Gabriela Lima

Um incêndio na COP30 suspendeu as atividades no penúltimo dia da conferência climática, em Belém, na tarde da quinta-feira (20). O fogo destruiu o pavilhão da África na blue zone, área oficial da ONU destinada às delegações e negociações do evento.

Equipes de emergência controlaram as chamas rapidamente. De acordo com as informações oficiais, não houve feridos, apesar do grande fluxo de ambulâncias na parte dos fundos da Blue Zone.

<div class="p-readmore-box">
&nbsp;<a href="https://opopular.com.br/cidades/com-participac-o-de-goianos-2-semana-da-cop30-foca-jovens-1.3338308">Com participação de goianos, 2ª semana da COP30 foca jovens</a>
</div>

A área onde a conferência está instalada, no Parque da Cidade, foi evacuada e ainda não há informações se as atividades da COP serão retomadas ainda nesta quinta-feira.

Informações preliminares apontam para um curto-circuito como possível origem, mas a investigação ainda está em andamento.

A UNFCCC, responsável pelo evento, informou que o Corpo de Bombeiros do Brasil assumiu as instalações para realizar verificações de segurança. Uma atualização da situação está prevista para o fim da tarde.

Incêndio suspende COP30 no penúltimo dia do evento em Belém

Cidades

Cidades - título

Assine - Offers Target - 2

Matéria - Cidades

área oficial da ONU

Por volta das 14h, um incêndio atingiu a área dos países do pavilhão principal da COP30. A segurança orientou que o prédio fosse evacuado. Imagens mostram fumaça saindo das tendas do espaço. Os bombeiros ordenam a saída do local e há alarmes de incêndio.

Segundo bombeiros que estão atendendo a ocorrência, o fogo começou atrás do estande da Itália. Na correria, muitos dos participantes ajudaram a levar extintores de incêndio para ajudar no combate ao fogo.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/alemanha-anuncia-aporte-bilionario-a-fundo-florestal-criado-pelo-brasil-1.3339454" target="_self">Alemanha anuncia aporte bilionário a fundo florestal criado pelo Brasil</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/com-participac-o-de-goianos-2-semana-da-cop30-foca-jovens-1.3338308" target="_self">Com participação de goianos, 2ª semana da COP30 foca jovens</a></div>

A segurança da COP30 isolou a área do incêndio e orientou que fossem criados corredores para passagem dos extintores de incêndio. O público da COP30 se aglomerou na saída da zona azul da COP30 após bombeiros ordenarem a evacuação do local.

A energia elétrica foi parcialmente desligada na zona azul da COP30, o espaço principal da conferência do clima da ONU. A medida acontece em meio a um incêndio no pavilhão dos países, nesta quinta-feira (20).

Os seguranças e demais colaboradores do evento isolam o local e exigem evacuação do espaço. A situação gerou aglomeração e conflitos entre jornalistas que se recusam a deixar o local.

<a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C" target="_self">🔔 Siga o canal do O POPULAR no WhatsApp</a>

Incêndio atinge pavilhão da COP30 e local é evacuado

Chamas

A Alemanha anunciou nesta quarta-feira (19) que pretende investir 1 bilhão de euros no fundo criado pelo Brasil para remunerar os países pela preservação de florestas em países em desenvolvimento. Com isso, já são cinco países patrocinadores. O primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, teve reunião com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Belém no começo do mês durante a Cúpula do Clima, que reuniu chefes de Estado e de governo e antecedeu a COP30, a conferência sobre mudança climática da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente do Brasil voltou a Belém nesta quarta-feira (19) para debater os temas da cúpula.

Durante a passagem pelo Brasil, Merz frustrou expectativas ao deixar de anunciar valores ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Ele apenas repetiu que a Alemanha investiria um montante “substancial” no mecanismo. O governo brasileiro tem como objetivo levantar US$ 25 bilhões de países, além de US$ 100 bilhões de investidores. O dinheiro é aplicado em rendimentos que geram dinheiro tanto para quem aplica como para os países que preservarem suas florestas.

Ainda durante a cúpula, a Noruega anunciou um aporte de US$ 3 bilhões, e a França, de 500 milhões de euros. Antes, Brasil e Indonésia se comprometeram com investimentos de US$ 1 bilhão cada um.

