WEBSTORIES: Fumaça encobre Goiânia

Goiás teve ao menos dez incêndios de grandes proporções nesta sexta-feira (22), segundo dados do Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Cerrado (Cempa-Cerrado). Um deles foi em Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia, e contribuiu para a nuvem de fumaça que encobriu Goiânia. No município, três frentes de trabalho do Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás (CBMGO) atuaram para cessar o fogo em ignição em diferentes áreas durante todo o dia. Militares apontaram que a baixa umidade, com grande quantidade de material orgânico seco disponível e vento forte, contribuíram para a expansão da área queimada.

Um dos primeiros focos de incêndio em Nerópolis foi registrado pela corporação por volta das 10 horas e controlado após seis horas de atuação. Iniciado em uma área no distrito de Vila Rica, o fogo circundou uma vila às margens da GO-080 e, por pouco, não atingiu as casas. A cerca de dez quilômetros do Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco, a queimada foi extinta por militares da equipe da unidade de conservação. Conforme o sargento Everton Junqueira, o grupo atua em incêndios que possam ameaçar a área protegida. Entretanto, se observou que não havia risco. “O dano foi mais nas pastagens. Não tivemos casas ou áreas de preservação queimadas, nem notícias de pessoas feridas ou de animais mortos”, comenta.

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Fogo chegou perto de casas do distrito de Vila Rica, perto de Nerópolis ( Fábio Lima / O Popular)

O aposentado Edgeano Leite, de 72 anos, mora há 25 anos na vila e conta que nunca viu um incêndio tão intenso na região. “Nunca vi isso, não conseguia enxergar nem a casa aqui na frente. Alguém colocou fogo aqui do lado e algum cisco foi e passou para o outro lado (da rodovia) e isso aqui virou uma tragédia hoje (sexta-feira) de manhã. Ventou muito e o fogo tomou conta”, relata. Para evitar que chegasse às casas da vila até vir o socorro dos bombeiros, ele tentou controlar o fogo com a ajuda de uma mangueira. Contudo, como o local estava sem energia, não conseguiu utilizar o material que funciona ligado a uma bomba de água. Após ter a tentativa falha, pensou em outra estratégia, utilizando baldes para jogar em uma área às margens da rodovia que queimava.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/focos-de-incendios-por-todo-o-estado-disparam-alerta-maximo-1.3303459" target="_self">Focos de incêndios por todo o Estado disparam alerta máximo</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/fumaca-encobre-bairros-de-goiania-e-preocupa-moradores-1.3303225#google_vignette" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">Fumaça encobre bairros de Goiânia e preocupa moradores</a> 
<a href="https://opopular.com.br/economia/oms-lanca-guia-para-enfrentar-calor-extremo-no-trabalho-1.3303073" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">OMS lança guia para enfrentar calor extremo no trabalho</a></div>

A facilidade com que o fogo se espalhou, contudo, fez o incêndio atingir o canteiro da rodovia e chegar a uma propriedade rural situada do outro lado da GO-080. No local, bombeiros militares de Goiânia que atendiam a ocorrência estimaram quase dois quilômetros quadrados queimados, o equivalente a 200 hectares. Conforme o tenente Wellington Fulgioni, o combate ao fogo no local começou por volta de meio-dia. Contudo, o trabalho seguia até após às 18h30, quando a reportagem deixou a área, ainda com focos ativos. A expectativa era de que, até o fim da tarde, o incêndio já estivesse debelado. “Mas o risco é real (de se alastrar), pois as reignições são recorrentes. Mas vamos monitorar para ter certeza (de que acabou)”, cita.

Com a baixa umidade, altas temperaturas e o vento forte, o trabalho de extinção do fogo se tornava ainda mais difícil. No momento em que O POPULAR chegou ao local onde a frente de trabalho atuava, o fogo atingia uma região de mata, mas já havia assolado uma parte extensa de pasto e plantio de uma propriedade rural. Enquanto isso, os fazendeiros ajudavam com caminhões-pipa. “O relevo, as condições do tempo, a dificuldade de chegar nesses locais e os incêndios acontecendo de forma simultânea dificultam. É preciso conscientizar a população para não colocar fogo. E lembrar que é crime ambiental, e dá cadeia”, reforça o tenente.

