No Nordeste goiano, as chuvas persistem e mobilizam centenas de pessoas numa rede de solidariedade para ajudar famílias que ficaram isoladas ou que perderam bens e lavouras. A interrupção do tráfego na GO-118, em razão de uma cratera aberta no trecho entre Alto Paraíso e Teresina de Goiás na véspera do Natal tem dificultado o acesso às áreas mais afetadas e continua faltando medicamentos em Cavalcante, onde aumentaram os casos de gripe e de doenças provocadas pela falta de água potável.A Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) mantém equipes trabalhando na erosão da GO-118, entre Alto Paraíso e Teresina de Goiás, que obrigou a interrupção das duas pistas. Neste domingo, pessoas que passaram a virada do ano na região da Chapada dos Veadeiros e voltavam para casa ficaram irritadas com o bloqueio da rodovia. No local somente ambulâncias são autorizadas a trafegar. Prefeito de Teresina, Kleverton Barbosa de Mello (DEM), conhecido como Mano, esteve no local e conversou com engenheiros sobre o andamento dos trabalhos. “O presidente da Goinfra, Pedro Sales, disse que espera liberar para carros pequenos até sexta-feira (7), mas novos carregamentos de pedras estão chegando e a liberação pode ocorrer antes, entre quarta e quinta-feira”, comentou Mano.O prefeito de Teresina de Goiás disse ao POPULAR que no município seis casas caíram em consequência das chuvas que fizeram transbordar os Rios Paranã e Ribeirão, mas nenhuma comunidade ficou isolada. Apesar dos atoleiros, equipes do Corpo de Bombeiros e da defesa civil da cidade conseguiram entregar 250 cestas a moradores da zona rural. Uma situação bem diferente da vivenciada pelas autoridades de Cavalcante que têm enfrentado adversidades desde o Natal.“Passamos a virada do ano trabalhando, atendendo as comunidades que ficaram isoladas”, contou Ricardo Galvão, coordenador da Defesa Civil de Cavalcante. Ele explicou que por causa da enchente do Rio Branco, ficou impossível o acesso às comunidades quilombolas Kalunga. Uma força-tarefa formada por membros da Defesa Civil, voluntários e de agentes comunitários de saúde leva mantimentos, água potável e remédios até a margem e os moradores coletam usando barcos. “Entregamos mais de mil cestas no Vão do Moleque e 419 no Vão de Almas”. Ricardo explica que a dificuldade é que há vários outros pequenos rios que cortam essas comunidades, por isso o isolamento. Todos eles encheram muito. Em outras comunidades, as equipes escolhem um ponto de apoio para deixar a ajuda necessária.Ricardo Galvão elogia o apoio dos voluntários que, segundo ele, têm sido fundamentais nesse momento. “Eles ajudam muito, fazem toda a diferença aqui em Cavalcante. Por causa do excesso de chuvas há muitos atoleiros.”Por enquanto, o acesso às comunidades precisa ser feito por terra porque não há condições de sobrevoo de helicóptero, em razão das condições meteorológicas. Gessélia Batista Dias Fernandes, secretária de Saúde, está solicitando a doação de medicamentos. No município aumentou a procura por atendimento nos postos de saúde por causa de casos de gripe e de doenças provocadas por falta de água potável.Em razão de um canal de umidade que atravessa as regiões Nordeste e Norte de Goiás, meteorologistas preveem que pelo menos até esta terça-feira (4) haverá muita chuva nessas áreas. O Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo) informou que nesta segunda-feira (3) há formação de áreas de instabilidade em todo o estado, com pancadas de chuvas isoladas e volumosas, acompanhadas de rajadas de vento e raios. Os maiores volumes estão previstos para as regiões Norte e Leste, com 30 mm e 40 mm, respectivamente. Posse, no Nordeste goiano, deve receber 25 mm de chuva.Pista liberada em até 45 diasA Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) espera entregar em 45 dias a GO-118 totalmente recuperada. Equipes do órgão também trabalham na estrada vicinal que liga Cavalcante a Colinas do Sul, com o levantamento de greide e cascalhamento, para dar condições de trafegabilidade, mas as chuvas deixam as ações mais lentas. Na GO-241, onde há bloqueio em dois pontos, entre Santa Teresa de Goiás e Formoso e entre Mutunópolis e Estrela do Norte, a expectativa das autoridades é que a recuperação ocorra em 20 dias. Nesta segunda-feira (3) a Goinfra começa a trabalhar em várias outras vias das regiões Norte e Nordeste de Goiás, atendendo municípios das divisas com os estados do Tocantins e da Bahia que foram muito afetados pelas chuvas nesta virada do ano, como Campos Belos, Iaciara, Niquelândia e Monte Alegre de Goiás.