O valor é anunciado dois dias após vir à tona um discurso de Merz na Alemanha com tom depreciativo em relação a Belém, que foi rebatido por Lula e outras autoridades, além de ter gerado forte reação nas redes. Após dizer que a Alemanha é um dos lugares mais bonitos do mundo, o primeiro-ministro citou a passagem pelo Brasil dizendo que ninguém do grupo de jornalistas que o acompanhou disse que gostaria de permanecer na capital paraense.

A Alemanha vinha sendo pressionada por entidades a anunciar um valor. Um grupo de 12 organizações ambientais e humanitárias enviou neste mês uma carta a Merz pedindo que o país anunciasse, ainda durante a COP30, um aporte de pelo menos US$ 2,5 bilhões no fundo.

No documento, as entidades afirmaram que o TFFF representa “um novo capítulo no financiamento sustentável”, por combinar aportes públicos e privados em projetos de conservação de longo prazo. Segundo elas, uma contribuição expressiva de Berlim seria decisiva para manter o impulso em torno do fundo e garantir à Alemanha influência sobre seu desenho final, por meio de um assento no conselho.

As entidades – entre elas, a Global Citizen, a Germanwatch e a WWF – defendiam que o anúncio ocorresse ainda durante a conferência, o que também ajudaria a preservar recursos já prometidos por países como Noruega e França, além de forçar novos compromissos de outras nações. “Com uma contribuição própria concreta e ambiciosa, a Alemanha poderá aumentar a pressão sobre China, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido para que também contribuam com o TFFF. A mobilização de mais capital público é essencial para o sucesso do mecanismo”, disseram os signatários.

Lula busca mais apoio 

Nas reuniões Lula que teve com representantes de países nesta quarta, segundo interlocutores, ele tentou destravar as negociações para implantar o processo do mapa do caminho pelo fim dos combustíveis fósseis, pauta defendida pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e impulsionada pelo petista.

Nos encontros, ainda segundo relatos, ele incentivou os países a investir no Fundo de Florestas Tropicais (TFFF), uma de suas principais bandeiras e que até aqui reuniu US$ 5,5 bilhões em recursos. Nos encontros, de acordo com os interlocutores, ele também tratou de adaptação climática e de financiamento, temas que vêm dividindo os países na conferência.

O petista defendeu a posição brasileira nesses temas e ouviu a posição de diplomatas dos diversos países, com objetivo de tentar destravar as negociações – ele também se reuniu com a delegação brasileira para debater quais estratégias adotar no debate. Lula teve uma série de encontros bilaterais com representantes da África, Egito, Arábia Saudita, China, Índia, Venezuela, União Europeia, Alemanha, Portugal, Jamaica, Palau e Ilhas Maldivas, dentre outros. Também houve reuniões com entidades da sociedade civil (como ambientalistas, cientistas, lideranças indígenas e do MST), do setor produtivo e de entes subnacionais (governadores e prefeitos). Ele também deve se encontrar com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

Lula foi acompanhado nos encontros, entre outros, pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago, a ministra Marina Silva e o ministro Jader Filho (Cidades).

<h2>Cientistas criticam plano contra combustível fóssil</h2>

Os pesquisadores do pavilhão da Ciência Planetária na COP30, que tentam aproximar as evidências científicas dos negociadores, publicaram um documento com duras críticas ao rascunho do texto sobre o mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis. Para eles, a linguagem do documento é uma provocação. “Os delegados parecem não entender o que é um roteiro. Um roteiro não é um workshop ou uma reunião ministerial. Um roteiro é um plano de trabalho real, que precisa nos mostrar o caminho, de onde estamos, para onde precisamos chegar e como chegar lá”, diz a carta.

O rascunho do texto de negociação, publicado nesta terça-feira (18), traz diferentes alternativas de redação para esse mapa do caminho. Uma opção genérica menciona soluções de baixo carbono, com pouca ou nenhuma dependência dos combustíveis fósseis. A segunda opção é “no text” (sem texto), o que significa que há países contrários a esse tópico, de modo que ele pode nem ser citado na versão final.

Na terceira possibilidade, o documento fala em “criar uma mesa ministerial de alto nível para ajudar países a desenvolver mapas do caminho justos, ordenados e equitativos”. Não há exemplos práticos, mas são citados ideais de “progressivamente superar a dependência dos combustíveis fósseis” e “eliminar e reverter o desmatamento”. “A COP30 tem uma escolha a fazer: proteger as pessoas e a vida ou proteger a indústria de combustíveis fósseis”, disse, na carta, o cientista Carlos Nobre, líder do Painel Científico da Amazônia.