Outro grande foco de incêndio também assolou as proximidades do centro de distribuição da Kraft Heinz, situado às margens da GO-222. Condutores que passavam pela rodovia podiam ver grandes áreas queimadas e uma nuvem de fumaça densa e escura, que saía do fogo que ainda resistia nas proximidades. A reportagem não conseguiu chegar o ponto exato onde a queimada ocorria, mas, de longe, observou a grande nuvem de fumaça que, com o vento, era carregada para a capital. No local, atuava outra frente de trabalho dos bombeiros militares, que foi acionada por volta das 13 horas. Por meio do painel de ocorrências em tempo real do CBMGO, ao menos quatro focos seguiam ativos durante a noite. Dentre eles, o situado na GO-080 e na GO-222.

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<h2>Céu cinza</h2>

Os incêndios em Nerópolis fizeram o céu de Goiânia ficar encoberto por uma densa nuvem de fumaça desde o início da tarde desta sexta-feira. Gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim explica que o vento foi o responsável por trazer a fumaça a capital, mas cita que a mesma já deve se dissipar neste sábado (23). “Isso depende da circulação dos ventos. Primeiro, precisa controlar o incêndio. Com ele controlado, vai parar de produzir (fumaça), mas o vento ainda está soprando. A fumaça vem e com ela a fuligem, e agora ela começa a ficar como se fosse decantando, vai caindo na cidade. Mas acho que amanhã já deve estar dispersada”, comenta.

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Coluna de fumaça ao norte era avistada mesmo do outro lado da cidade (Fábio Lima / O Popular)

Ele comenta ainda que foi uma combinação de fatores, mas garante que os incêndios foram causados por ação humana. “Temos muito material combustível à disposição, que é a vegetação seca, junto com umidade baixa, chegando a 15%, temperaturas aqui em Goiânia chegando a 33ºC, e vento jogando para dentro daqui. Tudo o que não queria que acontecesse, está acontecendo ao mesmo tempo. E para piorar, alguém colocou fogo e em decorrência disso, essa fumaça adentra a capital, porque não tem nem chance de um incêndio desse ser natural, até porque as características para pegar fogo naturalmente são muito específicas. E agora nós temos que aguardar aí o vento ir dispersando essa fumaça.”

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<h3>Focos se intensificaram depois do meio-dia</h3>

Diretor-executivo do Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Cerrado (Cempa-Cerrado) e professor do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Manuel Ferreira explica que de 10 a 15 grandes incêndios foram registrados em todo o Estado nesta sexta-feira (22), em um dia tido como atípico para o pesquisador.

Ainda conforme ele, a maior parte dos focos foram iniciados por volta de meio-dia, com uma fumaça significativa sendo captada pelo satélite do Cempa-Cerrado. “Interessante notar que foram vários focos de incêndio neste horário em diante”, comenta. Ele pondera ainda que a baixa umidade, associada a altas temperaturas e o material orgânico seco que fica no solo propicia a propagação do fogo.

A origem dos focos de incêndio é, de forma geral, por ação humana – e criminosa, haja vista que atear fogo nesta época de seca no Estado é proibido por lei. “Elas ocorrem geralmente nas proximidades de rodovia, também tem queimada de lixo e de desmatamento de área nativa. E ainda a prática de queima de pastagem para renovar pasto, por mais que isso esteja diminuindo”, reflete.

