Sem repasse da Prefeitura de Goiânia para cobrir as dívidas atrasadas de 2021, o Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas) está tirando os recursos do próprio orçamento de 2022. Foram dois repasses neste ano, que juntos somam R$ 46 milhões para a Diretoria de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia do Imas. Para comparação, é mais de 10 vezes tudo que foi repassado de crédito suplementar para esta diretoria no ano passado.Foram publicadas no Diário Oficial do Município (DOM) duas autorizações da Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) para abertura de crédito suplementar retirando do orçamento para as despesas deste ano primeiro R$ 21 milhões no dia 14 de março e agora, no dia 1º, mais R$ 25 milhões.Os recursos saíram do orçamento previsto para pagar as despesas com pessoas jurídicas prestadoras de serviço deste ano e foram realocados para dívidas de exercícios anteriores, no caso, como O POPULAR apurou, mais as de outubro a dezembro de 2021“A adequação no orçamento autorizada, no valor solicitado, se faz necessária para quitar serviços prestados ao instituto pelos prestadores credenciados, estimados até a competência de dezembro”, afirmou a assessoria de comunicação da Prefeitura.Levantamento feito pelo POPULAR no DOM de anos anteriores mostra que é a primeira vez que se faz este tipo de operação com o Imas num volume tão expressivo. Em 2021, foram quatro autorizações que somaram em torno de R$ 4,3 milhões. Em 2020, não consta abertura de crédito suplementar para tal diretoria do instituto.O Imas vive uma crise que se acentuou no começo deste ano, com a suspensão de diversos serviços prestados por médicos e clínicas que aderiram ao instituto, uma espécie de plano de saúde dos servidores públicos municipais. No dia 4 de fevereiro, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) mudou a presidência do órgão, colocando no lugar o advogado Jefferson Leite, servidor de carreira na pasta da Saúde.No final de março, em entrevista ao POPULAR, Jefferson contou que a receita mensal do Imas gira em torno de R$ 12 milhões, causando um déficit de R$ 5 milhões a cada 30 dias. Ainda segundo ele, a dívida acumulada do órgão já superava R$ 90 milhões quando tomou posse. Por isso, membros do Conselho de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais de Goiânia (Conas), formado em parte por representantes dos servidores públicos, defendem que a Prefeitura faça um repasse extra para cobrir o rombo.O presidente do Imas também defende a redução do número de prestadores de serviço cadastrados no sistema para maior controle sobre o destino dos gastos, argumentando que isso não comprometeria os atendimentos, pois atualmente o problema estaria na falta de pagamentos. Tanto ele como a Prefeitura afirmam que estão preparando um plano de recuperação do instituto, sem mais detalhes tornados públicos até o momento.-Imagem (Image_1.2354524)