desde maio deste ano. Até então, o funcionamento era apenas nas quintas, desde a pandemia de Covid-19.

A mudança para a Praça do Trabalhador deve impactar a instalação da Feira Hippie, que tem o interesse de passar a ocorrer também na sexta-feira, além dos sábados e domingos, que já são próprios do evento. Isso porque a desmontagem da Feira da Madrugada na noite de quinta-feira poderia prejudicar a montagem da Feira Hippie para sexta-feira. A Associação da Feira Hippie, inclusive, enviou um ofício para a Sedec no final de maio deste ano pedindo que fosse cumprido um acordo que teria sido firmado na gestão anterior do Paço Municipal sobre a distribuição dos eventos na Praça do Trabalhador.

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Segundo o documento, direcionado ao secretário Diogo Franco, o acordo era que a Feira Hippie ficasse na Praça do Trabalhador enquanto que a Feira da Madrugada passasse a ser montada no espaço que era da praça anteriormente e foi recortado pela passagem da Avenida Leste-Oeste, ficando entre esta via e a Avenida Independência. O local hoje é ocupado, aos finais de semana, irregularmente por parte dos feirantes da Feira Hippie, aqueles que estão na chamada Quadra I. A Sedec já determinou que todos os trabalhadores da Feira Hippie montassem suas barracas dentro da Praça do Trabalhador. Não há interesse da Feira da Madrugada em ocupar o espaço, visto que o local na praça é próximo de onde estão atualmente e de conhecimento dos clientes.

O ofício da Associação da Feira Hippie cita que o acordo tem de ser cumprido para evitar confronto entre os dois eventos. “Com relação às montagens e horários em datas especiais e também horários de final de ano, peço que cumpra o que foi estabelecido em negociações anteriores, não dando espaço para pedidos políticos que não vivem a realidade da Feira Hippie”, relata o ofício, que ainda cita a presença de trabalhadores que atuam nas duas feiras e, assim, a realização de ambas no mesmo local poderia ser um impeditivo. O espaço destinado à Feira da Madrugada corresponde ao que está sendo ocupado pela chamada Quadra R da Feira Hippie.

&nbsp;

Por outro lado, ainda não está definido que a Feira Hippie vai poder funcionar às sextas, já que a legislação municipal permite o funcionamento apenas aos finais de semana. Ocorre que a Prefeitura, em ocasiões específicas, publica decretos permitindo que a feira ocorra com um dia a mais, sobretudo em datas comemorativas, como Dia das Mães e Natal, o que ocorre até por mais de um final de semana. Isso ocorreu, por exemplo, entre 20 de janeiro e 19 de fevereiro deste ano, sob o argumento de impulsionar as vendas em razão do carnaval.

Uma reunião entre o Paço Municipal e a Associação da Feira Hippie deve ocorrer no próximo dia 14, justamente para que seja discutido o funcionamento da feira nas sextas de forma permanente. Presidente da entidade, Waldivino da Silva, reforça que a falta deste dia representa uma queda de até 50% nas vendas do evento e que seria uma solução até mesmo para a sobrevivência da feira. No entanto, ele reforça que haverá problemas caso a Feira da Madrugada funcione no mesmo lugar, reforçando a necessidade de cumprir o acordo que teria sido realizado na gestão anterior do Paço.

Cadastro ainda não foi iniciado

Em julho, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) anunciou que abriria um processo de revalidação da autorização que os feirantes da Feira Hippie possuem junto à Prefeitura de Goiânia. O objetivo era comprovar qual a quantidade de trabalhadores que participam do evento, visto que a Associação da Feira Hippie apresenta uma contagem de 5,7 mil feirantes. A estimativa da Sedec, no entanto, seriam 3,5 mil trabalhadores, sendo 1,1 mil regulares e outros 1,4 mil com protocolos. Na época, a previsão era que o chamamento começasse ainda naquele mês, mas ainda não foi sequer publicado o chamamento no Diário Oficial da União.

Segundo a Sedec, o “cadastro ainda não foi iniciado no aguardo da publicação do chamamento que acontecerá nos próximos dias”. Após isso ocorrer, os feirantes terão 30 dias para atualizar o cadastro junto à Sedec e confirmar que atuam na Feira Hippie. É com base nessa atualização que será definido o modelo de ocupação da Praça do Trabalhador por cada feirante, ou seja, onde cada um será locado, com o fim do sistema de quadras que ocorria até então e ainda prevalece. Válido lembrar que a obra de revitalização da praça ainda não foi finalizada.

