O piloto Victor Junqueira, de 24 anos, filmado agredindo a namorada, uma advogada de 26 anos, foi indiciado pela Polícia Civil de Goiás por três crimes: lesão corporal, injúria e ameaça. O caso foi investigado pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Goiânia, que nesta quarta-feira (26) concluiu o inquérito e nesta quinta-feira (27) deve encaminhá-lo ao Poder Judiciário.No último dia 21, o jovem, que é filho do ex-prefeito de Anápolis Eurípedes Junqueira, compareceu à delegacia para prestar depoimento. Acompanhado de um advogado, ele preferiu permanecer em silêncio e manifestar-se apenas em juízo. De acordo com a titular da Deam, delegada Ana Elisa Gomes, Victor permanece em liberdade. “Ele colaborou, não dificultou as investigações e não houve fato novo após a denúncia. Por isso, mesmo que haja uma comoção social em torno do caso, a prisão preventiva não se justifica”, explica ela. A reportagem tentou contatar Victor e sua defesa, mas não conseguiu localizá-los.Na noite do dia 14 deste mês, Victor e a namorada teriam se desentendido. Ele teria iniciado as agressões à vítima, que, em determinado momento, conseguiu iniciar uma filmagem com o celular, que estava escondido. Nas imagens, o rapaz é visto atingindo a jovem com tapas, segurando-a pelo pescoço e dando um murro em sua cabeça.No dia seguinte, a advogada, que é de Anápolis, procurou a Delegacia da Mulher, na capital, cidade onde ocorreu o fato. Naquela data, segundo Ana Elisa Gomes, os procedimentos foram iniciados, incluindo o pedido de aplicação de medidas protetivas de urgência, que foram concedidas por juiz plantonista e determinam que Victor não se aproxime ou entre em contato, por quaisquer meios, com a vítima. “Ela diz que ele é nervoso, destemperado, e que já tinha cometido alguns atos de violência, como tapas e empurrões. Mas nada dessa proporção”, diz a delegada.No último dia 25, as imagens registradas se tornaram públicas, disseminadas pela internet. Em suas redes sociais, ela pediu que a filmagem não seja mais divulgada. De acordo com a titular da Deam, a advogada diz que não foi a responsável pela publicação, que teria ocorrido por meio de terceiros. “A vítima está constrangida com a exposição. Ela está sendo exposta. É como se estivesse sofrendo uma nova violência”, diz Ana Elisa.OABEm nota divulgada nesta quarta-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Goiás repudiou a agressão à advogada. Por meio da Comissão da Mulher Advogada e demais colegas de profissão apoiadores, a entidade manifestou apoio à jovem e “a todas as mulheres que decidem denunciar fatos criminosos como estes” e salientou a importância da denúncia, que considera “o primeiro passo para acabar com a impunidade”.A OAB Goiás disse também que exige “que a apuração e o processo considerem a seriedade desse caso”, como exemplo às ocorrências semelhantes ocorridas no Estado e fora dele.