Para criar um modelo mais flexível de unidade de conservação, o governador Marconi Perillo (PSDB) deve assinar, nesta manhã, o ofício mensagem que pede a alteração da lei estadual à Assembleia Legislativa de Goiás, sobre a inclusão da Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável (RPDS) entre as categorias previstas na legislação. O ato será realizado durante o lançamento da Reserva Legado Verdes do Cerrado, em Niquelândia, no Norte goiano, iniciativa que promete aliar produção e preservação ambiental.O modelo de RPDS foi proposto pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do grupo Votorantim, para atender o projeto de desenvolvimento sustentável da empresa, que inclui a Reserva Legado Verdes do Cerrado. A principal diferença entre a RPDS as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), já previstas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), está no fato de que modalidade prevista na lei não permite exploração econômica de certas atividades como a agricultura, a pecuária e a silvicultura.Diretor das Reservas Votorantim, David Canassa defende que é possível preservar e produzir ao mesmo tempo. “Vamos apresentar amanhã (hoje) o modelo da Legado Verdes do Cerrado para toda a cidade e anunciar o início das atividades. Vamos pesquisar o Cerrado e os potenciais que existem no bioma para novas possibilidades.”Canassa diz que para conhecer e preservar o Cerrado, a reserva estabelece parcerias com a Universidade Estadual de Goiás (UEG) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). “A Votorantim investe, juntamente com a Fapeg, 300 mil para pesquisas dentro da Legado Verdes”, diz. O convênio será anunciado durante o lançamento. A primeira linha de pesquisa é para estudar os frutos do Cerrado e desenvolver uma cadeia produtiva para Goiás.Na ocasião, segundo Canassa, também será apresentado o viveiro de mudas do Cerrado, que já está instalado no local. “Nossa expectativa é produzir 70 mil mudas por ano.”ReservaA reserva é composta por dois núcleos: as fazendas Engenho e Santo Antônio da Serra Negra. Separadas a poucos quilômetros uma da outra, as duas totalizam 32,5 mil hectares. Ambas pertencem à companhia desde 1974.Com 27,4 mil hectares, a Engenho abriga nascentes de três rios: Peixe, São Bento e Traíras. Nela, em uma área de 5 mil hectares, o grupo cria gado, produz soja e desenvolve atividades de silvicultura.Após nascer dentro da fazenda, o Rio Traíras, fonte de abastecimento público de Niquelândia, percorre 52 quilômetros na área da reserva. A própria captação da cidade fica dentro da propriedade. “Vamos assinar convênio com a UEG para mapear o Rio Traíras. É uma pesquisa inédita, nunca ninguém fez na região”, diz Canassa.A Fazenda Santo Antônio Serra Negra, nas proximidades do Lago da Serra, conta com 5,1 mil hectares. A maior parte da propriedade é composta por Cerrado bem preservado.Se o novo modelo de unidade de conservação for aprovado na Assembleia Legislativa, a companhia poderá manter as atividades agropecuárias dentro da reserva.Mas, com o título de RPDS em mãos, a CBA/Votorantim pretende desenvolver novas atividades, como viveiro de mudas de frutos do cerrado e de reflorestamento, educação ambiental, ecoturismo e também apicultura.