Atualizado às 11:28 desta quarta-feira (3)A Prefeitura de Goiatuba revelou ter errado em autuar a funerária que esperou por três dias para enterrar o corpo do pastor Huber Carlos Rodrigues, no último dia 25 de outubro. De acordo com o poder municipal, o caso foi arquivado no dia 29 do mesmo mês após uma análise não apontar irregularidade no sepultamento. O erro da prefeitura teria partido de uma norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 2006, que não está mais vigente, e que previa um prazo máximo de entre a morte o sepultamento de 24 horas. No entanto, a medida foi revogada em 2007.Durante o incidente, o poder municipal afirmou que a funerária poderia sofrer sanções, inclusive com a perda da licença de atuação. Segundo Wanderley Rodrigues, o diretor executivo da funerária, a empresa atendeu ao que prevê o Art. 1881 do Código Civil, que permite realização de velórios em “condições especiais” em caso do falecido ter firmado o pedido antes da morte. O diretor afirma que, diferente do que havia sido noticiado, a empresa não recebeu notificação da prefeitura obrigando a realização imediata do enterro. O procedimento teria sido aberto só após o enterro.“Houve um velório de apenas duas horas com a família. No restante do tempo o corpo ficou em sala fechada, refrigerada. Não existe nenhuma lei que proíbe”, argumenta Wanderley ao citar que há casos de corpos serem mantidos por até 90 dias por Institutos Médicos Legais sem a preparação.Por conta da situação, o diretor diz que a empresa teve prejuízo de imagem, com registro de clientes que ligaram para saber sobre riscos sobre seus planos funerários.Relembre o casoO corpo do pastor Huber Carlos Rodrigues não foi liberado para ser enterrado em Goiatuba, na região sul de Goiás, no último dia 22 de outubro. O motivo era que a viúva acreditava no documento, escrito pelo marido em 2008, dizendo que ele ressuscitaria no terceiro dia.“Minha integridade física tem que ser totalmente preservada, pois ficarei por três dias morto, sendo que no 3ª dia, eu ressuscitarei. Meu corpo durante os três dias não terá mau cheiro e nem se decomporá, pois o próprio Deus terá preparado minha carne e meu cérebro para passar por essa experiência”, escreveu no documento.A declaração foi assinada por duas testemunhas, mas não foi registrada em cartório. A veracidade do texto também foi confirmada pelo advogado da família ao G1. O prazo informado pela viúva foi respeitado pela funerária da cidade, que refrigerou o corpo do pastor em uma sala.A reportagem apurou que o pastor morreu por complicações cardiorrespiratórias em decorrência da Covid-19 em um hospital de Itumbiara, na última sexta-feira (22). O sepultamento, que ocorreu durante a noite do dia 25 foi acompanhado por mais de mil pessoas.