Vítima de um incêndio provavelmente criminoso há cerca de duas semanas, a conhecida gameleira da Avenida Araguaia, no Centro de Goiânia, terá mesmo de ser removida. A decisão final foi tomada na tarde desta segunda-feira (14), após nova avaliação técnica, desta vez tendo como consultora Francine Calil, docente do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Goiás (UFG).

<a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

Convidada pela Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), a professora deu “in loco” o que se poderia chamar de uma “segunda opinião” a respeito da saúde da árvore, que teve sua parte interna bastante atingida pelo fogo. Em um primeiro laudo, assinado pelo analista ambiental do órgão Leandro Georges, houve a recomendação da retirada dela. Leandro também esteve presente na pequena comitiva que se dirigiu da sede da agência até o encontro das avenidas Araguaia e Contorno, onde está a gameleira, numa distância de poucas quadras.

Na visita técnica que selou o destino da gameleira também estiveram presentes o biólogo e também analista da Amma Pedro Henrique Baima Paiva e o presidente da agência, Nadim Neme Neto. Francine disse que a chegada do período chuvoso e a idade já avançada da gameleira contam negativamente para uma tentativa de salvamento. “A chegada das chuvas agora vai pegá-la em uma condição muito desestabilizada. O risco é muito alto. Se fosse uma planta mais jovem, o tempo de recuperação seria muito mais rápido.”

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/lideres-em-emendas-vencem-84-das-disputas-em-goias-1.3186903" target="_blank">Líderes em emendas vencem 84% das disputas em Goiás</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/amma-tem-seis-analistas-para-monitorar-arvores-em-goiania-1.3185957" target="_blank">Amma tem seis analistas para monitorar árvores em Goiânia</a></div>

“Tem risco a transeuntes, aos veículos. Em termos ecológicos, é realmente muito ruim (a retirada), mas a gente precisa botar numa balança tudo isso e a segurança precisa vir em primeiro lugar”, diz Francine Calil. Ela observa que, além do comprometimento pelo incêndio, a árvore tem também problemas com a sustentação. “Proporcionalmente as raízes hoje não dão um terço do tamanho (exterior) da árvore. É muito provável que já tenha passado por alguma poda no sistema radicular. Ela tem praticamente raiz e parte aérea na mesma área”, explica.

A gameleira, segundo os técnicos, é da espécie Ficus elastica, também conhecida como falsa-seringueira, e é originária do Sudeste Asiático. Tem crescimento muito rápido e também precisa de muita água para seu consumo, o que a leva a expandir suas raízes e, num ambiente urbano, afetar calçadas e infraestrutura em geral.

A retirada das gameleira deve ser iniciada o mais rapidamente possível, segundo os técnicos. Isso não significa que será um processo simples nem tão rápido – como não foi nem mesmo o controle do incêndio e a poda realizada. Segundo a Amma, será preciso utilizar maquinário pesado e isolar a área. “Devemos ter, nesse processo, a ajuda do Corpo de Bombeiros”, diz Nadim Neme Neto.

<h2>Ações ambientais</h2>

O presidente da Amma diz que foi feito o possível para salvar a árvore, que está presente na memória afetiva de parte da população que acompanhou sua trajetória e se mostrava preocupada com seu destino. “A gente quer fazer com que, agora, ela se torne um exemplo, um símbolo de educação ambiental”, diz.

Estacas da gameleira poderão ser plantadas em projetos da própria Amma, como o Arboriza Gyn, que visa reflorestar determinadas regiões da cidade. A sugestão de dar continuidade à vida dela dessa forma, com “filhotes”, foi dada pela professora da UFG. “Apesar de não ser uma árvore nativa do Cerrado, o Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU) permite o uso de espécies exóticas, desde que com manejo adequado”, complementa Leandro Georges.

O biólogo Pedro Baima diz que o caso da árvore pode servir à conscientização ambiental, especialmente de crianças. “Também vamos intensificar a educação ambiental, assim como a educação patrimonial. Existe uma ideia equivocada em Goiânia de que modernidade está necessariamente em oposição ao rural, ao natural e ao tradicional”, explica. “Podemos ver isso na canalização dos córregos, na demolição das casas históricas e no vandalismo com as árvores, por exemplo. Precisamos nos tornar pessoas melhores, e a educação é a chave dessa transformação.”

