A administração do Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) será feita por uma nova Organização Social (OS) a partir do dia 1º de janeiro de 2022. Esta será a terceira mudança de gestão feita nos quatro anos. A saída do Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), administradora da unidade desde dezembro de 2019, se dá um ano antes do que previa o contrato. O Estado e a OS não explicam a retirada e dizem que a decisão teria sido feita em “comum acordo”.Com a nova troca, o Hugo terá a quarta gestora desde que adotou o modelo de administração por OS, em 2012. A nova gestão será escolhida por processo ainda a ser aberto pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). “Existem diversos processos administrativos e legais que precisam ser observados e analisados pela Procuradoria-Geral do Estado, não havendo, portanto, no momento, qualquer definição de nova Organização Social para assumir a unidade”, diz a nota.Sobre os receios de impactos negativos para usuários do hospital, a SES diz que a transição está sendo acompanhada por uma comissão “para que o processo seja realizado de forma responsável, tranquila e respeitosa para com os trabalhadores e com a população, sendo conduzido com total transparência para que não ocorram prejuízos financeiros e assistenciais”.No comunicado sobre a saída, o INTS, que recebe R$ 15,5 milhões por mês para administrar o Hugo, não diz o que teria motivado o desligamento. A OS é a mesma gestora do Hospital Estadual de Itumbiara São Marcos, o Hcamp de Itumbiara, e, a princípio, permanecerá conduzindo a unidade.CríticasA gestão do INTS no Hugo é alvo de críticas do deputado estadual Gustavo Sebba (PSDB), que preside a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). O parlamentar diz que a empresa estava conduzindo o hospital de forma desorientada e afetando os usuários que precisam da unidade.“O problema está na gestão da OS. O fluxo estava muito ruim, a administração estava deixando a desejar. A troca é acertada”, diz o deputado, que cita denúncias de pacientes em corredores e recorrência em suspensão de cirurgias, que é um dos pontos de atenção estipulados pelo contrato assinado com o Estado.Por conta da pandemia da Covid-19, as metas estipuladas no contrato foram suspensas e o acompanhamento mostra que pontos como o porcentual máximo de suspensão de cirurgias não foram cumpridos, ficando acima do 1% previsto. O porcentual ficou maior que o estipulado em oito dos nove meses deste ano que têm dados disponíveis.“A pandemia não justifica. É preciso judicializar (a questão). O Estado não pode ficar com este prejuízo. A OS deve receber pelo que entregou e também pela qualidade que ofereceu”, cobra Sebba.A empresa, por sua vez, diz que em razão das metas terem sido suspensas a questão não está em discussão, enfatizando que a decisão pela saída foi tomada em comum acordo com o Estado.Para Sebba, o diferencial para a próxima gestão seria uma análise mais criteriosa do Estado quanto à capacidade operacional das participantes no processo de seleção. “Goiás tem muitos exemplos de modelos que deram certo. Temos o Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer). O Estado tem de fazer o chamamento com um edital mais exigente, que priorize a experiência e qualidade da OS”, considera o deputado.FuncionáriosSobre os atuais funcionários que atuam pelo INTS no Hugo, a SES diz que, para atender questões trabalhistas, haverá o desligamento dos mesmos. A pasta diz, no entanto, que as equipes serão recontratadas pela instituição que assumir a gestão do local.“A SES reitera que zela pela manutenção da boa assistência ao cidadão goiano no Hugo com prestação de um serviço com qualidade e segurança no local”, acrescenta a pasta em nota.