-Imagem (1.2454325)O psicólogo Rafael Alves dos Santos, de 33 anos, foi vítima de racismo em uma rede social após comentar uma publicação no perfil do jornal Estadão, sobre um curso que será oferecido por uma universidade, ministrado pela cantora Anitta. No post, o goiano rebateu um comentário depreciativo feito por um usuário contra a carioca, o que motivou a reação racista.“Agora no Brasil qualquer porcaria pode dar aula? Brasil indo de ladeira abaixo, o que não é de se espantar. Brasil perdido a cada dia que se passa com essa péssima escolha”, escreveu o usuário que não será identificado pela reportagem para não atrapalhar nas investigações da Polícia Civil. Ele foi rebatido na sequência por Rafael. “Ohhhh senhor advogado, pesquisa um pouquinho sobre a história da Larissa e deixa a artista Anitta de lado. Você vai se surpreender com a inteligência dela, formada em administração, poliglota, bilionária, conseguiu isso gerenciando sua própria carreira e tendo apenas 29 anos. Acho que não é qualquer porcaria né?!”, escreveu o goiano.Na sequência o usuário respondeu ironicamente concordando com as afirmações do goiano. Foi neste momento que as ofensas começaram. “Se puxar sua ficha, encontraremos quantos B.O.? (Sic) Ou é procurado pela justiça? Bem, na dúvida, salvei algumas fotos suas, se não me engano, já vi um caso criminoso na TV, parecia muito com você. Sempre é bom ter cuidado com pessoas tipo você”, escreveu o perfil.Ao POPULAR, Rafael relatou que o comentário racista aconteceu dentro da publicação aberta do perfil do jornal e que ficou em choque assim que se deu conta do teor das frases. “Quando eu li eu não senti nada. Fiquei sem acreditar. Só depois que fui perceber que fui vítima de racismo”, disse ainda incrédulo.A vítima disse ainda que essa foi a primeira vez em que foi ofendido verbalmente em relação a sua cor. “De forma escancarada foi a primeira vez. Nas outras sempre foram com olhares tortos ou em processos seletivos, mas sempre de forma velada, nunca verbal”, lamenta.Após a sequência de ofensas na postagem do jornal, o autor continuou os ataques no perfil pessoal do psicólogo. O suspeito também publicou comentário homofóbicos após encontrar fotos do goiano com o marido. “Isso não é amor, é sem-vergonhice”, comentou em uma publicação. O suspeito bloqueou Rafael e deletou as postagens. Registro de ocorrênciaNa tarde desta segunda-feira (11), o psicólogo esteve na sede do Grupo Especializado no Atendimento à Vítima de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), no Jardim Bela Vista, para o registro da ocorrência. Rafael foi ouvido pelo delegado titular do Geacri, delegado Joaquim Adorno, que será responsável pela investigação.Na delegacia, Rafael apresentou ao delegado os prints com as falas racistas e homofóbicas postadas pelo usuário. Segundo Adorno, a investigação agora parte para a coleta de provas e de depoimentos das testemunhas. No fim da tarde, Rafael postou um vídeo agradecendo o apoio que recebeu na internet.Como provar?O delegado titular do Geacri destaca a importância de alguns procedimentos que podem ajudar nas investigações de crimes raciais e de intolerância religiosa, e devem ser realizados na sequência do crime. A primeira é copiar a URL de cada postagem, o que significa copiar o link ou endereço da publicação na rede, além do print do conteúdo. Os procedimentos, somados à prova testemunhal, ajudam na localização do autor das ofensas. Criado em agosto de 2021, o Grupo Especializado no Atendimento à Vítima de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri) registrava entre uma média de 10 denúncias relacionadas ao mês. De acordo com o delegado, nos últimos meses a média saltou para 22 casos/mês.Como denunciar?As denúncias de caso de racismo podem ser feitas na sede do Geacri, que fica localizado no prédio anexo à Escola Superior da Policia Civil de Goiás, na Avenida Planalto, S/N, no Jardim Bela Vista, em Goiânia, ou pelo telefone (62) 3201.2440 e também pelo WhatsApp (62) 98495.2057. Outras denúncias também podem ser encaminhas pelos e-mails geacri.pcgo@gmail.com ou geacri-goiania@policiacivil.go.gov.br.Leia também:Vídeo flagra injúria racial contra aluno em jogo de basquete, em Caldas Novas: ‘seu preto’Volante do Goiás registra queixa de injúria racial, e Polícia Civil abre inquéritoVítima de injúria racial, árbitro de Rio Verde se solidariza com volante do Goiás-Imagem (1.2454331)