O inquérito civil público instaurado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) para apurar suspeitas de maus-tratos e torturas a presos do sistema prisional de Goiás foi arquivado. As investigações haviam sido abertas ainda em 2021, com base em uma matéria do POPULAR, que divulgou carta assinada por Comissão Pastoral Carcerária descrevendo os supostos casos de violência.Após a publicação, houve troca da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) e inspeção aos principais presídios de Goiás, em especial, o Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde há aproximadamente cinco mil encarcerados divididos em seis unidades prisionais, sendo elas: Núcleo de Custódia, Presídio Feminino Consuelo Nasser, Casa de Prisão Provisória (CPP), Penitenciária Odenir Guimarães (POG), semiaberto e Centro de Triagem. Também foram vistoriados os presídios estaduais de Planaltina e Águas Lindas.Nos autos, o MP-GO afirma que o Estado possui 97 unidades prisionais e que seria "humanamente impossível inspecionar todas elas. Por isso, optou-se por esta amostragem", que inclui todos os seis presídios do Complexo de Aparecida de Goiânia. No relatório, é incluída uma variedade de fotos e vídeos.A Promotoria justifica que o arquivamento se deu por conta da pacificação do sistema prisional, com a inauguração de presídios em Planaltina, Águas Lindas, Formosa e Anápolis e a ampliação de vagas, o que contribuiu para amenizar a superlotação carcerária. Segundo o MP-GO, não há mais venda de vagas nas celas e são poucos os relatos de entrada de drogas, celulares e armas, porque o Estado ativou equipamentos de controle que não funcionavam antes por falta de pagamento. Também não há mais cantinas nas unidades, onde os presos vulneráveis eram extorquidos, e não há mais visitas íntimas, onde mulheres e filhas de presos menos violentos eram estupradas sob a cumplicidade dos agentes do Estado.Leia também:- Goiás terá presídio sem vigilância armada até novembro- Ministério Público investiga fornecimento de marmitas para presos em GoiásSegundo o documento extrajudicial, não há mais superlotação de presos nos presídios estaduais e no Núcleo de Custódia, destinado aos detentos de alta periculosidade. Já sobre a superlotação da CPP e POG, o relatório diz que está na iminência de ser solucionada com a abertura de 800 novas vagas em cada um. Ainda, que há limpeza e higiene nos presídios, agora que os presos passaram a limpar suas celas e as áreas comuns.Para o MP-GO, a avalanche de denúncias são reações dos presos que foram contrariados, de organizações criminosas e de parentes que se aproveitaram da situação. Portanto, concluiu não haver irregularidades ou omissão a ser apuradas.