<h2>Banheiro da avenida</h2>

Proprietário de uma loja de discos e fanzines na Avenida Araguaia, Moacir Oliveira Assunção Júnior nas últimas semanas vem atualizando, com fotos e vídeos, seus seguidores nas redes sociais sobre o que estava ocorrendo com a gameleira. Ele lamenta o destino da árvore, embora entenda que ela realmente estava deslocada diante do crescimento da cidade – seu tronco ocupa quase toda a relativamente larga calçada da via, apenas com uma passagem pelo muro em que cabe só uma pessoa. “Nós convivemos com ela desde que a loja começou aqui, em 1992. Durante muito tempo, a gente brincava que ela era o maior banheiro público da Araguaia”, comenta, explicando que os frequentadores de um bar e uma danceteria vizinhas costumavam urinar na gameleira.

O irmão de Moacir, Paulo César Assunção, conta que houve uma movimentação estranha às vésperas do dia em que ela pegou fogo. “De longe, parece que tinham enrolado uma faixa ao redor e juntaram as folhas, ou algo assim. No outro dia ela amanheceu pegando fogo”, conta.

<h2>Árvore foi plantada nos anos 60, diz morador</h2>

“Não tem nada de ‘centenária’. Se ela é centenária, eu sou muito mais.” Bem direto em sua explanação, o economiário aposentado Marco Aurélio de Arrais Pinheiro ajuda a desmistificar a idade da gameleira da Avenida Araguaia. Nascido e criado na Rua dos Comerciários – que hoje se tornou uma espécie de “alça” que liga a Avenida Contorno à Marginal Botafogo –, ele conta que se lembra não só de que não existia gameleira na Araguaia.

“A avenida, assim como outras do Centro, eram cheias de flamboyants. Essa gameleira surgiu de um buraco aberto, onde antes havia um flamboyant”, conta. O aposentado diz se lembrar que tinha “em torno de 16 anos” quando a árvore foi plantada no local, como uma estaca. “Tinha uma espessura não maior que a de uma lata de extrato de tomate”.&nbsp;

Como hoje Marcão, como é conhecido, tem 76 anos, o mais provável é que a árvore, hoje gigante, seja datada de meados da década de 1960. “Mas não faria o menor sentido achar que ela fosse anterior à construção da cidade, já que não é planta nativa. Portanto, não tem nada de centenária”, reforça, acrescentando que ela já deveria ter sido retirada, porque “não é árvore de arborização, são muito inconvenientes para a cidade”.&nbsp;

A história da gameleira acabou por inspirar pequenas lendas urbanas, como a que teve como personagem o comerciante José Benchimol, pai de Irapuan Benchimol. “Já chegaram a dizer que tinha sido meu pai quem havia plantado (a árvore), mas ele veio para cá na década de 80, a árvore já estava aí”, diz ele. A família é proprietária de uma tradicional papelaria na Araguaia, quase esquina com a Avenida Paranaíba.&nbsp;

&nbsp;

Gameleira será cortada, mas deve deixar 'filhotes'

Cidades

Cidades - título

Assine - Offers Target - 2

Matéria - Cidades

Gigante da Avenida Araguaia

Quem vê as fotos que ilustram o livro Avenida Araguaia: Décadas de 1930 a 1960 (Editora Kelps) provavelmente se pergunta: onde foram parar esses casarões com murinhos e grades pequenas que decoravam uma das primeiras avenidas de Goiânia? Quem são essas pessoas que andavam de bicicleta e como estão essas crianças que brincavam livres no meio da rua?

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; outline: 0px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

Foi pensando em formas de salvaguardar o patrimônio histórico da cidade que diversos pesquisadores e escritores se reuniram ao longo do último ano para pesquisar as três primeiras décadas da Av. Araguaia em livro lançado na última semana pela Academia Goiana de Letras (AGL). O projeto reúne entrevistas, textos, recortes de jornal e de listas telefônicas, publicidades e anúncios da época e acervos pessoais, como fotografias, que ajudam a desvendar uma Araguaia de outros tempos.