Os feirantes ainda trabalham sem utilizar os banheiros e as estruturas de alvenaria. A questão seria ainda a ausência da implantação de subestações de energia na praça. Além disso, a Sedec ainda discute quais as atividades que serão desenvolvidas no local nos dias em que não funcionarão as feiras.

Feira da Madrugada volta para a praça

Cidades

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Urbanismo

A Polícia Civil prendeu preventivamente, nesta terça-feira (16), um empresário de 43 anos suspeito de usar dados de&nbsp;comerciantes da Feira Hippie, para cometer fraudes fiscais.&nbsp;Segundo agentes da&nbsp;Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT), responsáveis pela ação, o homem foi localizado e detido, na casa onde mora, no Residencial Eldorado, na região sudoeste da capital.&nbsp;

O homem, que não teve a identidade revelada, é investigado por crimes de falsidade ideológica e sonegação fiscal. O POPULAR não conseguiu localizar a defesa do suspeito até a última atualização dessa reportagem.&nbsp;

As investigações apontaram que, entre 2014 e 2017, o empresário possuía duas empresas no ramo do comércio de tecidos e emitiu notas fiscais falsas em valores milionários utilizando dados de CPF de comerciantes da Feira Hippie. O objetivo era ocultar os verdadeiros destinatários das mercadorias.&nbsp;

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Segundo a PC, diversas vítimas registraram ocorrência, pois só souberam do fato quando o Fisco Estadual os autuou para cobrar as dívidas.&nbsp; &nbsp;

Além de usar os dados dos comerciantes para cometer fraudes fiscais, a PC apurou que as empresas estavam no nome de laranjas. Entre 2015 e 2017, o empresário também deixou de declarar vendas de outras mercadorias e sonegou mais de R$ 1 milhão em impostos, conforme a Polícia Civil. Atualmente, a dívida – com multas – supera os R$ 2 milhões. &nbsp;

O&nbsp;inquérito policial deve ser concluído nos próximos dias. A expectativa é que as vítimas consigam algum auxílio nos processos de cobranças.&nbsp;

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Empresário é preso suspeito de usar dados de comerciantes da Feira Hippie para sonegar R$ 1 milhão em impostos

FRAUDES FISCAIS

Em abril de 1969, um grupo de radicais que integravam o famigerado Comando de Caça aos Comunistas (CCC), uma espécie de milícia que promovia agressões e atentados em várias cidades do Brasil durante os períodos mais sombrios da ditadura militar, saiu pelas ruas de Goiânia. Eles carregavam latas de piche e tinham um alvo definido. Durante a madrugada, eles chegaram a uma das principais praças da capital com a finalidade de destruir uma obra de arte que ela abrigava. A cidade amanheceu com as marcas da intolerância e do arbítrio. O Monumento ao Trabalhador, em frente à antiga Estação Ferroviária de Goiânia, localizado na Praça do Trabalhador, tinha sido danificado de maneira atroz. Era o início do fim daquele espaço, que hoje só pode ser visto em fotos.

Um livro, de autoria do professor Pedro Célio Alves Borges, da UFG, resgata essa história. A obra, chamada 1969-2018: Um Crime Contra a Cultura e a Memória, que será lançada em 5 de abril na sede da Associação dos Docentes da UFG (Adufg), na Vila Nova, é o resultado de uma luta que já dura anos e busca denunciar como uma obra de arte de tamanha importância foi apagada da paisagem de Goiânia. “Nós temos denunciado isso há 20 anos”, recorda Pedro Célio. Ele foi uma das pessoas que incentivaram, em 2003, que a gestão do então prefeito Pedro Wilson formasse um grupo de trabalho para analisar o caso da destruição do monumento e sua eventual recuperação. “Infelizmente, aquele trabalho foi engavetado e de lá para cá a destruição se completou”, lamenta o professor.

Os ataques ao Monumento ao Trabalhador começaram naquela noite infame de 1969, quando as pastilhas em vidrotil de dois grandes painéis foram atacadas. A obra, de autoria do muralista Clóvis Graciano, expoente dessa técnica no Brasil no século 20, era composta por duas imensas cenas, cada uma medindo 13,6 metros de comprimento por 1,50 de altura, suspensas em cavaletes de concreto, projetados pelo arquiteto Elder Rocha Lima, um dos nomes mais respeitados da área em Goiás e autor de diversos projetos de destaque, como a antiga sede da Assembleia Legislativa de Goiás. O monumento também tinha espelhos d’água e ficava no ponto onde a Av. Goiás terminava, interagindo, em termos paisagísticos, com o prédio da antiga Estação Ferroviária.

