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No primeiro dia de atuação como interventor estadual na Saúde de Goiânia, <a href="https://opopular.com.br/cidades/saiba-quem-e-marcio-leite-interventor-da-saude-em-goiania-1.3208968" target="_blank">Márcio de Paula Leite</a> passou a tarde reunido com o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para se inteirar sobre o andamento dos pagamentos referentes à competência de setembro. O médico assumiu o posto nesta quarta-feira (11), após a publicação de decreto assinado pelo governador Ronaldo Caiado (UB). O até então secretário municipal de Saúde, Pedro Guilherme Gioia, também participou do encontro.

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Para fazer os pagamentos, será usado recurso da atenção de média e alta complexidade (MAC), enviado pelo Ministério da Saúde e bloqueado pelo MP, na ordem de R$ 57,3 milhões. Nesta quinta-feira (12), a agenda do interventor será na Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Na última segunda-feira (9), a secretaria e o MP já tinham se reunido e definido que serão executados todos os pagamentos referentes à competência de setembro, pois o mês de outubro ainda não está apto para pagamento. O POPULAR havia adiantado que, pelo fato do bloqueio para o pagamento por ordem cronológica ser uma decisão judicial que está em fase de cumprimento, a intervenção estadual não tem poder de suspender a medida. “Este dinheiro já tem este ordenamento”, confirmou o interventor à reportagem.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/saiba-quem-e-marcio-leite-interventor-da-saude-em-goiania-1.3208968" target="_blank">Saiba quem é Márcio Leite, interventor da Saúde em Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/interventor-tera-autonomia-mas-sera-acompanhado-por-comite-de-observac-o-1.3208966" target="_blank">Interventor terá autonomia, mas será acompanhado por Comitê de Observação</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/mabel-anuncia-luiz-pellizzer-como-futuro-secretario-municipal-de-saude-de-goiania-1.3209127" target="_blank">Mabel anuncia Luiz Pellizzer como futuro secretário municipal de Saúde de Goiânia</a></div>

Após ação civil pública movida pelo Grupo de Atuação Especial na Defesa da Saúde (Gaesaúde) do MP-GO em 25 de novembro, dois dias antes da Operação Comorbidade - que prendeu a cúpula da SMS - ser deflagrada pelo órgão ministerial, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 57,3 milhões das contas do Fundo Municipal de Saúde. No dia 4 deste mês, uma decisão judicial atendeu ao pedido do MP-GO e pelo menos R$ 21,5 milhões já foram sequestrados. Os pagamentos serão feitos respeitando a ordem cronológica dos débitos. Quem vai autorizá-los será o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO).

O decreto do governador Ronaldo Caiado (UB) com os detalhes da intervenção estadual na Saúde de Goiânia (veja quadro) foi publicado na edição suplementar do Diário Oficial do Município (DOM) desta terça-feira (10). Em coletiva de imprensa na manhã desta quarta, o prefeito eleito, Sandro Mabel (UB) classificou Márcio como experiente e celebrou a intervenção estadual. “Foi uma medida acertada”, enfatizou. Leite, que é um médico com histórico de atuação na rede municipal de Saúde, comentou sobre a nova posição. “Uma tarefa que aceitei com muita garra. Sou técnico. Não sou político. Acompanhei de perto, muito de perto, tudo que tem acontecido, infelizmente, na Saúde”, disse.

Pelo decreto, <a href="https://opopular.com.br/cidades/interventor-tera-autonomia-mas-sera-acompanhado-por-comite-de-observac-o-1.3208966" target="_blank">Leite contará com o auxílio de um Conselho Consultivo</a>, formado por membros do governo estadual, e de um Comitê de Observação, formado por membros da próxima gestão municipal. O interventor terá poderes sobre a Saúde de Goiânia até o final deste ano e poderá usar recursos e infraestrutura do governo estadual. “O tempo que foi dado, é curto, mas é o tempo que me foi dado. Sei que não estou sozinho. Tenho toda a expertise da secretaria estadual e tenho também a equipe de transição, que já tem todo um planejamento e levantamento da situação atual”, afirmou.

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<h2>Gabinetes de crise</h2>

Além de acompanhar o imbróglio envolvendo a saúde financeira da SMS, Leite disse que pretende seguir com as operações dos gabinetes de crise que foram instalados nas unidades de urgência do município no final de novembro, durante o ápice da crise na Saúde de Goiânia. O intuito dos gabinetes é monitorar desde a demanda por leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) até o estoque de insumos e medicamentos.

Os gabinetes de crise contam com intervenção direta do secretário estadual de Saúde, Rasível Santos, e do médico Luiz Gaspar Pellizzer, futuro secretário municipal de Saúde da capital. Nesse sentido, Pellizzer avalia que a crise na Saúde municipal já arrefeceu. Segundo ele, no início deste mês existiam cerca de 30 solicitações de leitos de UTI em Goiânia. O número teria já caído para em torno de oito. “Na maioria dos dias, por volta das 18 horas, não tem nenhuma solicitação do dia anterior aguardando UTI. Não vou falar que a crise passou, pois seria muita prepotência. Ela foi controlada”, avaliou.