“Apesar de ter apenas 91 anos, Goiânia vive uma espécie de apagão memorial. O patrimônio histórico e a memória humana estão se perdendo no passado. O livro da Av. Araguaia ajuda a desvendar a memória da região para tentar entender os seus caminhos futuros”, argumenta o curador da obra, o escritor Ubirajara Galli. Foi o poeta e ex-presidente da AGL que tratou de reunir todo o material que compõe a pesquisa. A arquiteta e urbanista Narcisa Abreu Cordeiro assina a idealização do projeto.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/literatura-brasileira-ganha-destaque-internacional-premiac-es-traduc-es-e-reconhecimentos-1.3207607" target="_blank">Literatura brasileira ganha destaque internacional: premiações, traduções e reconhecimentos</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/primeiro-museu-de-goiania-e-marco-art-deco-da-cidade-museu-zoroastro-artiaga-passa-por-restauro-completo-1.3206323" target="_blank">Primeiro museu de Goiânia e marco art déco da cidade, Museu Zoroastro Artiaga passa por restauro completo</a></div>

O livro acompanha a avenida desde o seu primeiro traçado, com os prédios públicos erguidos, como a Delegacia do Trabalho Indústria e Comércio, até a chegada do modernismo nos projetos arquitetônicos das residências do final dos anos 1960. A obra também sinaliza quem eram as famílias que viviam nos primeiros casarões construídos, como eles viviam e quais eram os principais pontos de encontro e comércio.

<img attr-cid="policy:1.3208436" attr-version="policy:1.3208436:1733781966" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3208436/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Na foto, Maria Regina, filha primogênita do funcionário público cearense Plínio Moreira de Menezes, que foi transferido da cidade de Goiás para Goiânia no final dos anos 1930(Acervo pessoal)

“As famílias foram fundamentais para conseguirmos informações valiosas sobre como a avenida foi se transformando ao longo dos anos, quem eram os vizinhos, como era viver em uma cidade recém-construída e inaugurada”, destaca o curador. O livro dá destaque para diversos pontos da Araguaia, como a região dos hotéis na Rua 4, o cruzamento com a Av. Anhanguera, e o seu final, no Bosque Botafogo.

Algumas curiosidades também são apontadas na obra, como a primeira academia de ginástica de Goiânia, instalada na Araguaia em 1965. Batizada de Musculo Y Poder, a princípio o espaço só recebia homens, mas passou a ter um horário exclusivo para atender destacadas mulheres da sociedade goiana. Entre as frequentadoras estavam a escritora Célia Coutinho Seixo de Britto, mulher do prefeito Hélio Seixo de Britto, a musicista Belkiss Spencieri e a marchande Célia Câmara. Mais tarde, a academia se tornaria um point LGBT.

O livro também apresenta a história de edifícios e prédios que ainda hoje estão de pé na avenida. É o caso do Edifício Cidade de Goiás, que representou uma das maiores construções de Goiânia nos anos 1940. A edificação foi considerada um sucesso com o grande empreendimento comercial construído na então nova capital goiana.

<img attr-cid="policy:1.3208434" attr-version="policy:1.3208434:1733781964" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3208434/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Fachada da Farmácia Nossa Senhora Auxiliadora, em 1943. Na época, foi a única farmácia de Goiânia solicitada para aulas de Química do professor Agnelo Fleury, do Lyceu de Goiânia (Acervo pessoal)

A Av. Araguaia também acolheu destacados pioneiros da fotografia goianiense, como o italiano Sílvio Berto, que tinha um estúdio em Campinas, mas transferiu seu ponto comercial para a avenida em 1942. Nesse local, permaneceu por 17 anos, quando, em 1959, montou seu ateliê na Rua 3 com a Rua 20. “Toda a elite buscava seu estúdio, haja vista o cuidadoso e artístico trabalho na iluminação e perfeccionista no retoque das chapas de vidro”, disse a escritora Célia Coutinho em depoimento.

<h2>Legado</h2>

O livro faz parte de uma coleção literária que já está em sua oitava edição. Antes da Av. Araguaia, os autores e pesquisadores que formam o núcleo de trabalho da série já publicaram obras de outros logradouros de Goiânia, como da Alameda dos Buritis e das Rua 3, 23, 20 e 29. “Nós já temos os novos endereços que vamos começar a pesquisar para as próximas publicações: um será das Ruas 25 e 16, e o outro especial da Av. Paranaíba. Continuamos reverberando o passado para que a memória de Goiânia não seja esquecida”, reitera Ubirajara.