Inaugurado em 1959, o monumento, por suas proporções e arrojo nas linhas, era uma das referências arquitetônicas da cidade naquele momento, transformando-se num cartão-postal da capital. Os painéis de Clóvis Graciano descreviam a luta dos trabalhadores. Um deles reproduzia a terrível cena dos operários enforcados em Chicago, EUA, em 1º de maio de 1886, episódio trágico que deu origem ao Dia do Trabalhador. O outro, intitulado Luta dos Trabalhadores, era um libelo em prol dos oprimidos, que tinha como símbolo um sol da liberdade que nascia para dar esperança àqueles que eram explorados. Claro que todo esse conjunto era uma afronta para o regime militar instalado em 1964. Quando o monumento foi atacado pela primeira vez, o País e Goiânia estavam sob tensão máxima.

O Ato Institucional Nº 5 (AI-5) havia sido decretado apenas quatro meses antes e em outubro daquele ano de 1969, o então prefeito da cidade, o ex-governador Iris Rezende, teve seu mandato cassado. O livro de Pedro Célio informa que na ocasião do ataque, Iris e sua então secretária municipal de Cultura, a artista plástica Maria Guilhermina, não conseguiram agir no sentido de restaurar as pastilhas cobertas de piche, já que o cenário político não era favorável para tal ação, ainda que diversas entidades que representavam trabalhadores, como sindicatos e associações, tenham feito pedidos formais nesse sentido. A situação ficou assim até 1973, quando o então prefeito Manoel dos Reis ordenou a raspagem de todas as pastilhas danificadas, o que significou a perda total da obra de Clóvis Graciano.

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As estruturas de concreto que sustentavam os murais ainda se mantiveram de pé até meados dos anos 1980, quando foram paulatinamente demolidas nas gestões dos ex-prefeitos Daniel Antônio e Joaquim Roriz, que ocupou o cargo após uma intervenção estadual na Prefeitura de Goiânia. Isso aconteceu na época em que era construído o novo Terminal Rodoviário da capital. O livro traz um depoimento do engenheiro Júlio César Costa, que na época coordenou um grupo técnico que ficou responsável por obras na Praça do Trabalhador naquele período. Ele sustenta que, nos primeiros meses de 1987, as colunas permaneciam em seu lugar. Porém, o projeto de extensão da Avenida Goiás, que incluiria uma passagem subterrânea pela Praça do Trabalhador, selou o destino do monumento.

Como todos sabemos, o tal túnel nunca foi de fato construído, mas o que restava do Monumento ao Trabalhador foi para o chão mesmo assim. Em 2003, o jornal O POPULAR fez uma ampla reportagem relatando o projeto de recuperar, ainda que parcialmente, o monumento. Foi o momento em que o grupo de trabalho da Prefeitura com essa finalidade foi criado, então coordenado pelo professor Marcantônio Dela Côrte, que tem uma história pessoal com a obra. Na noite em que as pastilhas foram cobertas de piche, Marcantônio e outros dois amigos passaram pelo local pouco antes do ataque, a caminho de uma reunião secreta de militantes do Partido Comunista do Brasil (PC do B), no Setor Norte Ferroviário. Por muito pouco, não presenciaram a cena, que também representaria riscos para eles.

O grupo da Prefeitura, formado por profissionais de diversas áreas, fez uma pesquisa histórica e iconográfica sobre o monumento, resgatando suas origens, características e a cronologia de sua destruição. Há muitas imagens da obra desde a sua construção, no final dos anos 1950, feitas pelo fotógrafo pioneiro Hélio de Oliveira, e no decorrer das décadas seguintes, com a estrutura se projetando em todas elas. A reportagem do POPULAR de dezembro de 2003 informava que o poder público municipal estava disposto a apoiar a reconstrução da obra, mas já naquele momento havia entraves para sua concretização. Verbas para o projeto nunca foram alocadas e mesmo algumas pessoas diretamente envolvidas no debate sobre resgatar o monumento se mostravam reticentes.