“Não tivemos nenhuma judicialização e nenhum óbito, desde que montamos os gabinetes de crise, de pacientes aguardando vaga em terapia intensiva”, celebrou o secretário estadual de Saúde. Mesmo com a boa avaliação das ações dos gabinetes, Santos justificou a necessidade de intervenção com base na demora da SMS em se movimentar para resolver outros problemas da rede. “Temos visto uma morosidade muito grande no que precisa ser tomado uma decisão”, criticou. Rasível citou gargalos como a limpeza das unidades e a operacionalização do serviço de home care.

Em nota, a SMS informou que no final da tarde desta quarta, “milhares de doses de medicamentos injetáveis chegaram ao almoxarifado”. Entre as medicações e insumos, estão: luvas, abocath, soro, dexametasona, prometazina, heparina, hidrocortisona, sulfato de magnésio, clindamicina e escopolamina. A pasta ainda comunicou que também finalizou, nesta sexta, o processo licitatório para a compra de medicamentos para todas as unidades de saúde, incluindo aquelas da Atenção Primária. Até o fechamento desta edição, o até então secretário municipal de Saúde ainda não havia sido exonerado do cargo.

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<h2>Manter pagamentos&nbsp;em dia será prioridade, diz futuro secretário</h2>

Manter os pagamentos regulares e negociar as dívidas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) são as prioridades da gestão que assumirá a pasta a partir de 2025. “Garantir o pagamento em dia de janeiro em diante. Sentar e renegociar pendências passadas”, resumiu o médico Luiz Gaspar Machado Pellizzer, futuro secretário municipal de Saúde da capital, em entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta-feira (11).

O anúncio de que Pellizzer será o próximo secretário municipal de Saúde foi feito quase ao mesmo tempo em que o prefeito eleito, Sandro Mabel (UB), recebeu a notícia da decisão da Justiça Eleitoral que determinou a cassação do seu mandato e a inelegibilidade do político por oito anos. O médico, que já era cotado para o cargo, foi nomeado como representante da área de Saúde na equipe de transição e como membro do Comitê de Observação da intervenção estadual na Saúde de Goiânia. Conforme informações do prefeito eleito, a SMS será a única pasta da Prefeitura de Goiânia que contará com um secretário-executivo.

Além do comprometimento com a manutenção da saúde financeira da secretaria, O POPULAR apurou que a futura gestão também trabalha com a ideia de aumentar a sintonia entre a SMS e as secretarias de Saúde dos municípios da Região Metropolitana de Goiânia. O intuito é fortalecer a rede assistencial da capital, já que ela concentra recursos e estabelecimentos de saúde. Dessa forma, os municípios não se sobrecarregariam atendendo pacientes advindos de outras cidades. Reclamações do tipo são antigas entre os gestores dos municípios vizinhos de Goiânia.&nbsp;

Para ter ideia, reportagem do POPULAR de março de 2017 já apontava que a falta de médicos em centros de atenção integrada à saúde (Cais) e unidades de pronto de atendimento (UPAs) de Goiânia estava causando a superlotação de unidades de Aparecida de Goiânia. Nesta quarta, Pellizzer chegou a citar a Saúde de Aparecida como exemplo a ser seguido. “Queremos trazer o que Aparecida fez de bom nesses últimos quatro anos e que, com certeza, é a melhor Saúde do Estado, para dentro de Goiânia. Dar continuidade, alinhando com o Estado, para que consigamos ter uma Secretaria de Saúde atuante e forte para a população colher o benefício”, pontuou.

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Luiz Gaspar Machado Pellizzer foi escolhido por Sandro Mabel para assumir a Saúde a partir de janeiro (Fábio Lima / O Popular)

Perfil&nbsp;

Desde 2018, Pellizzer atua como coordenador médico da UPA Flamboyant, em Aparecida. Ele integrou a equipe de gestão do ex-secretário municipal de Saúde da cidade, Alessandro Magalhães, ao longo da atuação dele à frente da pasta. Além de seu papel na rede municipal de Aparecida, Pellizzer colaborou em hospitais de grande porte na Região Metropolitana de Goiânia, como o Hospital do Coração de Goiás, Hospital Estadual de Trindade (Hetrin), Hospital Municipal e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) e Hospital São Silvestre.

O médico também é professor e preceptor na Faculdade UniRV, na capital. Pós-graduado em Medicina de Tráfego e atualmente cursando especialização em Gestão de Saúde e Gestão de Saúde Pública, Pellizzer também possui capacitação em Lean Six Sigma nos níveis Green Belt (Hospital Israelita Albert Einstein) e Yellow Belt (Hospital Sírio-Libanês). Ambos se tratam de métodos de gestão que visam a melhoria de processos e eficiência de operações em saúde. 
Goianiense, Pellizzer se formou na Unifenas, em Alfenas (MG), em 2014.