<img attr-cid="policy:1.3208435" attr-version="policy:1.3208435:1733781965" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3208435/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Cena comum dos primeiros anos de Goiânia: crianças se aglomeram e brincam na calçada da Av. Araguaia. As residências tinham muros baixos e jardins na frente, com árvores que minimizavam o tempo quente e seco da nova capital (Acervo pessoal)

<h3>Ficha técnica&nbsp;</h3>

Avenida Araguaia - Décadas de 1930 a 1960&nbsp;

Editora Kelps&nbsp;

348 páginas

Idealização: Narcisa Abreu Cordeiro

Curadoria: Ubirajara Galli&nbsp;

Preço: R$ 80 (na sede da Academia Goiana de Letras)&nbsp;

<img attr-cid="policy:1.3208433" attr-version="policy:1.3208433:1733781963" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3208433/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" />

&nbsp;

Livro reúne documentos, imagens e arquivos dos primeiros anos da Avenida Araguaia

Magazine

Magazine - título

Matéria - Magazine

HISTÓRIA

Verba parada

Os municípios de São João Paraúna e Ivolândia se juntaram a Gameleira na lista dos que mais receberam emendas parlamentares do chamado orçamento secreto, entre os anos de 2020 e 2023. Levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre as emendas de relator e de comissão empenhadas e pagas no período mostra que as duas cidades estão na 19ª e 20ª posições, com média elevada de valores recebidos proporcionalmente à população.

<a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; outline: 0px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

Os dados constam da segunda parte do relatório da CGU, realizado a pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino. O órgão de controle ampliou a apuração sobre os valores pagos para os 30 municípios mais atendidos. Na primeira parte, o estudo avaliou a situação das dez primeiras cidades e, como detalhado pelo POPULAR em setembro, <a href="http://opopular.com.br/politica/prefeito-de-gameleira-diz-que-valor-em-emendas-e-soma-de-esforcos-1.3173637" target="_blank">Gameleira ocupou a 4ª colocação,</a> com média de R$ 6.042,14 por habitante por meio desta forma de indicação orçamentária.

A atualização apresenta que São João da Paraúna, com população de 1.774 pessoas, recebeu mais de R$ 3,5 milhões, o que resultou em média de R$ 2.002,22 em emendas por habitante. Já Ivolândia chegou à média de R$ R$ 1.966,16 por habitante, com o montante de quase R$ 5,3 milhões para 2.693 moradores.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/senadores-goianos-apontam-dificuldade-para-mudar-projeto-sobre-emendas-1.3196844" target="_blank">Senadores goianos apontam dificuldade para mudar projeto sobre emendas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/lideres-em-emendas-vencem-84-das-disputas-em-goias-1.3186903" target="_blank">Líderes em emendas vencem 84% das disputas em Goiás</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/prefeito-de-gameleira-diz-que-valor-em-emendas-e-soma-de-esforcos-1.3173637" target="_blank">Prefeito de Gameleira diz que valor em emendas é 'soma de esforços'</a></div>

O documento mostra que o recurso foi destinado a apenas uma obra em São João da Paraúna, que não foi iniciada, além da aquisição de diversos equipamentos e custeio da saúde e assistência social. Já a verba para Ivolânia bancaria cinco obras, das quais apenas uma foi concluída, além do custeio da saúde e assistência social e da aquisição de equipamentos.

A análise da CGU leva em consideração as emendas de comissão (RP 8) e do relator (RP 9). As emendas de relator ficaram conhecidas como “orçamento secreto” por causa da falta de transparência e rastreabilidade, e foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2022. No caso de Ivolândia, R$ 3,5 milhões empenhados têm origem em RP 8, enquanto outros R$ 1,7 milhão são referentes a RP 9. Em São João da Paraúna, todo o valor vem de RP 9.