Na ocasião, o arquiteto Elder Rocha Lima, ouvido pela reportagem, se posicionou contrário à ideia. “Não concordo com essa reconstrução, não aceito o convite para participar dela e não autorizo, de forma nenhuma, a reprodução do meu projeto arquitetônico”, afirmou. “Se eles quiserem fazer um outro monumento que lembre o primeiro, aí sim eu apoiarei e até me envolverei no projeto”, explicou. No livro de Pedro Célio, é informado que Elder voltou a ser consultado a respeito em 2016 e se prontificou, a convite do também artista plástico Amaury Menezes, integrante de um movimento que tenta resgatar a estrutura, a participar de reuniões e visitas para debater a questão. Desde a iniciativa de 2003, porém, o que restava do monumento foi definitivamente soterrado.

Havia no espaço de sua construção rastros da existência da obra. Alicerces das colunas, cacos de azulejos dos antigos espelhos d’água e mesmo a planta original da obra ainda ficaram visíveis ali por muitos anos. O movimento pelo resgate do monumento voltou a ganhar certa força entre 2015 e 2018, quando Pedro Célio começou a elaborar o livro que lança agora. Algumas escavações foram realizadas durante uma intervenção na Praça do Trabalhador, revelando vestígios da obra destruída. “Eram ruínas, algo historicamente muito valioso”, ressalta Pedro Célio. Um relatório feito pela construtora responsável pelo levantamento da área sublinhava a importância do material encontrado. Ainda assim, esses sinais foram concretados em 2018. “Estão lá embaixo”, aponta Pedro Célio.

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Vista aérea da Praça do Trabalhador, com o monumento em frente à Estação Ferroviária, em abril de 1983(Walter Soares)

 
Décadas de espera

A área da Praça do Trabalhador foi tombada como Patrimônio Cultural em nível estadual em 18 de outubro de 1982, época em que os painéis de Clóvis Graciano já haviam sido destruídos, mas as colunas de 12 metros altura que os sustentavam ainda estavam de pé, assim como os espelhos d‘água em suas bases. O Monumento ao Trabalhador, em sua parte arquitetônica, portanto, estava presente. Mas quando o conjunto art dèco de Goiânia foi considerado Patrimônio Artístico e Cultural nacional pelo Iphan, em 2003, a obra já havia sido demolida. O prédio da antiga Estação Ferroviária de Goiânia foi um dos 22 bens imóveis protegidos e o monumento ficava bem em frente dela. Há registros, até, da antiga locomotiva Maria Fumaça em interação com as colunas projetadas por Elder Rocha Lima. 
 
Esse fato criou resistências a uma ideia de reconstrução. Reerguer um monumento no espaço onde um patrimônio arquitetônico foi tombado quando ele já não existia não poderia ser considerada uma intervenção imprópria? Em 2003, o Iphan adotou uma postura de cautela diante da ideia. Na época, o órgão federal se pronunciou dizendo que iria aguardar o relatório técnico da comissão formada para debater o resgate do monumento. Esse estudo atestou que não haveria dano ao patrimônio tombado, mas, como revela o livro do professor Pedro Célio, no decorrer dos anos, o Iphan não deu prioridade ao projeto, não respondendo a pedidos de audiência para debater o tema. A mesma queixa é endereçada às administrações municipais de Goiânia nesse período. 
 
O relatório Monumento ao Trabalhador: Estudos para Reconstrução tratava sobre essas dúvidas, defendendo a reconstrução, uma vez que no tombamento em âmbito estadual, o conjunto da Estação Ferroviária incluiria seu entorno. Os defensores do resgate da obra também argumentaram que a Estação Ferroviária é uma construção de art dèco tardio e que o Monumento ao Trabalhador marca uma transição entre um estilo e outro, o moderno, não sendo, assim, um problema, mas um registro importante daquele momento de mudança. Esse debate acabou congelado. Nos últimos meses, o Iphan em Goiás foi dirigido por Pedro Wilson, o prefeito que formou o grupo em 2003, mas o Departamento de Cooperação e Fomento do órgão não aprovou o auxílio para publicar o livro de Pedro Célio. 
 