O futuro secretário municipal de Saúde já possui trânsito entre políticos goianos. Há cerca de dois meses, ele foi homenageado pelo deputado estadual Cristóvão Tormin (PRD) por conta do Dia do Médico, comemorado no dia 18 de outubro. Conforme informações do parlamentar, Pellizzer recebeu a Medalha Pedro Ludovico Teixeira por serviços relevantes prestados nas redes municipal e estadual de Saúde.

<h2>Enfermeiros de maternidades seguem em greve</h2>

Os enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam nas três maternidades públicas de Goiânia – Célia Câmara, Dona Iris e Nascer Cidadão – vão manter a paralisação das atividades até esta quinta-feira (12), quando a categoria se reunirá novamente para discutir o assunto. A greve começou na última segunda-feira (9). Desde então, estão mantidos apenas 30% dos atendimentos classificados como urgência e emergência.&nbsp;

A paralisação reivindica o pagamento de salário de novembro, além da primeira parcela do 13º salário e o adiantamento de férias. A greve tem funcionado com seis horas de interrupção das atividades durante o período matutino e mais seis horas de interrupção durante o período noturno. Conforme a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Goiás (Sieg), Roberta Rios, nesta quinta será avaliada a possibilidade de a categoria deflagrar uma greve por tempo indeterminado. “Ainda não temos previsão de pagamento. Até mesmo porque o interventor foi decidido ontem (terça-feira)”, explica.&nbsp;

Dos 1,5 mil colaboradores da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), que gere as três maternidades municipais, 733 (48%) são enfermeiros ou técnicos de enfermagem. Há, ainda, 76 profissionais que são servidores da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS). Em nota, a fundação informou que “a classe desempenha um papel fundamental e indispensável nas rotinas de assistência aos pacientes” e que “se solidariza com os profissionais e agradece seu trabalho e sua dedicação à saúde dos pacientes”.

A Fundahc ainda comunicou que é uma fundação sem fins lucrativos e que todos os recursos para a manutenção das maternidades municipais são provenientes da Prefeitura de Goiânia, por meio da SMS. A fundação também destacou que a crise financeira enfrentada pelas maternidades é “uma realidade há muito conhecida” e que todos os esforços estão voltados para saná-la, sendo que a fundação aguarda o “repasse de recursos para pagamento da folha salarial, 13° salário, férias e vale-alimentação dos colaboradores até a presente data”.

Polícia&nbsp;

Nesta quinta, o encontro dos enfermeiros ocorreu em frente à Corregedoria da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO), no Setor Sul. Além de decidirem pela manutenção da paralisação, os enfermeiros prestaram solidariedade à enfermeira e ao maqueiro que foram presos, na noite da última sexta-feira (6), enquanto trabalhavam no Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC). Eles se envolveram em uma confusão ao prestar atendimento a uma gestante que deu à luz na unidade.

Durante o ato em frente à Corregedoria da PM-GO, o Sieg e o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde-GO) entregaram um documento pedindo a apuração dos fatos ocorridos na última sexta. “Conseguimos conversar diretamente com o corregedor responsável. Ficamos esperançosos porque ele pediu o imediato afastamento dos PMs envolvidos e instauração de uma sindicância em relação a esse fato”, esclarece a presidente do Sieg.&nbsp;

Questionada, a PM-GO informou que “foi instaurado o procedimento administrativo disciplinar adequado ao caso para apurar os fatos e a conduta dos envolvidos e, nesse procedimento, foram determinadas as medidas cautelares necessárias para análise imparcial e justa sobre o caso, com o objetivo de assegurar a justiça e a transparência”. A corporação também ressaltou que “não compactua com desvios de conduta de seus integrantes” e que a Corregedoria da PM-GO “já está adotando todas as medidas legais e administrativas cabíveis”.

Interventor na Saúde em Goiânia já se reuniu com o MP-GO

Cidades

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Matéria - Cidades

Crise 

Acatando recomendação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), a Câmara Municipal de Ceres determinou nesta quinta-feira (9) a <a href="https://opopular.com.br/politica/mp-go-recomenda-anulac-o-de-posse-de-vereador-foragido-1.3218086" target="_blank">suspensão preventiva</a> do ato de posse do vereador Osvaldo José Seabra Júnior (PL), conhecido como “<a href="https://opopular.com.br/politica/veja-quem-e-o-vereador-que-tomou-posse-em-ceres-mesmo-sendo-foragido-da-justica-1.3216623" target="_blank">Osvaldo Cabal</a>”, 39, considerado foragido da Justiça. O parlamentar é alvo de mandado de prisão expedido no âmbito da Operação Ephedra, deflagrada em dezembro pelo MP-GO, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

A suspensão ocorre menos de uma semana depois de o Ministério Público Eleitoral (MPE) ter pedido para investigar as circunstâncias da <a href="https://opopular.com.br/politica/foragido-da-justica-toma-posse-como-vereador-em-ceres-1.3216435" target="_blank">posse de Cabal</a>, que se deu em caráter reservado na Casa fora da cerimônia oficial no dia 1º de janeiro, em que esteve acompanhado apenas do presidente da Casa, Glicério Júnior (PL), e do assessor jurídico, Daniel Prados.