Fumaça que encobriu região metropolitana de Goiânia veio de grande incêndio em Nerópolis

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Clima

Por toda a parte, fumaça no céu e cinzas no chão. Foi assim que goianienses e moradores de toda a região metropolitana viveram esta sexta-feira (22), com diversos focos de incêndios na capital e nos municípios vizinhos. A <a href="https://opopular.com.br/economia/oms-lanca-guia-para-enfrentar-calor-extremo-no-trabalho-1.3303073" target="_self">qualidade do ar ficou deteriorada</a>, mas não só em Goiânia e seus arredores: pelo Estado inteiro as chamas tomaram conta da paisagem, trazendo alerta máximo para a população e fazendo com que o Corpo de Bombeiros atendesse 135 chamadas em menos de 24 horas.

A situação foi notada de forma <a href="https://opopular.com.br/cidades/fumaca-que-encobriu-regi-o-metropolitana-de-goiania-veio-de-grande-incendio-em-neropolis-1.3303466" target="_self">mais grave perto de Nerópolis</a>, especialmente nas imediações do distrito de Vila Rica, de onde saiu a maior parte da fumaça que atravessou Goiânia e se estendeu por mais de 100 quilômetros: imagens de satélite do Centro de Estudos, Monitoramento e Previsão Ambientais do Cerrado (Cempa Cerrado) mostraram a nuvem cinza nítida no rumo sudoeste até depois da cidade de Guapó.

Em Goiânia, em setor próximo à Central de Abastecimento de Goiás (Ceasa), na região norte da capital, um incêndio em uma mata acabou por ultrapassar um muro e atingir um estoque de caixas d’água de uma empresa. O fogo no produto inflamável gerou uma fumaça preta que podia ser avistada com destaque em meio à paisagem que já estava acinzentada pela quantidade de incêndios na cidade. Ao todo, houve ocorrências pelo menos dez pontos somente na capital.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/fumaca-que-encobriu-regi-o-metropolitana-de-goiania-veio-de-grande-incendio-em-neropolis-1.3303466" target="_self">Fumaça que encobriu região metropolitana de Goiânia veio de grande incêndio em Nerópolis</a> 
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“Um dia bastante complicado”. Assim o professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás (IF/UFG) Angel Domínguez Chovert, da equipe do Cempa Cerrado, classificou esta sexta-feira (22), em relação à ocorrência de focos de incêndio. “Está tendo bastante incêndio em todo o Estado, os satélites estão detectando muitos pontos de queimada, com muita fumaça”, diz. Doutor em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Angel explica que as atuais condições meteorológicas favorecem a ocorrência de incêndios.

A fumaça produzida, no entanto, deve estar dispersa já neste sábado, diz ele. “O que não quer dizer que haja alívio, porque a situação é de risco iminente de produção de novos focos”, alerta Angel.

Se se pode dizer que houve algo positivo no meio de tanto fogo, o fato de o Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco não ter sido atingido merece destaque. Ele fica bem próximo às propriedades que tiveram áreas queimadas em Nerópolis.

No município de São Domingos, na Região Nordeste de Goiás, um incêndio de grandes proporções não havia sido controlado até o início da noite desta sexta. A queimada consumiu 1.460 hectares de uma área preservada de Cerrado, formando uma extensa linha de fogo. A fumaça chegou até a área urbana e trouxe transtornos à população.

Nas imagens fornecidas em tempo real pelo mapeamento do Cempa Cerrado era possível observar que vários outros grandes focos de incêndio estavam espalhados praticamente por todo o Estado, que sofre com a falta de chuvas. No Norte e no Oeste goiano não chove há mais de cem dias; já na região Centro-Sul e no Sudoeste de Goiás, faz dois meses que não há qualquer precipitação.

O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, explica por que o momento climático é muito preocupante para todo Estado por causa da “combinação explosiva” resultante do que chama de “fator 30/30/30”. A expressão se refere a temperaturas e ventos acima desse número – respectivamente em graus centígrados (ºC) e quilômetros por hora (km/h) – e umidade relativa do ar – em porcentual (%) – abaixo dele.