Thelma Krug, presidente do conselho científico da COP30, alertou para o fato de que as florestas estão passando a emitir carbono, em vez de absorvê-lo da atmosfera. “A principal causa da mudança climática é a queima de combustíveis fósseis; portanto, sem a eliminação gradual desses combustíveis, as florestas podem não ter capacidade de sobreviver e prosperar.”

A ideia de criar um planejamento para o fim dos fósseis veio da ministra Marina Silva e recebeu o apoio do presidente Lula. O tema enfrenta resistências, principalmente dos países que dependem da exploração de petróleo. A sociedade civil afirma que a proposta corre o risco de virar letra morta se o financiamento climático não chegar às nações mais pobres.

“Estão discutindo o mapa do caminho sem falar sobre os meios para realmente fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis”, disse Mohamed Adow, diretor da ONG PowerShift Africa, em entrevista coletiva nesta quarta (19). “Os países em desenvolvimento não vão fazer a transição energética com o tanque vazio, nós precisamos de recursos.” Ele criticou o avanço dos indicadores globais de adaptação à mudança climática, vistos como o principal objetivo da COP30, sem a discussão de recursos. “Diante dos impactos devastadores do clima que o mundo enfrenta, um pacote de adaptação sem o respaldo de financiamento à adaptação significará só um conjunto de medidas sem entregas concretas.”

As organizações sociais dizem que a proposta de um mapa do caminho seria um avanço importante em relação à COP28, realizada em 2023, quando as nações definiram o compromisso em se afastar dos fósseis. Porém, argumentam que a insatisfação com a meta de financiamento climático da COP29, de US$ 300 bilhões por ano, ameaça esse plano. “A transição para longe dos combustíveis fósseis, definida em Dubai, não está acontecendo no mundo real, tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, por razões muito diferentes. O que a COP30 precisa entregar é uma conversa para entender por que isso não está avançando”, afirmou Caroline Brouillette, diretora da Climate Action Network (CAN). (Gabriel Gama / Folhapress)

&nbsp;

Alemanha anuncia aporte bilionário a fundo florestal criado pelo Brasil

Cúpula de Belém

O protagonismo juvenil marca o início da segunda semana da 30ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP30), em Belém. Serão dois dias temáticos, com painéis, oficinas e rodas de conversa voltados para adolescentes e jovens. Um prato cheio para a delegação do projeto Embaixadores do Rio Meio Ponte, que está com <a href="https://opopular.com.br/cidades/o-que-as-delegac-es-de-goias-levar-o-para-a-cop30-1.3334255" target="_self">13 jovens goianas na cúpula</a>. As atividades seguem até esta terça-feira (18), com atividades como o Fórum Climático de Juventude e o ato Os Estudantes na COP.

As ativistas aproveitaram a tarde desta segunda para dar visibilidade ao rio que corta Goiânia para jovens participantes da conferência. O estande que abrigou a apresentação não poderia ter nome mais sugestivo: Confluência das Águas, instalado na Green Zone, área aberta ao público em geral e que abrigou a roda de conversa pela segunda vez. Na ocasião, a vereadora Kátia Maria (PT) apresentou os resultados da Expedição Rio Meia Ponte e falou sobre a importância do Cerrado.

<img attr-cid="policy:1.3338324" attr-version="policy:1.3338324:1763431191" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3338324/Vida Urbana - cop30.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
No estande Confluência das Águas, ativistas de Goiás levam conhecimento sobre o Cerrado e o Rio Meia Ponte (Gabriela Lima)

As imagens da apresentação chamaram a atenção das irmãs Denize Braga Dias, de 21 anos, e Ana Beatriz Braga Dias, de 14 anos. Moradoras de Belém, elas aproveitaram a tarde para passear (a duração da COP é oficialmente período de férias escolares na capital paraense), conferir o que a Green Zone oferece ao público e aceitaram o convite para se informar um pouco mais sobre a iniciativa das meninas goianas. “Não conheço esse rio”, disse Denize.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/o-que-as-delegac-es-de-goias-levar-o-para-a-cop30-1.3334255" target="_self">O que as delegações de Goiás levarão para a COP30</a> 
<a href="https://opopular.com.br/clima/mudanca-climatica-pode-aumentar-frequencia-e-intensidade-de-tornados-1.3334460" target="_self">Mudança climática pode aumentar frequência e intensidade de tornados</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/uni-o-europeia-fica-fora-de-acordo-por-combustiveis-sustentaveis-1.3334253" target="_self">União Europeia fica fora de acordo por combustíveis sustentáveis</a></div>