Os técnicos da Controladoria-Geral da União (CGU) apontaram, no caso dos dois municípios goianos, que não foi possível rastrear a destinação precisa das emendas enviadas para custeio da saúde. “Tais recursos, conforme já mencionado, são movimentados em conta do Fundo Municipal de Saúde, que recebe recursos discricionários de programas da área da saúde, o que torna inviável correlacionar a aplicação do recurso com a sua fonte orçamentária”, aponta o documento.

Os técnicos que assinam o relatório apontam que “as notas de empenho não indicam que as fontes orçamentárias sejam das emendas analisadas”, assim como “as notas fiscais foram pagas, por vezes, utilizando recursos de diversas fontes, sendo inviável verificar que se vinculem às emendas analisadas”. Apesar disso, apontam que não houve identificação de que as duas gestões tenham realizado “pagamento de despesa vedada” com recursos das emendas.

<h2>Obras</h2>

A única obra prevista para a cidade de São João da Paraúna com os recursos das emendas de relator é a construção de uma quadra escolar coberta e vestiário. O valor total da obra seria de R$ 877.571,91, sendo que R$ 659.389,02 viriam do orçamento secreto. A verba foi enviada à prefeitura, mas os trabalhos ainda não foram iniciados.

Segundo o documento da CGU, termo de compromisso da gestão para uso do recurso para a obra foi validado em novembro de 2022, tem validade até novembro de 2025 e os trabalhos não foram começados por análise da Caixa Econômica Federal.

“O termo de compromisso está em cláusula suspensiva, situação em que se permite a assinatura do instrumento ainda que o ente subnacional não possua, naquele momento, todas as condições necessárias para a formalização. O estado atual está “em análise” e, portanto, cabe ao ente federal finalizar as análises para que se inicie a obra pretendida”, aponta o relatório.

O prefeito de São João da Paraúna, Ubirajara Antônio Duarte Júnior (UB), conhecido como Juninho, foi procurado pelo POPULAR, mas não respondeu aos questionamentos. O político foi reeleito nas eleições deste ano, com 61,02% dos votos.

Já o município de Ivolândia alcançou a conclusão da obra de escola municipal, com seis salas de aula, no Setor Capelinha, ao custo total de R$ 1,021 milhão, sendo apenas R$ 91 mil vindos de emendas RP 9. Houve ainda a entrega do portal da cidade, que custou R$ 278 mil, sendo R$ 238 mil em emendas de relator.

Já os trabalhos de pavimentação asfáltica e a construção da feira do produtor sequer foram iniciadas. A pavimentação das vias no perímetro urbano custaria R$ 2,603 milhões, com R$ 2,600 milhões bancados por emendas de comissão. Depois do recebimento dos valores, a proposta para os trabalhos foi assinada em novembro de 2023. “Atualmente, encontra-se em cláusula suspensiva relativa às seguintes questões: titularidade de área, projeto básico e licenciamento ambiental prévio”, aponta a CGU. A data para o fim de vigência do termo de compromisso é novembro de 2026.

O prefeito, Valdesson Vieira Junior (UB), no entanto, alega que o asfaltamento não foi iniciado por demora no processo de aprovação do projeto junto à Caixa. “Está dizendo que foi empenhada, mas não foi concluído. Foi paralisado por dois meses por causa do processo eleitoral e ainda precisa ser aprovado lá para a gente fazer a licitação”.

Dr. Junior, como é conhecido, foi candidato único à reeleição e recebeu todos os 2.360 votos válidos, sendo que 16,3% dos eleitores votaram em branco ou nulo. Valdesson diverge do relatório em relação à obra do centro esportivo.

Segundo o documento da CGU, a vistoria realizada no dia 8 de outubro de 2024 verificou “que a construção, apesar de ter obtido aprovação da Caixa Econômica Federal para o projeto básico, ainda não foi iniciada”. O documento ainda afirma que foi encontrado apenas o terreno onde será feita a obra “dentro de um empreendimento maior, denominado Complexo Educacional”. O prefeito alega que a obra foi iniciada ainda em junho de 2023 e que se encontra com 60% dos trabalhos concluídos.

O gestor, no entanto, admite que o projeto para a construção da feira do produtor segue parado, ao custo de R$ 299 mil, sendo R$ 287 mil bancados por emendas de relator. Segundo a CGU, “houve pedido de distrato apresentado pelo tomador, tendo o evento de anulação”.

