Somente neste início de ano quase 2 mil frascos – volume que corresponde a mais de 500 mil doses – das gotinhas homeopáticas que reduzem os sintomas da dengue foram distribuídas sem nenhum custo pelo Centro de Referência em Medicina Integrativa e Complementar (Cremic), o antigo Hospital de Medicina Alternativa.Desenvolvido pelo órgão da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o projeto Dengue e a Homeopatia beneficiou desde 2014 cerca de 30% dos municípios goianos para onde foram enviadas 5 milhões de doses das gotinhas que fortalecem o sistema imunológico, amenizando mal estar e o risco de letalidade. Um desses municípios é Senador Canedo que no ano passado distribuiu pela primeira vez o medicamento alternativo. Diretora da Assistência Farmacêutica da prefeitura local, Agda Cristina Segundo de Oliveira explica que as duas fórmulas do Cremic – preventiva e para os sintomas – foram bem aceitas pela população. "E este ano as pessoas estão nos cobrando mais". Com o incremento do número de casos de dengue, o município está usando tendas para acolher pacientes e realizando um amplo trabalho de limpeza visando reduzir o índice de infestação do mosquito Aedes aegypti.InteriorDiretor geral do Cremic, Eiler Leão disse ao POPULAR que remessas das gotinhas foram encaminhadas este ano para municípios como Alto Paraíso, Itaberaí, Nova Crixás, Planaltina, Senador Canedo e Uruana. "As prefeituras enfrentam dificuldades financeiras. Com poucos recursos para compra de medicamentos para enfrentar a dengue, as gotinhas são uma alternativa". Em 2016, Caldas Novas contou com as gotinhas para amenizar os problemas com a dengue, mas a adesão não é somente das administrações municipais, como também de órgãos públicos. Esta semana, a Coordenação de Proteção à Saúde do Servidor da Polícia Civil distribuiu as gotinhas homeopáticas entre a classe. Elas também já foram enviadas para servidores do complexo prisional em Aparecida de Goiânia. Conforme Eiler Leão, uma vereadora de Goiânia e presidentes de associações de bairro da capital solicitaram as gotinhas ao Cremic para distribuição em seus redutos. Por não ser um protocolo do Ministério da Saúde, a Secretaria de Saúde de Goiânia não aderiu ao projeto. Goiás é pioneiro em distribuição gratuitaGoiás foi pioneiro em disponibilizar a fórmula gratuitamente. A aplicação do medicamento tem como base a Portaria 971, do Ministério da Saúde, de 3 de maio de 2006, que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS) e prevê o uso da homeopatia na implantação de protocolos voltados para a ação de endemias e epidemias. O composto homeopático, formado pela combinação de três medicamentos, de origens animal, mineral e vegetal, foi criado pelo médico homeopata Renan Marinho, de São José do Rio Preto (SP) ainda nos anos 90. Sua eficácia não só tem ajudado o brasileiro a lidar melhor com os sintomas da dengue como também tem rendido uma série de artigos científicos. Relatórios da SES apontam redução de até 65% de novos registros de infecção por dengue nos municípios que aderiram ao projeto. A fórmula pode ser administrada antes de a pessoa ser picada pelo mosquito transmissor da doença ou quando ela já foi diagnosticada com dengue. O medicamento protege o organismo contra os sintomas mais graves da dengue, como hemorragias. Em caso de profilaxia a dose é única, mas se a dengue tiver sido instalada são indicadas cinco gotas quatro vezes ao dia durante dez dias. O composto não tem contraindicação, não tem efeitos colaterais como reações alérgicas e pode ser usado por qualquer pessoa, independentemente da idade ou da condição biológica.Para tomar as gotinhas, qualquer pessoa pode procurar a sede do Cremic – localizada na rodovia BR-153, Km 08, s/n – Jardim Santo Antônio, em Goiânia. Capital registra menos casosAté a metade do mês de fevereiro, foram notificados 2.430 casos de dengue em Goiânia, sendo 2,5% de quadro grave, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). No ano passado, durante o mesmo período, a capital registrou 2.491 casos de dengue e cinco de febre Chikungunya - transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Em 2018, foram sete casos e quatro estão em investigação. Não houve óbitos no período. A região Leste da capital possui o maior número de ocorrência de casos de dengue, de acordo com a SMS. Já a região Sul é a que registra o menor número. Em 2018, não houve nenhum caso confirmado de vírus Zika em grávidas residentes em Goiânia. Ano passado encerrou com 43 registros de gestantes com o vírus Zika e com o total de 2.877 notificações na capital. (Colaborou Alessandra Rocha - estagiária do GJC em convênio com a PUC-Goiás)