Estudante de Enfermagem, a belenense Marcela Cosson dos Santos, 18 anos, está trabalhando na COP como recepcionista bilíngue e tem aproveitado os intervalos para participar das atividades da conferência. Após participar de uma roda de conversa com embaixadoras do Rio Meia Ponte, ela disse que achou interessante tomar conhecimento sobre o bioma Cerrado. “Não sabia nem que existia. Não é muito da minha área, mas é legal saber”, afirmou.

Outro jovem morador de Belém, Felipe Lobato, 19 anos, se identificou com o projeto apresentado pelo grupo de goianas, pois a escola onde estudou realizava uma iniciativa parecida, chamada Cidade Limpa. Ele também conta que não conhecia o Cerrado e acredita que divulgações como essa são importantes para a conscientização da juventude. “Isso que nós estamos precisando aqui, debates sobre o meio ambiente”, diz.

Diretora-presidente do Ecomamor, instituto responsável pelo projeto, Bárbara Lopes celebra o espaço destinado aos temas da juventude. “É um direito dos adolescentes e jovens de participar dessa agenda climática. Não só no sentido de dar o microfone para eles, mas que essa escuta seja uma escuta ativa e atenta, e que eles realmente tenham impacto nas políticas públicas.”

Pela manhã, parte das jovens embaixadoras participou de um painel sobre protagonismo adolescente na agenda climática no pavilhão da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI). A iniciativa reuniu integrantes do Comitê de Participação de Adolescentes (CPA) de diferentes partes do Brasil. Entre as embaixadoras goianas estava a engenheira agrônoma Gabriela Duarte, 24 anos, que foi ouvinte do painel onde adolescentes eram os protagonistas. “Eu acho uma iniciativa incrível. Está sendo bonito ver tanta gente jovem lutando por uma causa só, que é a justiça climática.”

“É um processo de formação. Hoje alguns deles estão aqui como adolescentes e daqui a algumas COPs serão jovens lideranças. Inclusive, amanhã (terça) a gente vai estar em uma agenda lá na zona azul, no pavilhão Children and Youth (“Crianças e Juventude”, em inglês), conversando sobre engajamento para a ação climática, das 11h às 12h30, junto com outros jovens do País”, avisa Bárbara.

De acordo com a classificação de idade de ONU, a adolescência vai de 12 até 16 anos. De 17 até 35 anos, é considerado jovem. “É uma transição geracional. Ou seja, é deixar a galera jovem ir assumindo desde agora para que eles possam fazer esse trabalho”, explica Kátia. A vereadora destaca ainda, entre as atividades previstas para esta terça, o Fórum Climático de Juventude, no plenário 2 da Blue Zone, às 10h, e o ato Estudantes na COP, na Green Zone, às 15h.

<h2>‘Atalho do metano’ é chance para meta do 1,5°C</h2>

As emissões globais de metano estão aumentando, mas novas metas e tecnologias já freiam essa expansão. Mais do que isso, podem tornar um corte mais ambicioso do potente gás de efeito estufa em atalho para devolver o planeta à rota do 1,5°C de aquecimento. Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), lançado nesta segunda-feira (17) em Belém, atesta o efeito de alguns compromissos acertados para a contenção do metano, gás resultante de processos naturais, mas também da atividade humana, sobretudo produção e queima de combustíveis fósseis, agricultura e pecuária.

O motor desses compromissos é o Pacto Global de Metano, assinado por 103 países na COP26, em Glasgow, há quatro anos. O documento prevê um corte nas emissões globais de metano em 30% até 2030, em relação ao verificado em 2020. A meta é alcançável, diz o Pnuma, se os signatários do acordo abraçarem todas as práticas e tecnologias existentes para diminuir o volume de emissões. Tal ofensiva ajudaria o planeta a lidar com o “overshooting”, uma trajetória de aquecimento acima do limite de 1,5°C que foi decidido há dez anos pelo Acordo de Paris.