“Essa foi cancelada. A gente até gastou para fazer o projeto, mas tem as exigências da Caixa e a obra ficaria muito mais cara. Algo em torno de R$ 700 mil. Por isso, a gente devolveu os R$ 280 mil da emenda e a feira não vai ser construída”, diz.

<div attr-cid="policy:1.3199999" attr-version="policy:1.3199999:1731720375" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3199999" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3199999', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3199999">Verba parada (1.3199999)</a></div>

Cidades goianas líderes em emendas viram alvo

Política

Política - título

Matéria - Política

Congresso

Apenas seis analistas ambientais da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) são encarregados de realizar o monitoramento de árvores em Goiânia. Com a falta de pessoal, a reportagem apurou junto a um servidor do órgão que o serviço não atinge a quantidade de espécies necessárias, tornando a realização de vistorias nos logradouros públicos, predominantemente, dependente da solicitação de moradores.

<a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

Recentemente, a capital passou pela perda de mais uma árvore considera histórica: uma gameleira, localizada na Avenida Araguaia com a Avenida Contorno, no Setor Central. A espécie, que está no local desde a fundação da cidade, pegou fogo na madrugada do último dia 2. Conforme o titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), Luziano de Carvalho, tudo indica que a queima foi criminosa, por pessoas em situação de rua que viviam no local.

A pesquisadora Geórgia Sant’Ana, doutora em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), pontuou que “não se tem o que é necessário para que as árvores de Goiânia sejam preservadas”. A afirmação compõe uma análise sobre a falta de investimento e planejamento da administração pública municipal para que haja um diagnóstico preciso sobre a flora goianiense. O ônus, segundo ela, ultrapassa até os muros do órgão na busca pela conscientização da população.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/exonerac-o-em-massa-na-prefeitura-causa-confus-o-em-unidade-veterinaria-1.3185370" target="_blank">Exoneração em massa na Prefeitura causa confusão em unidade veterinária</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/unidade-de-pronto-atendimento-veterinaria-de-goiania-fica-com-atendimento-comprometido-apos-prefeito-exonerar-servidores-1.3184820" target="_blank">Unidade de Pronto Atendimento Veterinária de Goiânia fica com atendimento comprometido após prefeito exonerar servidores</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/goianos-relatam-tens-o-em-passagem-do-furac-o-milton-noe-eua-1.3185965" target="_blank">Goianos relatam tensão em passagem do furacão Milton noe EUA</a></div>

De acordo com Geórgia, não há um grupo de pessoas que faça um planejamento sobre o manejo da flora no órgão, pontuando, por exemplo, a quantidade de espécies centenárias que compõem a ambientação dos bairros de Goiânia. O detalhe, que é colocado por ela como algo primordial para o avanço da pauta na capital, é algo que “auxiliaria muito na prevenção da saúde das árvores, das quedas e, até mesmo, queimadas não criminosas”.

De fato, ao ser consultada, a Amma afirmou que não possuí a informação sobre a quantidade de árvores em Goiânia. Bem como também não possuí o quantitativo por espécies nem mesmo de algumas mais exóticas, como as gameleiras. De acordo com o órgão, a situação se dá em decorrência da imprecisão em mensurar esse número, que pode sofrer alterações diariamente, dada a liberdade da população em fazer o plantio de espécies em casa.

Mesmo com o quantitativo desproporcional às necessidades, os servidores ainda mantêm uma tratativa para garantir a permanência das árvores na capital. Conforme acompanhou o POPULAR nesta quarta-feira (9), a atividade deles vai desde a análise do ambiente em que a espécie está inserida, até questões estruturais e de ciclo reprodutor. Todos esses fatores, de acordo com uma servidora, são importantes para compor o relatório técnico da agência para contribuir para limpeza e preservação das árvores em logradouro público.

A analista informou, ainda, que não há processos de monitoramento em atraso. Apesar de estarem disponíveis em parte do dia para fazer o serviço, outro servidor explica que nas demais horas da semana eles trabalham com elaboração e encaminhamento dos processos. A depender do resultado, os documentos são encaminhados a outros órgãos competentes para tratar, ou não, das solicitações com podas, retiradas e limpezas.