Outra questão trazida no documento é a Lei Orgânica de Goiânia, promulgada em 1990, que traz, em seu Artigo 10º, que contempla as Disposições Transitórias, uma referência ao Monumento ao Trabalhador. Diz o texto da lei: “O Poder Executivo fica autorizado a adotar todos os procedimentos necessários à reconstrução do Painel/Monumento da Praça dos Trabalhadores, do antigo coreto da Praça Joaquim Lúcio, em Campinas, e do prédio do ‘Castelinho’, no Lago das Rosas”. A questão é que a legislação prevê uma autorização, não uma obrigação para que o poder público reconstrua o monumento. No Artigo 7º desta mesma lei, por exemplo, explicita que o Executivo Municipal teria o prazo de até um ano para, obrigatoriamente, recuperar o Castelinho, tratamento que não é dado ao monumento. 
 
Essa incoerência entre um artigo e outro da lei deu margem para que a Prefeitura de Goiânia optasse ou não em reerguer a obra. Arquitetos envolvidos na análise daquele relatório elaborado em 2003 também debatiam sobre a pertinência da reconstrução de uma obra que não tenha ao menos 70% de sua estrutura ainda em pé. O relatório lembrava que a reconstrução de uma obra dessa natureza era prevista em um documento do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), a Carta de Burra, de 1980, mas essa orientação pontua, por outro lado, que tal resgate não deveria “significar a construção da maior parte da substância de um bem”. O relatório, porém, cita determinações anteriores que abriam espaço a tais reconstruções, como as Cartas de Lisboa, Nairobi e Washington.

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Pilastras que restavam do Monumento ao Trabalhador na década de 1980 (Walter Soares)

 
Vidas interligadas pelo monumento

Dois personagens, com trajetórias muito distintas, são imprescindíveis na história da criação do Monumento ao Trabalhador. O primeiro deles é seu idealizador, Pedro Ribeiro dos Santos. Natural de São Raimundo Nonato, Piauí, ele chegou a Goiânia em 1943, quando a cidade tinha apenas 10 anos de fundada. Alfaiate de ofício, ele logo se estabeleceu na nova capital e criou aqui o Sindicato dos Oficiais Alfaiates, Costureiros e Trabalhadores da Indústria de Roupas no Estado de Goiás, criado em 1948, na Rua 6, Centro. Nos anos seguintes, ele se tornou um fundador de sindicatos, abrindo entidades com operários da construção civil em Anápolis, Ipameri e Jataí. Ele também foi o primeiro presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria do Estado de Goiás. 
 
Pedro Ribeiro levou a ideia de criar o monumento ao governador Juca Ludovico – mas quem o inaugurou foi seu sucessor, José Feliciano Ferreira – e ao prefeito de Goiânia, Jaime Câmara, que deram sinal verde para a construção da obra. Aí entra nosso outro personagem, o artista plástico Clóvis Graciano. Nascido em Araras, no interior paulista, ele foi um dos principais gravuristas, ilustradores, desenhistas e muralistas de seu tempo. Amigo próximo de Cândido Portinari, estudou na Escola de Belas Artes de São Paulo e foi premiado no Salão Nacional de Belas Artes. Em sua trajetória, realizou painéis de grande porte que ainda hoje embelezam pontos da capital paulista, como o Alabarda, na Av. Paulista. Ele foi o autor das imagens em pastilhas do monumento demolido em Goiânia. 
 
A saga do apagamento da memória 
 
1958 – Aprovação e início da construção do Monumento, sob a gestão do governador José Juca Ludovico e do então prefeito de Goiânia, Jaime Câmara. 
 
1959 – Inauguração do monumento, já na administração de José Feliciano Ferreira. 
 
1969 – Atentado contra o monumento, com dano às pastilhas italianas dos dois painéis do artista plástico Clóvis Graciano. 
 
1973 – Raspagem das pastilhas, com perda definitiva dos dois grandes murais. 
 
1986/1987 – Demolição das colunas de concreto que sustentavam os painéis, projetadas por Elder Rocha Lima. 
 
2018 – Descoberta de ruínas do monumento durante uma obra, mas posterior concretagem do espaço na Praça do Trabalhador.

