Um grupo de advogadas de Goiás começou há 1 ano a oferecer assistência jurídica e psicológica gratuita para mulheres que sofrem violência doméstica. Idealizado por Lídia Alves, o movimento “Unidas: Mulheres que Levantam outras Mulheres” busca ajudar vítimas que não têm condições de pagar um advogado ou um psicólogo.Na maioria dos casos, as solicitações de ajuda e denúncias são feitas através do perfil no Instagram do @unidasgo, mas o grupo está trabalhando para logo ter um canal de atendimento no Whatsapp também. De acordo com Lídia, o movimento surgiu de uma inquietação pessoal com o aumento do número de casos de feminicídio durante a pandemia. “O objetivo é trazer apoio a essas mulheres, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade. Queremos chegar onde o estado não consegue”, explica.Em um ano de existência, o Unidas já atendeu mais de cem mulheres. A maioria dos atendimentos é casos locais, mas já houve ocorrências até mesmo fora do país, na Finlândia. Uma finlandesa que sofria abuso psicológico encontrou no grupo anapolino acolhimento e esperança de libertação.Segundo a idealizadora do movimento, um dos casos mais marcantes foi de uma mulher que sofria abuso psicológico há mais de 10 anos. “No caso da violência física, a agressão acontece e depois é cessada, já a psicológica é contínua. O agressor trabalha na mente da mulher, colocando ela como a errada e minando completamente sua coragem”, conta Lídia. Outro caso emblemático foi de assistência às vítimas de um líder religioso de uma tradicional igreja na capital. Um grupo de oito mulheres que sofriam assédio e abuso sexual por um pastor evangélico procuraram a ajuda das advogadas. A situação foi noticiada e o abusador veio a óbito meses depois.FeminicídioA Secretaria de Segurança Pública do Estado Goiano (SSP), divulgou que em Goiás houve um aumento de 23% de casos de feminicídio entre 2020 e 2021, e com o objetivo de reduzir esse número de vítimas, surgiu o projeto Unidas. O grupo de advogadas conta também com o apoio de psicólogas e uma jornalista.As advogadas realizam cerca de dois a três atendimentos por semana. Além do apoio jurídico, o grupo articula estratégias para apoio psicológico, social e emocional das vítimas, mas visa ir além. “O objetivo, após o atendimento, é conseguir fazer um encaminhamento dessas mulheres ao mercado de trabalho. Percebemos que a maior parte das vítimas continua sofrendo abuso por dependência financeira do agressor”, explica a idealizadora do movimento. Lídia Alves também participa da Comissão de enfrentamento a violência contra a mulher, em Aparecida de Goiânia. O objetivo é que, com essas redes de apoio, as mulheres vítimas de assédio e/ou violência sexual não se sintam sozinhas ou desamparadas para enfrentarem seus agressores.Leia também: Pesquisadora da UFG é vencedora do 5º Prêmio Mulheres Brasileiras na QuímicaRally da Mulher chega a 20ª edição em 2022