-Imagem (Image_1.2118623)O número de solicitações para internação em leitos de UTI e enfermaria na rede estadual teve um forte pico na segunda metade de agosto, mas desde então tem apresentado uma tendência de queda, assim como a taxa de ocupação dos leitos na rede estadual e municipal de Goiânia e na particular, considerando apenas os hospitais filiados à Associação dos Hospitais de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg). Os índices estão parecidos com os verificados em meados de julho.A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) evita comemorar os indicadores ainda, porque pode ser um cenário parecido com o da passagem de julho para agosto, quando se verificou por alguns dias também uma queda, mas logo em seguida veio um novo aumento. Titular da pasta, Ismael Alexandro diz que desta vez, entretanto, a queda tem sido por mais dias. “O máximo que tivemos antes foi de 6 dias, e agora estamos chegando no oitavo dia de queda”, informou.A média diária de solicitações de internação na rede estadual neste mês – 86 pedidos por dia até 9 de setembro - está menor do que a verificada em julho, quando ficou em 90. Em agosto chegou a 100, sendo que em quatro dias ficou acima de 120. Por outro lado, a média de pedidos atendidos, que tanto em julho como em agosto ficou em 61 por dia, caiu para 55 nos nove primeiros dias de setembro.Taxa de atendimentoMesmo com a redução nos pedidos para internação em um dos 318 leitos de UTI e 417 de enfermaria em 16 hospitais regulados pela SES-GO em 14 municípios, a taxa de atendimento dos pedidos dentro das primeiras 24 horas continua numa média abaixo de 70%.Em setembro, até o dia 9, a média de solicitações atendidas está em 64,7%. Em agosto, foi de 61,6%, mas se considerado apenas a segunda quinzena do mês – a mais crítica até agora da epidemia em Goiás - fica em 60,2%. Já em julho, a taxa ficou em 67,8%.Comparando os dados de solicitações atendidas com a taxa de ocupação dos leitos para Covid-19, nota-se uma relação forte entre os números. Tanto que o dia em que a SES-GO registrou a menor percentual de sucesso em atender no prazo de 24 horas foi o mesmo em que a enfermaria estava mais lotada. Em 20 de agosto, foram 7 de cada 10 solicitações não-atendidas em 24 horas. A taxa de ocupação na enfermaria foi de 79,3% neste dia. Os dados repassados pela SES-GO não estão divididos entre UTI e enfermaria.Taxa de OcupaçãoApesar das solicitações estarem caindo há pelo menos uma semana, a ocupação dos leitos de UTI e enfermaria na rede estadual caíram num ritmo menor, seguindo acima de 80%. Levantamento feito pelo POPULAR com base em relatórios divulgados pela SES-GO diariamente às 9 horas da manhã mostra que a taxa média diária de ocupação na UTI caiu de 89% em agosto para 85,3% até o dia 13 de setembro, enquanto a de enfermaria foi de 70,4% para 61,8% no mesmo período.Os índices apurados pela reportagem são maiores do que os divulgados oficialmente por incluírem também o bloqueado, que não está disponível para novas internações por uma série de motivos e cuja liberação pode demorar horas ou dias.No dia 13 de setembro, por exemplo, enquanto o relatório da SES-GO indicava uma lotação de 76% dos leitos de UTI, ao se incluir os bloqueados o índice sobe para 84%, pois apenas 16% dos 318 leitos estavam livres para novos pacientes.Para o secretário estadual, o reflexo da queda nas solicitações na taxa de ocupação deve ocorrer em duas semanas, pois é preciso considerar o tempo de tratamento dos pacientes.No Hospital de Campanha de Goiânia, o principal na rede pública, a média semanal de leitos ocupados e bloqueados chegou a 81 na segunda quinzena de agosto e caiu para 77, alcançando patamar semelhante ao do final de julho. A unidade tem 86 leitos de UTI ao todo.Alexandrino diz que ainda é cedo para dizer com base nestes números em que momento da epidemia estamos, se a queda é ou não permanente, mas ele acredita que agosto foi realmente o pior mês