A Operação Ephedra, da qual o vereador é alvo, investiga um esquema de produção e distribuição de rebite – estimulante usado por caminhoneiros – e outras drogas. Cabal é suspeito de integrar a organização criminosa, além de lavar dinheiro proveniente das atividades ilícitas.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/mp-go-recomenda-anulac-o-de-posse-de-vereador-foragido-1.3218086" target="_blank">MP-GO recomenda anulação de posse de vereador foragido</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/veja-quem-e-o-vereador-que-tomou-posse-em-ceres-mesmo-sendo-foragido-da-justica-1.3216623" target="_blank">Veja quem é o vereador que tomou posse em Ceres mesmo sendo foragido da Justiça</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/foragido-da-justica-toma-posse-como-vereador-em-ceres-1.3216435" target="_blank">Foragido da Justiça toma posse como vereador em Ceres</a></div>

A recomendação do MP-GO, assinada pelo promotor de Justiça Pedro Furtado Schmitt Corrêa, responsável pela 2ª Promotoria de Ceres, aponta diversas irregularidades no ato de posse. Entre elas estão o desrespeito ao rito definido no Regimento Interno da Câmara, a falta de publicidade e de registro oficial em ata, além da ausência do compromisso formal do vereador e do pronunciamento obrigatório do presidente da Casa. As irregularidades foram constatadas em diligência na última terça-feira (7).

O assessor jurídico da Câmara diz ao POPULAR que a Casa enxerga a situação com “isenção e normalidade” e que a Casa agiu conforme o que “parecia correto” em relação à posse de Cabal. Sobre a recomendação do MP-GO, Prados afirma que determinou a suspensão em caráter preventivo “para dar a oportunidade do contraditório a Cabal ou a sua defesa”.

“Ante o que nos for apresentado, nós temos que localizar eles ou algum representante dele para poder dar ciência a ele da decisão do despacho que acatou a recomendação e suspendeu preventivamente (a posse)”, afirma o assessor.

“Os efeitos da suspensão não dependem dessa ciência. Mas o procedimento do processo, para podermos chegar a uma solução definitiva, depende de dar ciência a ele, seguindo os moldes da Justiça, e para que eles se manifestem nos autos. Havendo essa manifestação, nós vamos analisar”, complementa Prados.

O POPULAR tentou localizar a defesa de Cabal mas não conseguiu contato até o fechamento desta edição.

O promotor também solicitou que o presidente da Câmara de Ceres instaure um procedimento administrativo para avaliar as condições de Cabal exercer o mandato parlamentar, uma vez que ele está foragido da Justiça. Além disso, para evitar a obstrução da Justiça, o MP-GO recomendou que a presidência da Casa dê ampla publicidade interna sobre a situação do parlamentar, garantindo que todos os vereadores e os servidores sejam formalmente informados do caso.

Em despacho, Glicério determinou que todos os vereadores e integrantes da Casa sejam oficialmente informados sobre a ordem de prisão contra Cabal, o que deve ocorrer ainda na manhã desta sexta-feira (10). A medida visa assegurar que, caso o vereador compareça à sede do Legislativo, a ordem judicial seja cumprida.

O POPULAR conversou com parlamentares de Ceres que dizem que Glicério tem adotado postura mais reservada desde que o caso veio à tona, mas afirmam que o presidente tem despachado da Câmara todos os dias e se concentrado em conversas com a assessoria jurídica. Ele é descrito como um homem “interiorano” e com pouco “costume de falar com a mídia” e, por isso, tem evitado falar com os jornalistas.

Com a repercussão do caso, afirmam que a cidade tem vivido dias sob “apreensão”. Por outro lado, falam da dificuldade em obter informações sobre o paradeiro de Cabal, que “não foi mais visto desde 1º de janeiro”.

Na portaria que oficializa a anulação da posse, o presidente da Câmara de Ceres determinou ainda a notificação ao investigado para manifestação em cinco dias úteis. Caso não haja manifestação, a suspensão cautelar se tornará definitiva. A decisão também prevê a instauração de processo administrativo, caso ele retome suas atividades, por descumprimento dos preceitos legais exigidos para o exercício da vereança.

Há ainda um impasse sobre a vaga de Cabal na Câmara. Caso o processo avance, o suplente Lucas Biola (PL) pode assumir a cadeira, mas a possibilidade é vista como remota pela assessoria jurídica da Casa. “Como é uma suspensão preventiva, o Cabal ainda mantém status de vereador. Eu creio que não seria possível, por ora, que o suplente assumisse”, diz Prados. Apesar disso, com a suspensão, Cabal fica impedido de propor projetos e receber o salário de parlamentar.

