Atualizado às 13h56 de 04/07/2019A investigação sobre o que pode ser a maior chacina de Goiânia ainda não foi concluída. Mais de dois anos depois que nove foram mortos a tiros na capital em uma única noite, ninguém foi punido. Medidas cautelares pedidas na Justiça no ano passado não foram julgadas até hoje, segundo a assessoria da Polícia Civil. As mortes são apuradas pela Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH) em um inquérito unificado, que já passou por dois delegados, ex-titulares da DIH*.*Atualização: Até o fechamento da edição do jornal de 4 de julho, a Polícia Civil informava que não havia um inquérito unificado e que as mortes estavam sendo investigadas em processos separados. No entanto, por volta das 22 horas do dia 3, o órgão informou que os inquéritos dos mortos na chacina estão apensados e tendo o mesmo andamento. Reportagem do POPULAR do dia 16 de abril do ano passado, revelou que dessas nove mortes, seis já haviam sido interligadas como tendo o mesmo autor, após exame microbalístico a partir dos projéteis encontrados nos corpos das vítimas. Na época, era investigada a relação entre a chacina e o assassinato da amante de um policial militar do Grupo de Intervenção Rápida e Ostensiva (Giro), horas antes da sequência de mortes. Essa reportagem foi vencedora do Prêmio Dom Tomás Balduino de Direitos Humanos na categoria jornal impresso na noite da última terça-feira (2).Atualmente, segundo a Polícia Civil, para a investigação continuar, faltam diligências que ainda dependem de autorização do Poder Judiciário. A reportagem apurou que há pedidos de medidas cautelares enviados ao Judiciário no ano passado que não foram julgados até hoje. Essas medidas precisam de determinação judicial e podem ser usadas para interceptação telefônica, busca e apreensão e até prisão temporária. Elas auxiliam a investigação e são sigilosas.O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) tentava localizar a tramitação desses pedidos a partir dos nomes das vítimas e possíveis investigados informados pela reportagem. Até o fechamento desta edição, o judiciário informava por nota que ainda não havia obtido “resposta do magistrado sobre o processo que consta o nome da parte solicitada.”O crimeOs nove homicídios aconteceram entre as noites de 7 e 8 de abril de 2019. A maior parte das mortes foi na região Leste de Goiânia, próximo ao local onde um policial e sua amante foram baleados em um suposto latrocínio. Ela foi socorrida, mas morreu no hospital no fim da tarde do dia 7. Horas depois começou a chacina.Todas as execuções foram feitas com vários disparos de arma de fogo por homens de capacete em motocicletas. Algumas testemunhas falam que a cor do capacete era rosa. Das nove vítimas, todas do sexo masculino, sete tinham menos de 30 anos.Apesar de se concentrar em uma região, a chacina também se estendeu para outras regiões da cidade. A perícia comprovou, por exemplo, que a mesma arma que matou um rapaz no Jardim Nova Esperança, região Noroeste, matou outro na Vila Pedroso, região Leste, uma distância de cerca de 20 km.O impacto dessa chacina foi tão grande que influenciou as estatísticas criminais da capital. O mês mais violento de 2017 foi abril, com 54 homicídios. A média daquele ano foi de 36 mortes do tipo por mês. Se confirmada as nove mortes, essa é a maior chacina da história de Goiânia. Maior que a da família Matteucci, em 1957, e em um bar no Itaipu em 2007, cada uma com seis mortos.Veja quem são as vítimas do que pode ser a maior chacina da história de Goiânia:Kaio César da Silva Morais, 18 anos Paulo Ricardo Araújo Oliveira, 17 anos Uelton de Souza Santos, 27 anos Thiago Pereira do Prado, 19 anos Cleberson Alves da Silva, 23 anosWalderico Pereira da Silva Junior, 25 anos Moacir Alves de Souza, 39 anos Eurismar Rodrigues de Souza, 38 anos Jonathan Pereira Queiroz, 24 ano