A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) desistiu de permitir a liberação do uso do lago na barragem do João Leite para exploração turística. Em nota, a pasta disse que a decisão veio após discussões acerca dos planos de Manejo e Uso Público e da Zona de Amortecimento do Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco e do Parque Estadual do João Leite, "ocorridas em consulta pública com ampla participação popular". "Decidiu-se pelo uso hídrico do Reservatório do João Leite exclusivamente para abastecimento da Região Metropolitana da Capital, como já ocorre", afirmou a Semad, no documento. Mais cedo o deputado estadual Virmondes Cruvinel (UB) havia publicado em suas redes sociais a informação, mas a confirmação oficial veio agora por volta de 12h30. AudiênciaA audiência foi realizada no dia 18 e a proposta do governo estadual foi duramente criticada por especialistas e autoridades. As reclamações se devem ao fato de a água da barragem ser destinada ao abastecimento de Goiânia e região, além dos aspectos ambientais. "Após a análise das contribuições e ampla discussão, a decisão foi tomada em convergência com a manifestação e consenso da maioria, ouvidos técnicos e especialistas", informou a Semad.O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) afirmou ainda que o estado não cumpriu programas do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental do João Leite (APAJoL) que visavam garantir a proteção do reservatório destinado ao abastecimento público. Isso porque, segundo o órgão, discussão sobre uso do lago para lazer começou antes de estudo de viabilidade e programas essenciais do Plano de Manejo.Bacia prejudicadaO Ribeirão João Leite integra a Bacia Hidrográfica do Meia Ponte, que também fornece água para outras atividades, como indústria e agricultura, na região metropolitana de Goiânia e outros municípios do estado.Com a discussão sobre a possibilidade de uso recreativo do local, especialistas e o presidente do comitê da Bacia do Meia Ponte, Fábio Camargo fizeram vários alertas sobre os impactos negativos da medida. Além disso, falaram ainda sobre o possível aumento no custo do tratamento da água decorrente da liberação para lazer.O comitê é uma estrutura consultiva e deliberativa, no entanto, conforme Camargo, não houve consulta por parte da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) ao colegiado. Ele disse também que o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cemam) também não foi pautado sobre o assunto.Consulta públicaNo dia 25 de março, a Semad abriu uma consulta pública sobre os Plano de Uso Público e de Manejo dos parques estaduais do João Leite (PeJoL) e Altamiro de Moura Pacheco (Peamp). O reservatório está dentro das duas unidades de conservação, que são circundadas pela Área de Proteção Ambiental do João Leite (APAJoL). O Plano de Uso Público permitiria caiaque, natação, stand up paddle, entre outras práticas.AbastecimentoGoiânia e Aparecida de Goiânia são abastecidas por mananciais da Bacia Hidrográfica do Meia Ponte. O Rio Meia Ponte tem captação direta e tratamento. O ribeirão João Leite fornece recurso hídrico para a Estação de Tratamento de Água (ETA) Jaime Câmara e também para o reservatório. A água deste último passa pela ETA Governador Mauro Borges.Leia também:Lazer no João Leite vai afetar toda a bacia do Meia Ponte, alerta comitêMP diz que estado não cumpriu medidas para proteger João LeiteLiberação de lazer no reservatório do João Leite recebe duras críticasLago do João Leite pode ser liberado para lazer