O progresso até aqui é notável. Em junho deste ano, as chamadas NDCs (contribuições nacionalmente determinadas, na sigla em inglês) já previam políticas e medidas para coibir o metano em proporção 38% maior do que o registrado em 2020. Ainda assim, o esforço, que seria o maior da história, equivale a reduzir só 8% das emissões.

O tom do levantamento do Pnuma, quase otimista se comparado aos de outros documentos do gênero lançados por ocasião da COP30, se explica pelas particularidades do metano: 80% mais potente como gás de efeito estufa do que o dióxido de carbono, mas com uma vida bem mais curta na atmosfera, cerca de 20 anos.

Não bastassem as propriedades físico-químicas, há o bolso, fator dominante nos debates em Belém, a despeito dos relatos alarmantes dos cientistas e da ONU. Apenas cumprir as metas existentes faria os países economizar US$ 330 bilhões (R$ 1,73 bilhões) anualmente até 2030. Contados de outra forma: 0,2°C a menos até 2050, mais de 180 mil mortes prematuras e 19 milhões de toneladas anuais não perdidas para a crise climática.

Outro apelo do atalho do metano é o custo das tecnologias envolvidas. Diferentemente do que ocorre com o dióxido de carbono, a maioria já está à disposição e é acessível. O setor de energia, por exemplo, pode responder por 72% da mitigação planejada até 2030 (completam a conta agropecuária, com 18%, e tratamento de resíduos, com 10%).

Segundo o Pnuma, a conta de implantação chegaria a US$ 127 bilhões (R$ 662,9 bilhões) anuais até 2030, sendo 80% da mitigação obtida por meio de métodos de baixo custo. Há opções que soam banais, como tampar poços de gás de xisto, estancar vazamentos de plataformas de petróleo e gás, oleodutos e outras instalações e acabar com procedimentos considerados ultrapassados como o flare (queima controlada de resíduos em refinarias). Empresas que empregam essas novas tecnologias chegam a ser cem vezes mais eficientes do que a média do setor.

Estudo publicado pela Agência Internacional de Energia (AIE), em maio, foi ainda mais longe. Com US$ 100 bilhões, seria possível fechar adequadamente minas de carvão e poços de petróleo e gás que já não estão em funcionamento. Medir emissões de maneira mais confiável é uma das sugestões do Pnuma, salientado que a tarefa cabe não apenas às agências reguladoras, como também às empresas. “Não se enganem, qualquer período de “overshooting” trará consequências dramáticas, com vidas perdidas, comunidades deslocadas e desenvolvimento revertido”, declarou recentemente António Guterres, secretário-geral da ONU. “Temos, porém, soluções para tornar esse período menor e o mais seguro possível.” Conter o metano é uma delas e também uma das mais promissoras, diz o Pnuma. (José Henrique Mariante / Folhapress)

&nbsp;

Com participação de goianos, 2ª semana da COP30 foca jovens

Uma ambientalista de apenas 10 anos tem chamado a atenção na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes), realizada desde segunda-feira (10) em Belém do Pará. A colombiana Sara Diaz despontou na COP30 em plena inauguração do Pavilhão do Brasil, no primeiro dia do evento, quando, com a espontaneidade típica das crianças, quebrou o protocolo e abordou a ministra de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, para quem entregou uma carta. Desde então Sarita, como é carinhosamente chamada, tem sido presença requisitada para participar de painéis e entrevistas para diferentes países, o que lhe tem rendido o título de “Greta Thunberg latina”.

Entre os compromissos que surgiram após a menina colombiana ter se apresentada a Marina Silva está a inauguração do Pavilhão do Balanço Ético Global, na noite de quarta-feira (12), onde ela se encontrou novamente com a ministra, por quem foi elogiada, e discursou diante de autoridades.

A pequena ativista saída da cidade de Floridablanca (departamento de Santander) não se intimidou diante de presenças como o presidente da COP30, o embaixador André Lago, e a primeira-dama do Brasil, Janja da Silva. “Também tenho grandes sonhos e, para realizá-los, preciso de um planeta saudável, como o que vocês encontraram”, discursou.

<img attr-cid="policy:1.3337319" attr-version="policy:1.3337319:1763173440" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3337319/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Garota colombiana concede entrevista no estande reservado à China (Gabriela Lima)

Em entrevista ao POPULAR, ela mostra que realmente mira alto. “Quero ser conselheira das Nações Unidas sobre mudanças climáticas”, diz, de forma enfática. Mas destacou, entre os planos para o futuro, o sonho de se tornar uma bióloga marinha.