Diante da exposição do caso e o suposto envolvimento de Cabal em organização criminosa, o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) divulgou nota destacando que o registro da candidatura do vereador foi realizado de maneira regular, uma vez que, na época, não havia impedimentos legais como processos criminais ou restrições de liberdade em seu desfavor.

O TRE-GO ponderou, contudo, que questões relacionadas à posse e ao cumprimento de eventual ordem judicial de prisão são de competência da Câmara Municipal e dos órgãos de persecução penal. A nota reforça que o processo eleitoral de 2024 transcorreu com total lisura e reafirma a confiança na integridade do sistema democrático.

Câmara de Ceres suspende posse de vereador foragido

Política

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Legislativo

Um homem vendeu a empresa, a casa e perdeu o casamento após começar a fazer apostas online. Ele começou nas apostas esportivas com valores de R$ 30 até R$ 50 para ganhar de R$ 300 à R$ 400. O prejuízo total dele chegou a R$ 700 mil.&nbsp;

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O homem contou em entrevista à TV Anhanguera que as apostas se tornam um vício, uma rotina e a medida que a pessoa vai perdendo dinheiro e tenta recuperar ela começa a se arruinar ainda mais e vai se endividando.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/tribunal-de-contas-da-uni-o-exige-do-governo-lula-medidas-contra-uso-do-dinheiro-do-bolsa-familia-em-apostas-online-1.3210736" target="_blank">Tribunal de Contas da União exige do governo Lula medidas contra uso do dinheiro do Bolsa Família em apostas online</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/assistente-social-e-suspeita-de-pegar-aposentadoria-e-emprestimo-em-nome-de-idoso-para-fazer-apostas-online-1.3188484" target="_blank">Assistente social é suspeita de pegar aposentadoria e empréstimo em nome de idoso para fazer apostas online</a> 
<a href="https://opopular.com.br/opiniao/artigos/perigo-das-bets-para-a-juventude-1.3188415" target="_blank">Perigo das bets para a juventude</a></div>

<cite>Quando eu parti para o mundo do cassino, que é o mais avassalador, que destrói realmente a pessoa, aí eu comecei com R$ 50, R$ 100 e por fim eu estava apostando de R$ 1 mil a R$ 2 mil por rodada”, disse.&nbsp;</cite>

Ele começou a jogar em 2021 e desde então começou a pegar dinheiro emprestado com parentes, amigos e até agiotas. &nbsp;

<cite>Eu comecei a desfazer das minhas coisas. Eu estou desgastado mentalmente, sofri depressão, tomando medicação para se levantar, então eu vou vencer e vou conseguir”, disse.&nbsp;</cite>

O homem diz que não compensa entrar neste mundo das apostas.&nbsp;

<cite>Sempre fui pobre, mas muito trabalhador, consegui minha casa, meus bens, minha lojinha, as coisas que eu tinha e a família vê você sendo destruído por isso, então não é fácil”, disse.&nbsp;</cite>

<h3>Ação do Ministério Público de Goiás &nbsp;&nbsp;</h3>

À TV Anhanguera o promotor de Justiça Élvio Vicente disse que o Ministério Público de Goiás (MP-GO) identificou movimentações suspeitas de 20&nbsp;empresas de apostas online, onde possuem o mesmo endereço.&nbsp;

<cite>Nós pedimos a relação completa para o Ministério da Fazenda através da Secretaria de Esporte e lá informa que aqui em Goiás existem três plataformas digitais online e de cassino”, disse.&nbsp;</cite>

O Ministério Público entrou com uma ação na Justiça contra mais de 250 empresas de apostas online em todo o país pedindo que elas devolvam o dinheiro para quem perdeu tudo nesses jogos.&nbsp;

O objetivo do MP é alertar a população sobre o grande risco de endividamentos causado pelos jogos, conhecidos como bets, que prometem dinheiro, mas que levam a pessoa à falência.&nbsp;

Homem conta que vendeu empresa e perdeu R$ 700 mil após vício em apostas online: 'Eu apostava de R$ 1 mil a R$ 2 mil'

APOSTAS ONLINE 

A escalada da crise da Saúde em Goiânia agravou a <a href="https://opopular.com.br/cidades/enfermeiros-e-tecnicos-de-enfermagem-das-maternidades-paralisam-atividades-1.3208344" target="_blank">paralisação</a> dos servidores da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (<a href="https://opopular.com.br/cidades/sandro-mabel-quer-rever-contratos-com-a-fundahc-1.3210268" target="_blank">Fundahc</a>),que administra as três maternidades do município. Nesta segunda-feira (16), quem buscou atendimento encontrou dificuldade no Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), localizado na Vila Redenção; na Maternidade Nascer Cidadão, no Jardim Curitiba; e no Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC), no Conjunto Vera Cruz.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

Foi no HMMCC que ocorreu, pela manhã, um ato dos trabalhadores em protesto por falta de pagamento e que marca nova fase na mobilização. Uma semana antes, na segunda-feira (9), já havia sido iniciada nas três maternidades uma paralisação com seis horas de interrupção das atividades durante o dia e mais seis horas à noite. Sem reivindicações atendidas nem previsão de pagamento, desde o domingo (15), técnicos e enfermeiros passaram à paralisação ao longo do dia todo.