<h2>Monitoramento </h2>

Para fugir das ações pontuais, Geórgia Sant’Ana explica que é necessário investir não somente em pessoal, mas também em tecnologia. Com isso, além das visitas, os servidores poderiam contar também com o monitoramento em tempo real por meio de câmeras fiscais ou drones. A reflexão sobre o assunto, de acordo com ela, só seria possível se o poder público mudasse o olhar de “deixar as coisas acontecerem naturalmente e ficasse mais atento”.

Com esses recursos, bem como a produção de um planejamento com base nos diagnósticos pontuados pela pesquisadora, a cidade teria menos prejuízos do que tem hoje. Uma vez que, além do monitoramento contínuo, até mesmo em casos de crimes, seria possível pensar a variedade de espécies em um local buscando evitar as queimadas e quedas. “Sem isso, continuaremos com um ambiente ainda mais problemático”, complementa.

A engenheira florestal Camilla Brito complementa a ideia de Geórgia afirmando que o monitoramento deveria ser realizado com frequência, “garantindo a segurança da população devido ao risco de quedas (de árvores), por exemplo”. De acordo com ela, para o auxílio desses diagnósticos as árvores devem ser identificadas, codificadas e avaliadas periodicamente com observações sobre seu estado atual, garantindo que as árvores não gerem riscos. Caso contrário, elas podem ser substituídas por espécies mais adequadas.

<h2>Gameleiras </h2>

De acordo com a Amma, será feita a retirada integral da gameleira da Avenida Araguaia, por causa da impossibilidade de recuperação do espécime após o incêndio da semana passada. Apesar de o incêndio ser considerado criminoso, Camilla diz que a maioria delas encontram-se em locais inadequados, “por falta de planejamento prévio”. Ainda, de acordo com ela, isso seria um dos transtornos que vêm trazendo a pauta sobre sua retirada.

Decisões como essa, de acordo com a engenheira, devem ser tomadas por profissionais habilitados, levando em conta aspectos técnicos. A pesquisadora Geórgia lembra que a retirada não só dessas árvores, como de outras, atrapalha o processo de evapotranspiração, fazendo com que a umidade do ar seja prejudicada e, mais baixa, prejudicando a qualidade de vida e a saúde. (João Gabriel Palhares é estagiário do GJC em convênio com a UFG)

Amma tem seis analistas para monitorar árvores em Goiânia

Fiscalização

A Polícia Civil, por meio da Delegacia Estadual do Meio Ambiente (Dema), informou que vai investigar <a href="https://opopular.com.br/cidades/gameleira-da-avenida-araguaia-e-retirada-apos-incendio-1.3182413" target="_blank">o incêndio que atingiu a gameleira</a> localizada na Avenida Araguaia com a Avenida Contorno, no centro de Goiânia. O incêndio começou na madrugada de quarta-feira (2), segundo o Corpo de Bombeiros.

<a href="http://opopular.com.br/canal" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

Em nota, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) informou que, se for comprovado que o incêndio foi criminoso, além de multa, o responsável poderá responder a um inquérito policial (leia íntegra ao final da reportagem). A árvore, segundo a Agência, está no local desde antes da fundação de Goiânia e pegou fogo novamente nesta quinta-feira (3).&nbsp;

A Amma também detalhou que autorizou a retirada da árvore. Segundo a Agência, a respectiva autorização realizada por técnicos leva em consideração os riscos de queda das galhas e da própria árvore após o incêndio que comprometeu toda a estrutura da árvore. A retirada da árvore será realizada pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg).

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/gameleira-da-avenida-araguaia-e-retirada-apos-incendio-1.3182413" target="_blank">Gameleira da Avenida Araguaia é retirada após incêndio</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/regi-o-central-de-goiania-tem-4-gameleiras-incendiadas-em-5-anos-1.2068587" target="_blank">Região Central de Goiânia tem 4 gameleiras incendiadas em 5 anos</a></div>

<h2>Combate às chamas</h2>

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO) foi acionado ainda na madrugada desta quarta e fez o combate das chamas. Conforme o tenente Ronaldo Marques, a corporação voltou ao local por volta de 14h30 diante de uma reignição. A pista foi fechada para dar espaço a quatro viaturas utilizadas na ocorrência, e reaberta cerca de três horas depois. Foram utilizados ao menos 21 mil litros de água na ação.