Livro recupera história do Monumento ao Trabalhador em Goiânia

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Memória

Um decreto da prefeitura de Goiânia autoriza o funcionamento da Feira Hippie toda sexta-feira de forma definitiva. Segundo o documento assinado pelo prefeito Rogério Cruz, os feirantes podem montar as bancas depois de meia-noite, e funcionar até as 15h de domingo.&nbsp;

O documento foi publicado no Diário Oficial do Município na terça-feira (2). Com ele, fica garantida a mudança até o final de janeiro.&nbsp;A partir do dia 30, a alteração vai fazer parte da lei complementar que incorpora o Código de Posturas, e que deve garantir a mudança de forma definitiva.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/feirantes-recusam-sorteio-de-localizac-o-de-bancas-na-feira-hippie-1.3065945" target="_blank">Feirantes recusam sorteio de localização de bancas na Feira Hippie</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/prefeitura-cancela-sorteio-para-permissionarios-ja-atuantes-na-feira-hippie-em-goiania-1.3067402" target="_blank">Prefeitura cancela sorteio para permissionários já atuantes na Feira Hippie em Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/taxa-para-uso-de-banheiro-gera-criticas-a-associac-o-de-feirantes-da-hippie-em-goiania-1.3072172" target="_blank">Taxa para uso de banheiro gera críticas à associação de feirantes da Hippie em Goiânia</a></div>

Os comerciantes da Feira Hippie já estavam recebendo autorização para funcionar na sexta-feira, desde 2022, no período pós-pandemia em datas comemorativas de grande fluxo no comércio.

O secretário de Desenvolvimento e Economia Criativa, Geverson Abel, disse que a Feira Hippie se tornou referência cultural e comercial de Goiânia. Segundo ele, a mudança que permite o funcionamento do local na sexta-feira tem o objetivo de fomentar a economia da capital e a geração de renda.

<h3>Retomada para os feirantes</h3>

Desde 1995 a Feira Hippie funciona na Praça do Trabalhador, e atualmente tem mais de 4,5 mil expositores atuantes, de acordo com a associação dos feirantes. Já a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec), contabiliza que esse número ire em torno de 3,5 mil.

Waldivino da Silva, presidente da Associação da Feira Hippie, disse que os ônibus que trazem clientes dos interiores para a capital, para comprar maiores quantidades de mercadoria em atacado, vão embora na sexta-feira por volta das 15h. Com isso os feirantes que antes tinham autorização para montar as bancas só no sábado e domingo acabavam perdendo esses clientes. Segundo ele, sem essa decisão a feira corria risco de aos poucos acabar, mas agora pode voltar a disputar com o comércio da 44.

"O prefeito entendeu a necessidade, o feirante está feliz com essa decisão que o prefeito tomou em prol da sexta-feira. Sofremos muito e agora é um momento festivo. É uma necessidade, hoje a gente pode ter o cliente do interior de volta que vai embora na sexta-feira as 15h", disse Waldivino.

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Prefeitura autoriza Feira Hippie funcionar às sextas em Goiânia

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UM DIA A MAIS

Ele é a voz do hino não oficial de Goiânia. Ao cantar que não deu para segurar a barra, então, ele voltou, o goiano Leonardo, de 60 anos, passou a ser automaticamente associado a sua amada cidade. Não por acaso o sertanejo é o convidado de honra da programação da festa que desde o início de outubro celebra os 90 anos da capital. O show, com entrada gratuita, será nesta terça-feira (24), exatamente no dia do aniversário, a partir das 21 horas, em uma estrutura montada na Estação Ferroviária, na Praça do Trabalhador, Centro.

“Alô, alô, querida Goiânia, estou aqui para convidar vocês para um grande show ao vivo e a cores, meu filho. Tenho certeza que a nossa cidade merece uma festa especial para celebrar os 90 anos desta bela capital. I love you, Goiânia”, postou ele nas redes sociais. “Leandro e eu devemos muito para essa terra maravilhosa e para o seu povo espetacular. Essa cidade linda, que eu amo muito, é a minha alegria, meu aconchego. Espero todo mundo para cantarmos juntos e celebrarmos essa data”, completou Leonardo ao POPULAR.