Segundo o informativo do Cimehgo para este sábado, 157 municípios goianos, em todas as regiões, estão com indicador do risco mais elevado para queimadas. Junta-se a isso outro problema sério: o fogo provocado. “A quantidade de incêndios criminosos está alta”, afirma. Nesta sexta, uma das ocorrências provavelmente propositais e que gerou grande destruição foi no município de Morrinhos, onde, segundo André, foi necessária uma força-tarefa com mais de dez bombeiros, além de brigada rural e outros voluntários para tentar controlá-lo.

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<h2>Aplicativo</h2>

Para combater os incêndios, há agora uma forma pela qual a população pode ajudar bastante: é um aplicativo para celular que serve tanto para sistema Android como para iOS. “Por meio dele, logo ao avistar qualquer foco – de pequeno, médio ou grande porte –, o cidadão pode encaminhar seu aviso, inclusive anexando foto. As coordenadas do local da ocorrência já são encaminhadas automaticamente. Para baixar, basta entrar na loja virtual de aplicativos de seu smartphone e digitar “monitor de incêndios Goiás”.

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Focos de incêndios por todo o Estado disparam alerta máximo

"É adaptar-se ou morrer." O diretor de serviços da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Johan Stander não falava da crise climática, mas de um dos tantos efeitos deletérios que causa no planeta, as condições insalubres de trabalho. Nesta sexta-feira (22), junto com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a entidade lançou um manual para enfrentar o problema.

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O compêndio atualiza uma versão de 1969, quando o aquecimento global talvez fosse apenas uma teoria futurística e altas temperaturas, algo que afetava apenas locais de trabalho localizados nos trópicos. A mudança climática, provocada sobretudo pela queima de combustíveis fósseis, ampliou e distribuiu o problema.

Em julho, quem suava, por exemplo, eram trabalhadores de saúde em países escandinavos, submetidos neste ano a uma onda de calor excepcional. Com os termômetros por dias acima de 30 graus, um hospital de Oslo dava banho gelado em parturientes; a instituição de 180 anos não tem ar condicionado nas alas mais antigas do prédio. Situação ruim para pacientes e também insalubre para quem trabalha.

<cite>Há uma ideia generalizada de que quem sofre com o calor é agricultor, trabalhador da construção civil ou de turismo, atividades em geral externas. Mas a mudança climática atinge a todos, inclusive quem está trabalhando em prédios, muitas vezes inadequados ou não climatizados", lembrou Joaquim Pintado Nunes, chefe de Segurança Ocupacional da Organização Internacional do Trabalho (OIT).</cite>

Estudo da entidade, anterior à elaboração do manual da OMS, estima que 2,4 bilhões de trabalhadores estão submetidos atualmente ao calor excessivo, causando quase 23 milhões de acidentes ocupacionais a cada ano. Não é uma questão de saúde apenas, mas econômica. O trabalho sob condições extremas mina a produtividade em 2% a 3% para cada grau acima de 20°C, indica o novo compêndio em suas conclusões.

O relatório estimula empregadores a investirem na mitigação do problema não é apenas por consciência social ou ambiental. "Para cada dólar usado em adaptação há retorno comprovado do mesmo dólar acrescido de um ou dois centavos", afirmou Andres Flouris, acadêmico grego responsável pela edição do manual.

<cite>Grande parte dos que trabalham expostos ao calor está na economia informal. Por isso é importante também o envolvimento de governantes, para que políticas de proteção sejam estabelecidas também fora dos ambientes regulares de trabalho", ponderou Ivan Ivanov, líder de Saúde Ocupacional da OMS, usando como exemplo a Tanzânia, local de onde falava durante o lançamento do manual.</cite>

Uma das recomendações do guia é justamente focar as populações vulneráveis, com especial atenção aos mais velhos e portadores de doenças crônicas; quem está fora de forma também está mais sujeito ao problema. "O estresse térmico já prejudica a saúde e os meios de subsistência de bilhões de trabalhadores, especialmente nas comunidades mais vulneráveis", afirmou Jeremy Farrar, diretor-geral adjunto da OMS.