No HMMCC, a autônoma Neia Gonçalves acompanha a irmã, com quadro de pré-eclâmpsia e precisando de assistência integral à complicada gestação de seis meses. “Ela está com pressão muito alta. A bebê está com 28 semanas e não está recebendo sangue suficiente”, conta. “Está fazendo ultrassom todos os dias, como deve ser, mas nessa situação de greve... médico, enfermeiro, tudo fica mais difícil.”

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/sandro-mabel-quer-rever-contratos-com-a-fundahc-1.3210268" target="_blank">Sandro Mabel quer rever contratos com a Fundahc</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/enfermeiros-e-tecnicos-de-enfermagem-das-maternidades-paralisam-atividades-1.3208344" target="_blank">Enfermeiros e técnicos de enfermagem das maternidades paralisam atividades</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/casal-pivo-da-confus-o-na-maternidade-celia-camara-denuncia-mensagens-agressivas-de-medica-1.3208285" target="_blank">Casal, pivô da confusão na Maternidade Célia Câmara, denuncia mensagens agressivas de médica</a></div>

Servidor efetivo da Maternidade Nascer Cidadão, onde atua como apoio administrativo da área de nutrição, Alonso Julião da Cruz tem 20 anos de serviço público na Prefeitura, 12 deles dedicados à unidade de saúde. “Já passamos por crises, mas é a primeira vez que não têm insumos nem pagamento”, diz. “Meus colegas contratados estão com salário vencido há dez dias, sem receber parcela nenhuma do 13º nem vale-alimentação.”

A situação é ainda pior para quem ganha menos. É o caso de auxiliar de cozinha, serviços gerais e recepcionista. Com um detalhe: como geralmente essas pessoas não são sindicalizadas, acabam trabalhando mesmo sem receber. Mas nem todos. “Alguns deixaram de vir porque não têm mais dinheiro para bancar o transporte”, diz Alonso.

Em relação aos atendimentos no local em que trabalha, Alonso Julião disse que a Nascer Cidadão teve um dia com muito mais fluxo do que o normal, o que ele atribui à vinda de pacientes que buscariam outras maternidades. Mas quem esteve lá foi atendido, garante. “Como temos na Nascer Cidadão um quadro maior de servidores efetivos do que nas demais (unidades), conseguimos atender. Mas o serviço fica precarizado.”

O servidor denuncia também que a crise reflete nas condições de higiene das unidades. No caso da Nascer Cidadão, a segunda-feira marcou o início da atividade de outra empresa responsável pela limpeza, a Interativa Serviços, de Brasília.

A <a href="https://opopular.com.br/cidades/depoimento-de-diretora-da-fundahc-detalha-atuac-o-de-investigados-dentro-da-sms-de-goiania-1.3210924" target="_blank">Fundahc </a>foi procurada para falar sobre o novo contrato com empresa de limpeza, o fluxo de pacientes e se há plano de pagamento. A assessoria respondeu que a fundação, “no momento”, só atenderá a imprensa por nota, como a publicada nesta segunda. Nela, é reforçado que “diante dos atrasos nos repasses financeiros por parte da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia ”, as três maternidades a cargo da Fundahc “estão atendendo apenas casos de urgência e emergência pelas fichas vermelha, laranja e amarela”.

Maternidades da rede municipal têm situação piorada em Goiânia

Crise na Saúde

Os relatos da diretora executiva da <a href="https://opopular.com.br/cidades/sandro-mabel-quer-rever-contratos-com-a-fundahc-1.3210268" target="_blank">Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc)</a> da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lucilene Maria de Sousa, que embasaram a operação do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) que resultou na prisão do então titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, <a href="https://opopular.com.br/cidades/ex-secretario-de-saude-de-goiania-wilson-pollara-deixa-a-pris-o-1.3207768" target="_blank">Wilson Pollara</a>, e de dois de seus assessores em 27 de novembro, apontam um envolvimento maior e mais direto de um destes assessores, o então secretário executivo da <a href="https://opopular.com.br/cidades/mp-go-define-com-sms-como-pagar-debitos-de-setembro-da-saude-em-goiania-1.3208499" target="_blank">SMS Goiânia,</a> Quesede Ayres Henrique, em relação aos esquemas investigados e que uma das irregularidades investigadas já ocorria na gestão anterior da pasta.