da passagem da Covid-19 por Goiás. De acordo com ele, estamos num platô elevado que apresenta pequenos picos e o risco só deve passar quando chegar a vacina.Preocupação com feriadoO secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, diz estar muito preocupado com o impacto das aglomerações e excessos cometidos por turistas nas cidades goianas no último feriado e aguarda com expectativa os indicadores de internação e casos confirmados no próximo final de semana para avaliar a situação. Isso porque as contaminações que porventura ocorreram por volta do dia 7 de setembro demorariam duas semanas para mostrar seu lado mais grave. Estes dados vão dar à SES-GO um panorama do que esperar nos próximos finais de semana.Para ele, estamos em um momento de platô e o que se viu em agosto é reflexo da flexibilização das atividades comerciais e do relaxamento por parte da população com relação às regras de distanciamento e higiene. Alexandrino acredita que já atingimos o pico e ficamos num platô muito alto, mas numa situação mais confortável do que outros Estados porque em nenhum momento o sistema de saúde ficou saturado, tendo vaga para todos os pacientes que necessitaram.O secretário acredita que o Estado conseguiu manter a curva relativamente achatada e ampliar o total de leitos para Covid-19, o que se por um lado permitiu que houvesse sempre vagas nos hospitais, deve fazer com que a curva caia numa velocidade menor do que Estados em que a situação saiu do controle.Sobre o percentual de atendimento de solicitações dentro de 24 horas, Alexandrino afirma que dificilmente é superior a 80% porque há muitos casos em que o paciente apresenta condições de esperar um pouco mais por uma vaga que seja mais próxima da sua residência e de seus familiares.Redução de leitosA rede municipal de Goiânia fechou pelo menos 32 leitos de UTI a partir do final de agosto, quando começou a cair de forma constante o número de pessoas internadas em estado grave. No Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC), o total de pacientes na UTI caiu de 75 no dia 28 de agosto para 41 no domingo (13). Já na rede conveniada, a queda é mais recente, a partir do dia 7 de setembro, quando caiu de 90 para 75.Os cortes estão sendo nos leitos da rede conveniada e ocorreram apenas após a abertura do novo prédio do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG). Esta nova unidade - chamada Hospital das Clínicas Covid-19 (HCC) - ampliou mais 30 vagas de UTI o total ofertado pelo município, que chegou a ter 231. Atualmente são 199.O novo HCC foi aberto no dia 18 de agosto e oferece atualmente 34 leitos de UTI. Foi a partir do dia 25 de agosto que começaram a chegar pacientes para esta unidade.No dia 2 de setembro, não apareceram mais no cadastro de leitos ofertados pelo SUS em Goiânia, que fica disponível online para consulta, as 4 vagas de UTI no Hospital São Lucas e as 5 no Renaissance. O primeiro oferecia leitos para tratamento contra Covid-19 pelo SUS desde 28 de junho, enquanto o segundo desde 2 de julho. Depois, no dia 3 de setembro, foi a vez do antigo HC reduzir de 18 para 15 o total de leitos de UTI para Covid-19. E no dia 4, o Jacob Facuri reduziu de 25 para 11 o total de leitos disponibilizados para tratamento da doença. O Jacob está atendendo a SMS desde o dia 24 de junho.Outro que teve o total de vagas reduzido foi o Gastro Salustiano, que passou de 35 para 30. Estas 5 vagas a menos passaram a servir o atendimento de outros casos graves sem envolver coronavírus.A superintendente de regulação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Andréia Alcântara, diz que a redução não afeta o atendimento de pacientes com Covid-19 e que a prefeitura ainda tem condições para ampliar em mais 50 leitos a capacidade de atendimento do HCC. Ainda segundo ela, se houver uma mudança na curva de internações para cima a SMS também tem como reativar, com agilidade, os leitos que foram fechados. -Imagem (1.2118649)