A leitura do manual traz muitas informações. A partir de 38 graus o corpo humano começa a entrar em estresse térmico; a temperatura não é a única variável a ser observada, pois umidade, qualidade e circulação do ar também determinam a salubridade do ambiente.

Os principais riscos à saúde relacionados ao calor incluem insolação, desidratação, disfunção renal e distúrbios neurológicos, todos prejudiciais à saúde a longo prazo e à segurança econômica; aproximadamente metade da população mundial sofre consequências adversas das altas temperaturas; é urgente a implementação de planos de ação contra o calor no trabalho, adaptados a cada setor e região, elaborados conjuntamente por empregadores, trabalhadores, sindicatos e especialistas em saúde pública.

"Trabalhar sob calor intenso não é apenas desconfortável. Pode ser também perigoso e, às vezes, fatal", disse Rüdiger Krech, diretor de Ambiente, Saúde Urbana e Clima da OMS.

A OMM lembra que o ano de 2024 foi o mais quente da história e que 2025 já registra seus recordes negativos, como a maior área queimada por incêndios florestais na Europa desde que os registros começaram. Adaptação é um imperativo.

OMS lança guia para enfrentar calor extremo no trabalho

Economia

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Matéria - Economia

SAÚDE

<img attr-cid="policy:1.2296165" attr-version="policy:1.2296165:1676276540" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.2296165/image/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Raso: Rio Meia Ponte, na BR-153, em Goiânia (Wildes Barbosa)

O Rio Meia Ponte atingiu o Nível Crítico 1 após mais de 57 dias sem chuva na Região Metropolitana de Goiânia. De acordo com os dados monitorados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o rio registrou 4.382 litros por segundo (l/s), na quarta-feira (20). Esse valor está bem abaixo do patamar do nível de segurança que é de 5.500 l/s (veja lista desses níveis final desta reportagem).&nbsp;

O monitoramento da Bacia Hidrográfica do Meia Ponte é feito diariamente pela Semad e pelo <a href="https://goias.gov.br/meioambiente/segurancahidrica-2/" target="_blank">site do órgão</a>. O alerta crítico teve início no último dia 15, quando se registrou 5.410 l/s de água do rio,&nbsp; ante 5.835 l/s do dia anterior (14).&nbsp;

Nos dias seguintes, a crise hídrica se repetiu consequentemente. No sábado (16), o nível caiu para 5.199 l/s e, no domingo (17), estava em 4.993 l/s. Na segunda-feira (18), baixou para 4.786. Já a média móvel nos últimos 7 dias, até quarta-feira, foi de 5.056 l/s.&nbsp;

<ul>
	<li>Assista vídeo da TV Anhanguera quando houve o rio chegou ao nível de alerta:&nbsp;<a href="https://g1.globo.com/go/goias/videos-bom-dia-go/video/volume-do-rio-meia-ponte-esta-me-nivel-de-alerta-13759015.ghtml" target="_blank">Volume do rio Meia Ponte está em nível de alerta</a></li>
</ul>

No site da Semad é ressaltado que o Nível Crítico I é atingido quando a média móvel de sete dias da vazão do rio cai para 5.500 litros por segundo ou menos.&nbsp;O POPULAR&nbsp;entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria, por mensagem, às 8h15, para obter informações sobre ações que podem ser adotadas para evitar o racionamento de água,&nbsp; mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.&nbsp;&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/nivel-do-rio-meia-ponte-entra-em-estado-de-alerta-diz-cimehgo-1.3287062" target="_self">Nível do Rio Meia Ponte entra em estado de alerta, diz Cimehgo</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/rio-meia-ponte-alcanca-menor-nivel-dos-ultimos-cinco-anos-em-maio-1.3139129" target="_self">Rio Meia Ponte alcança menor nível dos últimos cinco anos em maio</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/meia-ponte-atinge-nivel-critico-um-mes-antes-que-em-2020-1.2296166" target="_self">Meia Ponte atinge nível crítico um mês antes que em 2020</a></div>