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Wilson, que é de São Paulo, e Quesede, que veio do Tocantins, tomaram posse de seus cargos no mesmo dia, em 2 de outubro de 2023. Porém, o secretário executivo já estava na SMS Goiânia desde 18 de setembro daquele ano, como superintendente de Administração e Gestão de Pessoas. Lucilene contou que o primeiro a dar as caras nas negociações das dívidas milionárias com a fundação foi Pollara, mas um dia, quando foi apresentada a Quesede, foi orientada que ele seria quem “cuidaria do financeiro na pasta”.

Lucilene prestou dois depoimentos ao Grupo de Atuação Especializada no Patrimônio Público (Gaepp) do <a href="https://opopular.com.br/cidades/mpgo-deve-ouvir-ex-numero-2-da-sms-nesta-terca-feira-3-1.3206009" target="_blank">MP-GO</a>, ambos como testemunha. O primeiro foi em 19 de agosto, por convite dos promotores, após estes receberem informações de que <a href="https://opopular.com.br/cidades/irregularidades-na-saude-causaram-divida-de-mais-de-r-120-milh-es-e-interrupc-o-de-servicos-essenciais-diz-mp-1.3203947" target="_blank">Wilson e Quesede</a> não estavam seguindo a ordem cronológica dos pagamentos dos fornecedores e prestadores de serviço da pasta e estavam interferindo na gestão de entidades conveniadas, como a Fundahc, que administra as três maternidades municipais de Goiânia.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/sandro-mabel-quer-rever-contratos-com-a-fundahc-1.3210268" target="_blank">Sandro Mabel quer rever contratos com a Fundahc</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/interventor-na-saude-em-goiania-ja-se-reuniu-com-o-mp-go-1.3209427" target="_blank">Interventor na Saúde em Goiânia já se reuniu com o MP-GO</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/mp-go-define-com-sms-como-pagar-debitos-de-setembro-da-saude-em-goiania-1.3208499" target="_blank">MP-GO define com SMS como pagar débitos de setembro da Saúde em Goiânia</a></div>

O segundo depoimento foi dado por iniciativa da diretora executiva em 22 de outubro, uma terça-feira, após um final de semana caótico em que o Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI) quase ficou sem pediatras para atender os casos de urgência e emergência e pela primeira vez é relatado o pagamento a um fornecedor da Fundahc feito pelos investigados por meio de recursos que não eram dos cofres públicos, o que, segundo Lucilene, o então titular da SMS chamou de “empréstimo” a ser quitado assim que a pasta conseguisse repassar recursos para a fundação.

Além das prisões de Wilson, Quesede e do diretor-financeiro da SMS, Bruno Vianna Primo, a Operação Comorbidade, deflagrada pelo Gaepp em novembro, cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos três investigados e ao pediatra Pietro Giovanni Griggi, responsável por fornecer profissionais desta área às maternidades e que teria sido beneficiado com o suposto “empréstimo” em outubro. Comparando os pedidos de prisão e buscas com as falas de Lucilene percebe-se que as principais provas do MP-GO estão nos depoimentos dela.

<h2>Pedidos</h2>

Por duas vezes, uma em agosto e outra em outubro, a diretora executiva da Fundahc afirma que Quesede pediu para ela trocar fornecedores contratados pela fundação para serviços nas maternidades por empresas indicadas por ele. Segundo Lucilene, ele não chegou a dizer os nomes porque ela encerrou a conversa rapidamente. Na primeira vez, o pedido foi feito com a justificativa de garantir um aumento no repasse de verbas federais. Nesta ocasião, o secretário executivo teria citado propinas a terceiros entre 5% a 15% dos repasses feitos.

Na segunda ocasião, a proposta foi feita na véspera do fim de semana em que os pediatras ameaçavam suspender o serviço de urgência e emergência no HMDI. Lucilene diz ao Gaepp que, ao ser informado que Pietro alertou sobre a falta de condições financeiras para pagar os plantões e que os pediatras não teriam como atender já no dia 19, um sábado, Quesede propôs colocar uma empresa ligada a ele. A dívida entre a Fundahc e o Instituto dos Médicos Intensivistas do Estado de Goiás (Intensipeg) estava em torno de R$ 4 milhões por culpa dos atrasos nos repasses da SMS.

É o nome de Quesede que aparece nos relatos de Lucilene quando ela fala de fornecedores que citaram “conversas estranhas” na SMS para tratar de pagamentos atrasados pelos serviços prestados. Um destes prestadores de serviço foi o próprio Pietro, mas isso antes do final de semana crítico no HMDI, quando aparentemente o pediatra recebeu por PIX R$ 30 mil de uma pessoa do Tocantins ligada a Quesede, o suposto empréstimo, para pagar os plantões destes dias mais críticos. Ao todo, Pietro teria recebido R$ 100 mil, conforme Lucilene.

