Três hospitais que estavam prestes a abrir as portas foram colocados à disposição do combate à pandemia do novo coronavírus em Goiás. São unidades da esfera pública municipal, estadual e federal. Se os respectivos gestores conseguirem colocá-las para funcionar em plena capacidade, juntas elas poderão ofertar à população do Estado 1.008 leitos dedicados às vítimas da doença (Covid-19). Mas equipá-las será o grande desafio.O governo de Goiás já havia anunciado que o Hospital do Servidor teria uma mudança na destinação para atender a situação de emergencial causada pela pandemia. A unidade, que agora se chama Hospital de Campanha, tem capacidade para 222 leitos, mas deve abrir as portas com 40 em funcionamento. A Universidade Federal de Goiás (UFG) também colocou o prédio do novo Hospital das Clínicas (HC) à disposição, mas para isso precisa de recursos para os 600 leitos previstos .Neste domingo (22), o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), anunciou que a Maternidade Célia Câmara, conhecida como Maternidade Oeste, terá 186 leitos dedicados ao enfrentamento da pandemia. O prédio construído no Conjunto Vera Cruz tinha previsão de ser entregue no fim do mês, mas a Prefeitura recorreu ao Ministério da Saúde para conseguir recursos.Com cerca de 15 mil metros quadrados de área construída, o projeto da maternidade previa 62 leitos de obstetrícia, 23 de ginecologia, 10 de UTI neonatal, 9 de cuidados intermediários, 31 leitos pediátricos e os demais em outras áreas. “Determinei que a secretária da Saúde prepare a Maternidade Célia Câmara, que está prestes a ser inaugurada, para que ela possa receber, neste momento, pacientes com o novo coronavírus. Nosso objetivo é instalar 186 novos leitos de UTI no local e garantir o atendimento devido e isolado. Para agilizar o processo de adequação, pedimos que o Governo Federal nos auxilie com envio de equipamentos para UTI”, explicou Iris.O pedido foi feito durante reunião por videoconferência entre o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e a Frente Nacional dos Prefeitos. A pauta do encontro virtual foi a adoção de medidas para enfrentar a pandemia de coronavírus no Brasil.O prefeito não informou quanto precisaria para comprar móveis e aparelhos, mas ouviu do ministro que apesar não exister uma restrição financeira, há uma grande dificuldade com a disponibilidade de equipamentos atualmente.A reportagem não conseguiu contato com a secretária municipal de Saúde, Fátima Mrue, para dar detalhes sobre a abertura emergencial. No entanto, apurou que a pasta busca alugar respiradores para serem utilizados neste período de crise. Presidente de comissão da Câmara defende abertura de leitos dedicadosMédico e membro da Comissão Externa do Coronavírus da Câmara Federal, o deputado Zacharias Calil diz que a abertura de leitos exclusivos são medidas de fundamentais para achatar a curva de crescimento do número de casos em Goiás. “Quanto mais leitos nós tivermos e quanto mais precoce for o diagnóstico para o tratamento desses pacientes, melhor será o controle da doença”, afirmou.Zacharias explicou que nem todos os casos vão precisar de terapia intensiva, mas destacou outro ponto importante da abertura de leitos. “Existem outros pacientes que sem o cuidado de uma UTI podem ter o quadro clínico piorado.”O parlamentar diz que o que mais escuta na comissão é que não há leitos de UTIs. “Eu vejo aí fora do nosso Estado a quantidade de problemas que estão enfrentando, inclusive abrindo estádios como hospital de campanha. Nesse ponto, Goiás está privilegiado, porque conta estruturas prontas para entrar em funcionamento”, destacou. Afirmou ainda que a bancada goiana está sensível aos pedidos para equipar as unidades de saúde (leia mais na página 4).Agir vai gerenciar o Hospital de CampanhaO Hospital de Campanha para o enfrentamento do coronavírus em Goiás (HCamp) deverá ser aberto nesta semana. A unidade dedicada será gerida pela Associação Goiana de Integralização e Reabilitação (Agir). A contratação em caráter emergencial foi publicada no Diário Oficial do Estado na última sexta-feira (20).A organização social Agir é responsável pela gestão de outras duas unidades de saúde: o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) e o Hospital Estadual de Urgências da Região Noroeste de Goiânia Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). De acordo com o despacho da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), a contratação por um período de até 180 dias tem o valor estimado de R$ 57.759.449,04.“O gerenciamento do hospital nos moldes propostos será temporário, apenas enquanto perdurar o estado de emergência causado pelo coronavírus”, diz o documento. LeitosConstruído para ser o Hospital do Servidor, com capacidade prevista par 222 leitos, o local foi anunciado pelo governo de Goiás como unidade de retaguarda para o tratamento de pacientes graves infectados por coronavírus. De acordo com o anúncio oficial, ele abrirá com 40 leitos.No entanto, o POPULAR apurou que a unidade já conta com 211 camas. Uma parte desse mobiliário foi remanejada do Hospital Regional de Uruaçu, no Norte do Estado. “Diante da emergência em saúde, a SES-GO está transferindo camas do hospital que está em obras em Uruaçu para o Hospital de Campanha, em Goiânia. Já que as obras do Hospital de Uruaçu ainda não foram finalizadas, as camas, que não estão sendo utilizadas e já estavam no local, contribuirão para a estruturação do Hospital de Campanha”, informou a secretaria por meio de nota. O objetivo do remanejamento do mobiliário, segundo a SES, é viabilizar a abertura da nova unidade no menor tempo hábil possível. O Hospital de Campanha deverá atender pacientes de diversas regiões do Estado. A SES preferiu não adiantar a data da inauguração do HCamp. Mas em entrevistas anteriores, o titular da pasta, Ismael Alexandrino, afirmou que a abertura dos leitos será progressiva. Inicialmente 40, depois 30, depois 38, e assim por diante até chegar aos 222. Neste domingo, em seu perfil no Instagram, o secretário anunciou que haverá contratação de médicos, mas não deu detalhes se será pela SES ou pela OS.