O governo estadual trabalha em estratégias que visam a complementar o isolamento 14 x 14, decretado na última terça-feira (30), para combater o novo coronavírus (Sars-CoV-2) em Goiás. A ideia, que ainda está em formatação pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), é instituir centros de testagem em Goiânia e no interior, além de aprimorar o telemonitoramento de casos confirmados e os contatos de destes.O titular da SES, Ismael Alexandrino, diz que a proposta consiste em colocar pontos nos hospitais de campanha (HCamps), na área externa, para a realização de testes em sistema drive-thru, previamente agendados. Para ampliar o rastreamento, a pasta utilizará a telemedicina.“A pessoa que tiver algum tipo de sintoma precisa agendar (o exame). Depois ela faz o teste e vai para casa. Caso o resultado dê positivo para Covid, a telemedicina vai acionar essa pessoa e seus contactados”, afirmou.O superintendente de Atenção Integral à Saúde da SES-GO, Sandro Rodrigues, informou ao POPULAR que o governo federal já anunciou a ampliação dos testes e que Alexandrino trata da questão junto ao Ministério da Saúde. A pasta também busca fornecer um suporte sobre as estratégias de isolamento ao municípios. Segundo Rodrigues, o desenho das medidas foi apresentado nesta quarta-feira (1º) ao governador Ronaldo Caiado (DEM) para validação.De acordo com o superintendente da SES-GO, a testagem impacta no respeito ao isolamento social por parte dos contaminados. “É uma questão de aumentar a capacidade de testagem, justamente para a população se conscientizar ‘estou positivo, então preciso ficar em casa.”Rodrigues afirma que os casos confirmados têm um acompanhamento por telefone periódico que também se estende aos contatos próximos. É previsto que, com mais testes, seja incrementado o número de profissionais que atuam na Central de Orientação do Estado (Core), encarregada da tarefa. “A gente vai detalhar quem deverá ser testado e quem não precisa.”Outro papel importante é a orientação dos monitorados sobre o momento dos exames serem realizados. O objetivo é que a coleta de material seja feita no momento adequado e, assim, evitar que um teste rápido seja feito antes da produção de anticorpos pelo organismo - entre 10 e 14 dias - o que não permite o correto diagnóstico.As medidas planejadas pela Secretaria de Saúde convergem para a ideia de se ter mais ferramentas coordenadas no combate à pandemia, que constam na apresentação do Grupo de Modelagem da Expansão Covid-19, da Universidade Federal de Goiás (UFG), feita ao governador e a prefeitos pelo professor doutor Thiago Rangel.RastreamentoUma das propostas do grupo da UFG é para que seja feito um rastreamento de contatos (veja quadro). As projeções do modelo indicam que, se “aplicados imediatamente” o isolamento 14 x 14 e o monitoramento das pessoas mais próximas de quem testa positivo para a Covid-19 podem, no longo prazo, poupar 10.283 vidas, o equivalente à população de Petrolina de Goiás.Na apresentação do grupo, Thiago Rangel deixou claro que é preciso que o isolamento seja implantado para reduzir casos e dar condições ao rastreamento de contatos. A taxa de transmissão estimada em Goiás hoje está entre 1,4 e 1,5. Desta forma, cada 10 pessoas contaminadas transmitem para pelo menos 14. Com uma taxa de efetividade de 50% na estratégia, o número cairia à metade. Goiânia quer buscar contatosA Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia afirma que prepara uma ampliação do Centro de Investigação Estratégica em Vigilância em Saúde (Cievs), responsável por fazer o rastreamento de pessoas próximas aos casos positivos. “Cresceu muito o número de casos. A proposta é ampliar esta equipe para fazer esta busca de casos”, explica a médica sanitarista da SMS, Marta Silva.Marta afirmou que a ideia é também buscar as pessoas que não são contatos de confirmados. O aumento do trabalho passa por desafios, diz ela, como capacitação de pessoal e a aquisição de insumos.A médica da SMS esclarece que com o acompanhamento dos casos suspeitos e confirmados, feito pelo serviço de telemedicina, em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), as pessoas que residem com quem está infectado são verificadas. “Quando a equipe liga na casa do paciente, se tem alguma outra pessoa que tem contato e começa a ter sintoma, o serviço nosso faz a notificação do caso.” Além da capital, outros municípios goianos utilizam este tipo de estratégia, afirma o superintendente de Atenção Integral à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), Sandro Rodrigues. A apresentação do grupo de pesquisadores da UFG orienta para que o caso confirmado cumpra um isolamento e os contatos próximos rastreados respeitem uma quarentena de dez dias. Uma testagem pode influenciar no prazo.Nem todas as pessoas que têm contato com o caso confirmado necessitam de monitoramento. Os critérios são definidos tecnicamente e podem ser baseados em protocolo do Ministério da Saúde. Geralmente são pessoas que residem no mesmo imóvel ou trabalham juntas.-Imagem (1.2078503)