Na última semana, entre os dias 8 e 14 de setembro, o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) verificou 256 focos de queimadas na Região Metropolitana de Goiânia. O número significa uma média de 36,4 incêndios a cada 24 horas na última semana. Em Terezópolis de Goiás, são 52 focos registrados pelo satélite NPP375, o mesmo utilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para o monitoramento de focos de queimada. Na tarde deste domingo (14), os principais focos eram no Parque Estadual do João Leite (Pejol), conforme alerta da Defesa Civil Estadual e o Corpo de Bombeiros, também localizado na região norte da capital. O local recebe a ação dos bombeiros desde a manhã do dia 7 passado e há uma estimativa, de acordo com os satélites, de que o fogo já atinja cerca de 29 quilômetros quadrados (km²), quantidade não confirmada pelo Corpo de Bombeiros. Apenas em Goiânia, foram dez focos de queimadas, seis na região norte, justamente a que faz divisa com Terezópolis de Goiás e o Pejol. Para ter uma ideia, na mesma semana do ano passado, ainda de acordo com o levantamento do Cimehgo, foram registrados seis focos de incêndio na capital, nenhum deles na região norte. Na ocasião, foram dois focos na região oeste e dois na sudoeste, um na leste e um na noroeste. Neste ano, além dos seis casos na região norte, há outros dois na região oeste, um na sudoeste e um na noroeste. O satélite NPP375 registrou ainda, no período mencionado, 17 queimadas em Goianápolis, 23 em Santo Antônio de Goiás e 5 em Nerópolis, todos municípios localizados ao norte da capital. Porém, o problema não se concentra apenas ao longo da GO-080 e na BR-153 no sentido Goiânia a Anápolis. Em Aparecida de Goiânia, os bombeiros contaram com o apoio de chacareiros para conter o sexto incêndio na Área de Proteção Ambiental (APA) Serra das Areias nos últimos 30 dias. Nesse caso, o foco foi iniciado no final da tarde de sábado (13), próximo à divisa com Aragoiânia e Nova Fátima e chegou a ser contido, mas houve reignição no começo da tarde de domingo (14). De acordo com o levantamento do Cimehgo, nesta semana foram 17 focos de queimadas registrados em Aparecida de Goiânia e outros 34 em Hidrolândia, ambos municípios ao longo do trecho sul da BR-153. “Fogo é algo bem interessante – ou, melhor dizendo, intrigante. Algumas informações que chegaram são de pessoas colocando fogo com várias desculpas, desde limpeza até descuidos”, relata o gerente do Cimehgo, André Amorim. Ele complementa que, pela situação do tempo na região, o foco de alastra com facilidade, impulsionado pelo chamado “fator 30/30/30”. Esse fator se refere a uma condição que aumenta o risco de incêndios florestais e urbanos. Nesse caso, há uma temperatura alta, acima de 30ºC, o que “favorece a evaporação de umidade da vegetação, deixando-a mais seca e inflamável”, conforme explica o Cimehgo. O órgão complementa ainda que em Goiás temos também a umidade relativa do ar abaixo de 30%, o que torna a vegetação mais suscetível à ignição e a propagação rápida do fogo e, ainda, com vento moderado a forte, com 30 km/h ou mais, isso faz com que se acelere a queima e a dispersão do fogo, o que dificulta o combate ao incêndio. Para ter uma ideia, para esta segunda-feira (15), Goiás tem 150 das 246 cidades em situação de risco de incêndio. Além disso, todas as regiões, parques estaduais e APAs estão com risco alto de incêndio, segundo o boletim informativo do órgão.Válido lembrar que o levantamento do Cimehgo se refere à quantidade de queimadas registradas via satélite. Tecnicamente, são verificados qualquer foco de fogo que possa ser registrado a até 375 metros, de acordo com a tecnologia utilizada pelo satélite em questão (NPP375). Os incêndios são considerados queimadas que saem do controle e, por isso, possuem quantidade mais restrita do que a de queimadas. Ao mesmo tempo, um incêndio, dentro do entendimento de ocorrência para o combate, normalmente feito pelos Bombeiros, pode ser causado por vários focos de queimadas em um mesmo local, como no caso do Parque Estadual João Leite. Por exemplo, o Corpo de Bombeiros registraram, neste mês, até o dia 12 de setembro, 1.370 ocorrências de incêndio urbano em todo o Estado de Goiás. Não há dados públicos por cidade ou região. Em 2024, levando em conta todo o mês, foram 3.072 ocorrências.Quanto a Goiânia, a Defesa Civil Municipal, por meio do porta-voz Robledo Mendonça, alerta que está demandando esforços “para proteger os parques, evitar incêndios e prejuízos ao meio ambiente, mas se a população não se conscientizar, iremos passar por dias difíceis”. “O calor, o tempo seco, a baixa umidade e a fumaça das queimadas causam riscos a saúde. Sem falar nos danos ambientais incalculáveis, a fauna e a flora sofrem grandes perdas”, afirma. Na sexta-feira (12), o Jardim Botânico foi foco de incêndio em sua vegetação.