<h2>Incêndios em gameleiras</h2>

<img attr-cid="policy:1.3182630" attr-version="policy:1.3182630:1727973520" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3182630/gameleira rua 143.PNG?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Gameleira que era localizada na Rua 143, no Setor Marista (Wesley Costa/O Popular)

&nbsp;

O incêndio na gameleira do centro da cidade <a href="https://opopular.com.br/cidades/regi-o-central-de-goiania-tem-4-gameleiras-incendiadas-em-5-anos-1.2068587" target="_blank">não é o primeiro caso deste tipo registrado na capital</a>. Em maio de 2022, a árvore do mesmo tipo, que ficava localizada na Rua 143, no setor Marista, foi extirpada devido a um incêndio criminoso. A referida árvore tinha mais de 50 anos e já tinha sido alvo de outros dois incêndios em 2020, situações que levaram a Amma a realizar uma poda, deixando-a com uma altura de 3 metros.&nbsp;

Em 2018, outra gameleira, que ficava na Praça Universitária, no Setor Universitário, foi retirada devido aos graves danos causados por um incêndio. A árvore também já havia sido alvo de incêndios outras duas vezes.&nbsp;

Em 2016, foi a vez de uma árvore de mesmo exemplar ser extirpada no Setor Negrão de Lima. À ocasião, o Corpo de Bombeiros atuou no local, mas isso não foi suficiente para salvar a gameleira.

Um incêndio também deu fim a uma gameleira que ficava na Avenida Paranaíba, entre a Rua 4 e a Avenida Anhanguera, no Centro de Goiânia. O exemplar era de 18 metros e era considerado um dos mais antigos da capital.&nbsp;

<h2> 
Nota da Agência Municipal do Meio Ambiente</h2>

"A Amma informa que autorizou a retirada de uma Gameleira- Ficus Doliaria na Avenida Araguaia com a Contorno, no Centro. A autorização realizada por técnicos leva em consideração os riscos de queda das galhas e da própria árvore após o incêndio que comprometeu toda a estrutura do exemplar arbóreo.

Foi constatado que o exemplar de Gameleira- Ficus Doliaria apresenta queimadura em seu miolo central, além disso o excesso de peso em sua formação pode agravar os riscos.

Após comprovação técnica, e em conformidade com a lei do Plano Diretor de Arborização Urbana que permite a retirada de árvores comprometidas, a Amma deferiu a autorização para retirada por parte da Coompanhia de Urbanização de Goiânia (Comurg).

É importante destacar que os motivos do incêndio cabem investigação por parte da Delegacia Estadual de Meio Ambiente (DEMA) e que se for comprovado incêndio criminoso, além de multa o responsável pode responder inquérito policial. Além da responsabilização na esfera administrativa, em caso de flagrantes com multa e apreensão do material utilizado na prática da infração, por parte da Amma, todos os casos penalizados pela Agência são encaminhados para a Delegacia Estadual de Meio Ambiente (DEMA). Somada a outras legislações, as multas para quem retira a árvore por completo, sem as devidas autorizações, podem variar de R$ 1.617 a R$ 5.579 conforme a gravidade do dano ambiental.

Vale ressaltar ainda que de forma preventiva, o morador de Goiânia deve abrir o processo de Poda e Retirada de Árvores em calçadas nas unidades do Atende Fácil ou na sede da Amma. Após o cadastro do pedido, analistas avaliam a solicitação, realizam a visita in loco para verificar as condições fitossanitárias do exemplar arbóreo, e emitem a autorização via sistema. A solicitação pode ser feita diretamente no site oficial do município: www.goiania.go.gov.br, por meio do sistema de Processo Eletrônico Digital (PED).

Após a emissão de parecer técnico por parte da Amma, a poda ou retirada da árvore é realizada pela Comurg.&nbsp;

Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) – Prefeitura de Goiânia"

&nbsp;

Polícia Civil vai investigar incêndio que atingiu gameleira da Avenida Araguaia

Meio ambiente 

O Popular