Sobre o alerta, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Meia Ponte (CBH Meia Ponte) estabelece que, ao alcançar esse patamar, devem ser garantidos 2.000 litros por segundo para o abastecimento da Região Metropolitana de Goiânia. Além disso, o órgão pode reforçar ações de comunicação e mobilização pelo uso racional da água.&nbsp;

Ao POPULAR, a presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Meia Ponte (CBH Meia Ponte), Elaine Farinelli, esclareceu que o alerta ainda não é um indicador para racionalização de água na Região Metropolitana da capital.&nbsp;

<cite>Ainda estamos no nível de alerta. Só entramos no nível de racionamentos no nível crítico 4", pontuou Farinelli.&nbsp;</cite>

<img attr-cid="policy:1.3302613" attr-version="policy:1.3302613:1755781793" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3302613/nivel_do_rio_meia_ponte.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Nível de alerta começou com média dos últimos sete dias abaixo do volume de 5.500 litros de água por segundo (Print/Site da Semad)

Nível de atenção

O Rio <a href="https://opopular.com.br/cidades/nivel-do-rio-meia-ponte-entra-em-estado-de-alerta-diz-cimehgo-1.3287062" target="_self">Meia Ponte saiu do nível de atenção</a> e entrou em alerta no início de julho, informou o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo). O monitoramento em 10 de julho apresentou vazão de 8.775,7 litros por segundo.

O gerente do órgão, André Amorim, explicou que os níveis de criticidade estão avançando, mas de forma mais lenta do que no ano passado, quando a situação evoluiu rapidamente. Ele ressaltou ainda que, neste ano, o Cimehgo tem monitorado o Rio Meia Ponte diariamente desde janeiro, acompanhando toda a evolução.

<h2>Medidas emergências</h2>

A última vez em que foi necessário abrir barragens para reforçar a vazão do Rio Meia Ponte ocorreu em 2019. Naquele ano, estruturas de contenção localizadas em Santo Antônio de Goiás, Inhumas e Goiânia tiveram parte de seu volume liberado para o curso do Meia Ponte.&nbsp;

A Bacia Hidrográfica do Meia Ponte é a principal fonte de abastecimento da Região Metropolitana de Goiânia, garantindo água para consumo urbano, além de atividades industriais e agroindustriais.

A Semad classifica o Rio Meia Ponte com seis níveis de segurança de vazão. O primeiro é o de atenção, quando o fluxo de água atinge 12 mil litros por segundo ou menos. Em seguida vem o nível de alerta, registrado quando a vazão cai para abaixo de 9 mil litros por segundo (veja tabela abaixo).

<img attr-cid="policy:1.3302615" attr-version="policy:1.3302615:1755781957" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3302615/vazao_do_rio_meia_ponte.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Níveis de segurança da vazão do Rio Meia Ponte (Print/Site da Semad)

<ul>
	<li><a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a></li>
</ul>

Meia Ponte atinge nível crítico após mais de 50 dias sem chuva na Região Metropolitana de Goiânia

Estiagem 

Após anos de paralisação, a <a href="https://opopular.com.br/cidades/prefeitura-de-goiania-vai-licitar-canalizac-o-do-corrego-cascavel-1.3255253" target="_self">canalização do Córrego Cascavel</a> no trecho entre a Avenida Padre Wendel e a Avenida Castelo Branco, em Campinas, será retomada em Goiânia. O prefeito Sandro Mabel (UB) assinou nesta quarta-feira (20) o contrato para execução das obras, que devem começar na próxima segunda-feira (25). A intervenção por cerca de 1,2 quilômetro de extensão será conduzida pela empresa Vale do Ouro Construtora, a um custo de R$ 19.795.410. De acordo com o contrato, a obra deverá ser entregue em um prazo calculado em 12 meses.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; outline: 0px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

O serviço é um complemento do que foi iniciado ainda em 2013, na gestão de Paulo Garcia (PT), e teve o trabalho abandonado. Na época, a previsão era fazer a canalização e as pistas laterais de continuidade da Marginal Cascavel, mas apenas 6% do total foi cumprido.