A comparação com Greta só vale mesmo pela defesa aguerrida das causas ambientais. Diferentemente da jovem sueca, conhecida pelo jeito sério, Sarita é doce, carismática e bastante comunicativa. Distribui sorrisos e abraços por onde passa.

Ao longo da semana, O POPULAR acompanhou algumas atividades de Sarita na Blue Zone. Ela sempre faz questão de passar pelo pavilhão da Indonésia, onde gosta de participar das atividades de danças típicas e conquistou muitos amigos. Questionada sobre qual é o seu lugar preferido na conferência, ela aponta, além da Indonésia, os espaços do Brasil, da Colômbia e da China. A área chinesa, onde eventualmente há distribuição de pandas de pelúcia, tiaras e balinhas, tem sido inclusive um sucesso entre o público mais jovem.

Sobre a comparação a Greta, Sarita admite que admira a ativista sueca. “É uma pessoa que luta pelo meio ambiente, com um enfoque bom, é um exemplo a seguir”, diz.

No entanto, faz questão de destacar uma das personalidades nas quais mais se inspira: o jovem ativista colombiano Francisco Vera Manzara, de 14 anos, que também participa da COP. “Eu sou fruto do que ele é.” Ela também cita seu pai, Carlos Diaz, de quem desde muito pequena começou a aprender, por meio de exemplos, a importância de cuidar dos recursos naturais; a ministra de Meio Ambiente da Colômbia, Suzana Mohamed; e Marina Silva, a quem elogiou com empolgação e disse ter ficado nervosa na hora de entregar a carta. “É uma mulher muito valente, uma personalidade bonita e muito simples. Gosto muito dessas pessoas que, apesar de terem cargos tão importantes, são simples”, disse sobre a ministra brasileira.

Mensagem

Um projeto feito na escola resultou na elaboração da “Mensagem de Crianças e Adolescentes da Colômbia para a COP30 no Brasil”, que contou com a participação de 2 mil estudantes, credenciando a menina para estar na conferência global. O documento foi entregue em mãos à ministra Marina Silva e é distribuído pelo pai de Sarita aos participantes que demonstram interesse em saber o que uma garota tão pequena está fazendo no maior fórum sobre mudanças climáticas do mundo.

<img attr-cid="policy:1.3337318" attr-version="policy:1.3337318:1763203169" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3337318/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Sara entrega mensagem de crianças da Colômbia ao participar de painel das Nações Unidas (Gabriela Lima)

&nbsp;

“Trabalhei com crianças e adolescentes entre 11 e 16 anos. E eu expliquei tudo o que se tratava aqui. E eles puderam expressar sobre o que estão pensando da crise climática, ecológica, por contaminação e humanitária que estamos enfrentando. A segunda fase era resumir essas ideias e vozes e fazer uma declaração, uma mensagem. A terceira fase era entregar a mensagem ao André Corrêa, presidente desta COP. Já fizemos essas três fases”, detalha.

Esta é a primeira vez que Sarita vem ao Brasil e ela diz estar aproveitando a experiência. A criança, que vive em uma cidade andina, contabiliza as novas experiências. “Aqui é muito bonito. Estamos na porta da Amazônia. Chove muito e se sente a chuva. Vi bosques, escutei cigarras, escutei araras, vi uma cutia e até passei por uma ponte onde havia muitas tartarugas.”

Apesar de ser sua primeira COP de Mudanças Climáticas, esse não é seu primeiro evento da ONU. A pequena ativista participou de outra Conferência das Partes, a COP16 da Biodiversidade. A 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica aconteceu em Cali, na Colômbia, de 21 de outubro a 1º de novembro de 2024.

Início

Sarita conta que, no início, queria apenas gravar vídeo para as redes sociais. Mas agora, que “entende a problemática”, concilia as brincadeiras de criança com a dedicação, constância e disciplina para entender melhor as questões ambientais e se aprimorar como porta-voz. “Leio de um a dois artigos por dia e vejo documentários para poder me expressar melhor.”

Se o objetivo é se expressar melhor, a conferência das partes em Belém tem sido um verdadeiro curso intensivo para Sarita. A menina até aprendeu algumas palavras em inglês e português para poder se comunicar com os participantes e comemora: “Uma das minhas metas para essa COP é ser ouvida, e eu estou cumprindo isso.”