No primeiro feriado prolongado desde junho, quando as atividades comerciais e de turismo no Estado tinham restrições de funcionamento, os turistas em Goiás fizeram do final de semana do 7 de Setembro uma diversão sem distanciamento social e sem seguir os protocolos sanitários adequados para combater o contágio do coronavírus (Sars-CoV-2). A maior parte das cidades turísticas, como Caldas Novas, Pirenópolis, Aruanã e Três Ranchos, foi palco de aglomerações e pessoas sem o uso de máscaras.A situação preocupou as autoridades sanitárias e deve ser levada ao Centro de Operações de Emergências (COE) em Saúde Pública de Goiás desta semana. Superintendente de Vigilância em Saúde da Secretária de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim afirma que os membros do colegiados já incluíram a situação na pauta justamente pelo o que ocorreu. “Vamos discutir com os especialistas um modelo e como poderá ser feito nos feriados e fins de semana.” Ela descarta, no entanto, que haverá fechamento das atividades econômicas.“É possível manter aberto, mas as pessoas precisam ter consciência. A intenção é ajudar os municípios a lidar com a situação, mas é impossível que uma prefeitura tenha fiscais para todo mundo. O certo é dar exemplo, nem que seja por amostragem, autuar e multar mesmo”, afirma. Em Pirenópolis, por exemplo, houve fila de carros em estrada que leva às cachoeiras e grande número de pessoas aos arredores do Centro, especialmente na Rua do Lazer e na Rua Direita.Já em Caldas Novas, os parques ficaram cheios e houve fila também para entrar em um clube. O secretário de saúde do município, João Ricardo Mendonça, afirma que o problema maior foram os turistas que não seguiam os protocolos, como uso de máscaras e o distanciamento. “Se não tiver responsabilidade não tem como, não adianta culpar poder público ou empresário, o povo é que tem de ter responsabilidade.” Ele afirma que a secretaria vai analisar a curva de contágio de Covid-19 nos próximos dias para verificar se houve aumento de casos após o feriado. “Claro que pode ter influência. E se aumentar foi o povo de fora que trouxe, porque aqui estava controlado e o pessoal daqui não vai para os clubes, só se for trabalhar.”Em Três Ranchos, dois hotéis foram multados pela quantidade de hóspedes e por poluição sonora. Cada um vai ter de pagar à prefeitura R$ 1,5 mil. A Polícia Militar (PM) chegou a ir ao Lago Azul para fiscalizar, mas não foi preciso aplicar qualquer multa nos turistas.As ruas de Aruanã ficaram lotadas de turistas ao ponto do promotor Augusto Henrique Moreno Alves, do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), protocolar ação civil pública (ACP) na Justiça para que a prefeitura apresente um plano de emergência, em 24 horas após a citação, para gerir a situação da contaminação da Covid-19 no município.A administração municipal respondeu, em nota, que a cidade possui um dos menores índices de transmissão do Estado e está com índice de letalidade zero. “Um trabalho sério e a adesão da maior parte da população aos cuidados estão nos colocando até o momento no melhor cenário, mesmo considerando o grande fluxo de moradores sazonais (que possuem segunda residência no município), que são e serão sempre bem-vindos”, informou.Caiado se diz indignado com situação nas cidadesO governador Ronaldo Caiado (DEM) afirmou, por meio de uma rede social, que as aglomerações nas cidades turísticas de Goiás no feriado prolongado de 7 de Setembro (Independência) lhe causa indignação. “Falta de respeito aos protocolos de segurança tomou conta das cidades turísticas de Goiás no feriado. Sei da prerrogativa dada pelo STF aos prefeitos, mas precisamos atuar juntos. Indignado ao ver tanta aglomeração, muitos sem máscara. Atitudes que nos afastam do fim da pandemia”, escreveu, ao citar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que dá autonomia às administrações municipais.O Estado promete conversar com os prefeitos das cidades turísticas goianas para avaliar como fazer nos próximos feriados para evitar as aglomerações e fazer cumprir os protocolos sanitários. Para este final de semana, por outro lado, a GoiásTurismo reabriu parcialmente a esplanada do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON) para a prática de esportes. A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, acredita que as lotações ocorreram em todo o Brasil. “A impressão é de uma demanda reprimida mesmo, com todo mundo querendo sair.”No entanto, ela fala que isso ocorreu como se não houvesse mais pandemia de Covid-19. “É possível sair e se divertir, mas é preciso tomar cuidado, usar a máscara, lavar as mãos, manter o distanciamento. Se vir que está lotado, não vai para a rua, fique na pousada, no hotel.” Flúvia afirma ainda que é difícil fazer uma análise do impacto do feriado na curva de contágio, já que muitos turistas são até de outros Estados. “Um estudo da UFG (Universidade Federal de Goiás) em junho mostrou que o maior impacto é para os turistas, já que são quem menos se cuida. O impacto é menor para a cidade em si”, diz.-Imagem (Image_1.2115502)