No lançamento do processo licitatório, no início deste ano, o Paço Municipal explicou que havia a necessidade de continuidade do projeto por se tratar de um convênio com o governo federal e, no caso de não realização, seria necessária a devolução dos recursos, na ordem de R$ 4,4 milhões. O fato se deu como a justificativa para realizar o processo, que tinha preço inicial previsto em R$ 22,7 milhões, mas a proposta vencedora foi de R$ 19,8 milhões.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/prefeitura-de-goiania-vai-licitar-canalizac-o-do-corrego-cascavel-1.3255253" target="_self">Prefeitura de Goiânia vai licitar canalização do Córrego Cascavel</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/mp-go-ganha-liminar-que-exige-obras-emergenciais-em-4-pontes-da-capital-1.3299831" target="_self">MP-GO ganha liminar que exige obras emergenciais em 4 pontes da capital</a> 
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Segundo o prefeito Sandro Mabel (UB), essa parte é a mais importante, para depois fazer as pistas da Marginal Cascavel. A construção da via rápida é apontada pelo gestor como um dos objetivos de sua administração. Apesar de admitir que se trata de uma empreitada “complicada”, como “trechos grandes que deixaram invadir”, o que requer muitas desapropriações, a ideia é retomar “as partes que tenham resolutividade”, disse.

No trecho escolhido para a retomada, Mabel apontou como desafios as pontes com a Avenida Padre Wendel e Avenida 24 de Outubro. As estruturas possuem pontos de retenção, o que causa inundações. O prefeito chamou a atenção para o fato de as pessoas jogarem lixo no manancial e disse ainda que será necessária a construção de bacias de contenção. Mas garante que levará a obra adiante, por se tratar de “uma via importante para o futuro”.

“Essa Marginal Cascavel é uma via de integração importante. Então, nós precisamos levar à frente. Inclusive, estamos pedindo dinheiro, entrando em um processo pedindo dinheiro no Brics (banco do grupo formado por países de mercado emergente, como o Brasil). Nós estamos pedindo aí aproximadamente 500, 800 milhões de reais para fazer essa obra inteirinha, de ponta a ponta, o que está faltando”, relata o prefeito.

Mabel explica que se trata de um projeto que está começando. “Nós estamos fazendo uma carta-consulta. Estamos começando ele agora. Nós esperamos aí que talvez um ano, um ano e meio, possa estar pronto, com o tempo de já executarmos o projeto. Porque o projeto já vamos fazê-lo, independente do dinheiro. Nós vamos deixar esse projeto pronto”, disse em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira. A ideia do prefeito é elaborar projeto semelhante ao que se tem na Marginal Botafogo, com a canalização e as pistas, embora o local seja caracterizado pelos problemas de drenagem atualmente.

De acordo com o secretário da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Francisco Lacerda, as obras das vias laterais ainda estão em fase de projeto. “Estamos estudando como nós vamos fazer a mobilidade urbana, com muitos lugares que têm muitos problemas de desapropriação. Vamos tentar fazer os binários para minimizar o número de desapropriações e acelerar o trânsito”, diz Lacerda.

<h2>Ressalvas</h2>

A medida, no entanto, é vista com ressalvas por alguns especialistas. A canalização dos córregos urbanos aumenta a impermeabilidade do solo e, ao longo do tempo, soma-se às causas de enchentes e inundações nas regiões mais baixas, conforme explica a engenheira civil e vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), Juliana Matos de Sousa. A especialista afirma que as obras de canalização dos córregos são ultrapassadas, já que eram vistas como soluções urbanas anteriormente, mas que o resultado visto foi a piora na drenagem da cidade. Ela fala com base no anúncio da Prefeitura de Goiânia sobre o lançamento da canalização do Córrego Cascavel no trecho entre as avenidas Castelo Branco e Padre Wendel.