Ao lado do irmão Leandro, na década de 1990, o cantor fez história no sertanejo, tendo muitas de suas canções transformadas em hits de sucesso. Entre Tapas e Beijos, Não Aprendi Dizer Adeus, Pense em Mim e Eu Juro são apenas algumas delas que devem fazer parte do repertório do show gratuito. Provavelmente, um dos momentos mais especiais da apresentação será quando ele cantar talvez a maior declaração de amor que a dupla fez para a cidade quando lançaram Rumo a Goiânia, em 1997, no disco Leandro e Leonardo Vol. 11.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/orquestra-sinfonica-de-goiania-se-apresenta-nesta-terca-feira-24-de-outubro-1.3076766" target="_blank">Orquestra Sinfônica de Goiânia se apresenta nesta terça-feira, 24 de outubro</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/roupa-nova-celebra-40-anos-com-show-em-goiania-1.3076084" target="_blank">Roupa Nova celebra 40 anos com show em Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/jota-quest-anuncia-turne-de-25-anos-com-show-em-goiania-1.3076367" target="_blank">Jota Quest anuncia turnê de 25 anos com show em Goiânia</a></div>

“Uberaba e Uberlândia já deixei pra trás/ Em Itumbiara, entrando em Goiás/ Quase que eu decolo feito um avião/ Ei, Goiânia/ Não deu pra segurar a barra, então eu voltei/ Ei, Goiânia/ Avisa aqueles olhos lindos que eu já cheguei” são versos cantarolados sempre que um goianiense está voltando para casa. Outros artistas também regravaram a canção para falar do amor que sentem pela capital, caso de Gusttavo Lima, que mora na cidade e regravou a composição com participação de Leonardo na estreia do projeto Buteco do Gusttavo Lima em 2015.

Goiânia é especial para Leonardo porque foi aqui que a dupla, formada em 1983, fez sucesso e se popularizou nacionalmente. Nascidos em Goianápolis, ele e Leandro trabalhavam em uma pequena plantação de tomates para ajudar os pais, até que eles se mudaram para a capital. O primeiro disco foi gravado em São Paulo com o dinheiro que ganharam num concurso local. Na trajetória foram 13 trabalhos lançados, mais de 35 milhões de cópias vendidas, diversos prêmios e vários sucessos eternizados, sendo Pense em Mim o maior de todos.

E Leonardo é importante para Goiânia. A dupla foi responsável por revigorar um gênero que era depreciado por críticos no final dos anos 1980, mas adorado pelo grande público. Eles inauguraram um novo patamar no estilo, diferente do caipira de Tonico e Tinoco e Tião Carreiro e Pardinho e do urbano de Milionário e José Rico e Chitãozinho e Xororó. Com uma roupagem mais romântica, falando das dores de amor, eles inseriram elementos além da viola e do violão, caso do teclado e bateria, e contribuíram para que a cidade hoje fosse reconhecida como capital da música sertaneja.

O show de Leonardo é o ápice das comemorações, que já recebeu nomes como Amado Batista, as duplas Gian e Giovani e Rionegro e Solimões e os roqueiros do Ira! e que se estende até 31 de outubro em vários cantos da cidade. Para receber o público nesta terça-feira numa apresentação de duas horas, foi montada uma estrutura com 100 banheiros químicos e a segurança será feita com 300 agentes, entre Polícia Militar, polícia civil e guarda municipal. A expectativa é receber 35 mil pessoas para cantar os grandes hits do artista.

A festa começa mais cedo, às 8 horas, na Avenida 24 de Outubro, no Setor Campinas, onde será realizado o tradicional desfile cívico-militar, que volta ao calendário de eventos depois de não ter sido realizado em 2022. A solenidade tem hasteamento das bandeiras do Brasil, de Goiás e de Goiânia, com a execução do Hino Nacional e vários desfiles. A partir das 18 horas, o endereço da festa é a Praça do Trabalhador. O local será o ponto de encontro de DJs e músicos regionais que vão participar do Palco Aberto Canta Goiânia.

Serviço 
Show: Leonardo 
Data: Terça-feira, 24 de outubro 
Horário: a partir das 18 horas 
Local: Estação Ferroviária, Praça do Trabalhador, Centro 
Entrada franca 
Mais informações: www.goiania.go.gov.br 
Realização: Prefeitura de Goiânia

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Quatro décadas

2024 será um ano especial para Leonardo por conta dos 40 anos de carreira. O artista ainda não definiu oficialmente nenhum projeto comemorativo, mas ele estuda gravar um disco com regravações do repertório menos conhecido com Leandro, assim como fez Daniel, em 2023 ao celebrar a trajetória ao lado de João Paulo. “Ainda estou pensando”, disse em entrevista ao POPULAR. Atualmente, ele está com a agenda cheia, com o próprio show, além de trabalhos paralelos, como as turnês dos Amigos (junto com Chitãozinho e Xororó e Zezé Di Camargo e Luciano) e do Cabaré (ao lado de Bruno e Marrone).

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