Juliana Sousa lembra que a canalização dos córregos só apresenta como aspecto positivo a solução rápida e local do escoamento de água. “É uma solução em tirar água das ruas, resolve só pontualmente e de forma rápida. Mas vimos que, com o passar do tempo, a situação piora”, diz ao ressaltar que a Marginal Botafogo é um exemplo do que ocorre com a canalização e que deveria ser pensada uma solução de convívio com as águas.

Arquiteto e urbanista, conselheiro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO), David Finotti concorda com Juliana, e explica que a ideia de fazer drenagem rápida e eficiente com a canalização se mostrou ineficaz ao longo dos anos. “A canalização é usada para acelerar o escoamento de montante a jusante, mas a cidade vai crescendo e aí causa alagamento lá naquele lugar onde a água era jogada. Tem um impacto ambiental grande, de redução da biodiversidade, e também social, já que as pessoas perdem área verde, perdem a área de um parque”, conta Finotti.

O urbanista aponta que atualmente há diversas alternativas para os córregos urbanos, o que são chamadas de soluções na natureza. “Temos de trabalhar com soluções sustentáveis, têm alternativas, como parques lineares, jardins de chuvas e outras, o foco das cidades inteligentes e sustentáveis é conviver com a água, mais do que achar soluções de engenharia.”

Finotti diz que o ponto positivo da canalização dos córregos, de fato, é dar fluidez à mobilidade com a construção das pistas. No entanto, ele ressalta que há soluções melhores para a mobilidade, como o investimento e incentivo ao transporte coletivo e o desincentivo ao uso dos veículos particulares.

<h3>Projetos</h3>

O prefeito Sandro Mabel afirmou que a partir do próximo ano haverá pelo menos 30 projetos de obras em andamento. “Nós devemos estar licitando 30 obras em torno de 30 obras de infraestrutura. São pontes, mergulhões, passagens como aquela lá na Perimetral Norte que nós temos lá no (Posto) Gato Preto, que é uma passagem complicada. Na entrada ali do Nova Esperança também tem, no Goiânia 2. Depois nós temos uma série de pontos de interligação de bairro, tem muita coisa. Estamos preparando os projetos para que a gente possa licitar e colocar para frente”, diz.

Mabel afirma que Goiânia tem poucos projetos prontos para a cidade e o Paço Municipal está utilizando dinheiro de outorgas e transferência do direito de construir (TDC) para a realização dos projetos urbanísticos. “Então nós vamos colocar um dinheiro muito grande em projetos para a cidade ter realmente para onde ir. E aí, vamos atrás do dinheiro para fazer as obras”, garante. Ele explicou ainda que sem os projetos prontos não é possível iniciar os processos para garantir os recursos, seja via governo federal ou mesmo com bancos de fomento, sejam nacionais ou as instituições internacionais.

<h3>Viaduto</h3>

Sobre as obras já licitadas, o secretário Francisco Lacerda comentou o caso do viaduto da Avenida Leste-Oeste com a Avenida Castelo Branco, que está parada. “A empresa foi notificada e ela tem dez dias para começar a obra. Se ela não começar a obra, vamos ter que voltar ela e penalizar ela”, diz. A obra está nesta condição desde o final do ano passado, ainda na gestão anterior do Paço Municipal.

“Nós demos a ordem de serviço para eles agora, comunicamos para voltar, e a empresatem dez dias de prazo para responder para a gente. Como o prefeito avisou, se não entrar em dez dias de prazo, serão tomadas as medidas judiciais cabíveis.” Entre as restrições possíveis está tornar a empresa inidônea, com a incapacidade de contratar com o setor público, além da cobrança de multas. Caso a empresa não volte, a segunda colocada da licitação deve ser convocada para finalizar a obra. Se não houver interesse, um novo processo licitatório deve ser realizado para finalizar a obra.

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