<h3>Beneficiados</h3>

Uma das suspeitas do Gaepp contra os três investigados é de não estarem cumprindo a ordem cronológica de pagamentos prevista em legislação para favorecer fornecedores e prestadores de serviços da Fundahc, pressionando-os por meio dos atrasos nos repasses da SMS à fundação. Por lei, a secretaria deveria repassar o que está previsto em contrato à gestora das maternidades (em torno de R$ 20,5 milhões por mês) e a entidade fazer o pagamento aos seus contratados.

Segundo Lucilene, alguns fornecedores negociavam diretamente com Quesede e este definia quem a Fundahc deveria priorizar nos pagamentos, sem deixar claro quais os critérios para priorização. O secretário executivo impunha o direcionamento nos pagamentos por meio de repasses com os valores exatos para quitar as notas fiscais dos beneficiados. A diretora afirmava que seguia as ordens por medo de a situação se agravar e ficar insustentável manter os serviços de urgência e emergência. Os atendimentos eletivos já estavam sofrendo com uma série de suspensões em 2024.

Além disso, a depoente também argumentou que por causa da forma como Wilson e Quesede faziam a Fundahc já não tinha mais força para negociar os atrasos com os fornecedores. Ela sugere que os investigados poderiam estar cobrando descontos dos fornecedores para que estes pudessem receber os recursos pelos serviços prestados, mas diz que não sabe qual o envolvimento específico de cada um dos três no esquema em apuração pelo MP-GO. Em uma conversa com Bruno, este teria dito a ela que só cumpria ordens dos chefes.

Depois de algum tempo, os fornecedores começaram a preferir negociar diretamente com a SMS, a ponto de uma das empresas contratadas nem mesmo esperar os pagamentos atrasarem para ameaçar suspender os serviços. A empresa perdeu o contrato com a fundação posteriormente.

Lucilene também revelou que o desrespeito à ordem cronológica e a ingerência por parte da SMS dentro da Fundahc já era uma prática antes de Wilson assumir a pasta. Segundo ela, o antecessor dele, o médico Durval Pedroso, já fazia isso, mas focado apenas nos contratos envolvendo empresas que forneciam mão de obra médica. Segundo ela, Durval dizia que por ser médico teria maior facilidade em negociar os atrasados com profissionais da saúde. A diretora comentou que ao tomar posse Wilson chegou a dizer que era um absurdo o que o ex-secretário estava fazendo.

<h3>Perfis diferentes</h3>

Lucilene também conta que as reuniões com Wilson sempre foram mais abertas, com participação de mais diretores da SMS e representantes de outros contratos com a SMS e que sempre que ela o procurava para tratar da demora de um repasse devido ou da ameaça de algum fornecedor em suspender o serviço ele pedia um prazo para dar uma solução e o problema era resolvido. Ela disse não saber se o secretário tinha envolvimento direto nas conversas com os fornecedores, mas conta que já ouviu de Bruno e de Quesede pedidos de contatos de credores da fundação.

Ainda segundo Lucilene a situação piorou muito no período em que Wilson foi afastado do cargo pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO), entre julho e agosto, e em seu lugar ficou Quesede. O interino só dizia não ter dinheiro e ainda dava bronca, segundo ela.

A situação mais crítica relatada por Lucilene foi entre 17 e 21 de outubro, quando pediatras ameaçaram suspender a urgência do Dona Iris. Foi o momento em que Wilson teria demonstrado maior desespero, ameaçando pedir exoneração e informando que ficaria até o final do mês e que em seu lugar assumiria Quesede. Além disso, o secretário demonstrava receio com as falas durante a campanha eleitoral do governador Ronaldo Caiado (UB) em apoio ao seu candidato a prefeito, Sandro Mabel (UB), sobre o tamanho da crise na saúde municipal.

Desde o começo de outubro, Caiado falava do risco de colapso na saúde municipal. Quando Lucilene alertou Wilson sobre o risco de fechamento do Dona Iris, o secretário teria dito que se isso ocorresse o governo estadual iria intervir na SMS e que a Fundahc perderia o contrato das maternidades e que, portanto, não era para ela deixar a ameaça dos pediatras se concretizar. Foi neste momento que a diretora comentou com ele que a Fundahc “perdeu toda a credibilidade de negociação” e pediu ao secretário que falasse diretamente com Pietro, passando-lhe o número de telefone do pediatra.

A solução encontrada pela SMS surpreendeu Lucilene. Não ficou claro de quem foi a proposta, se dos pediatras, de Wilson ou Quesede, mas a medida adotada foi pagar adiantado pelo plantão do fim de semana e em um valor superior ao que era pago. Em vez de R$ 1,8 mil, foi acertado o valor de R$ 3 mil para cada um dos 11 médicos necessários. A forma como o repasse foi feito também assustou a diretora, conforme a própria argumentou no MP-GO: por meio de um empréstimo.

A diretora diz que perguntou a Wilson a origem do dinheiro, mas não teve resposta. Dois dias depois, Lucilene procurou o Gaepp para informar o que aconteceu.

<h4>Respostas</h4>

O POPULAR entrou em contato com a defesa de Wilson e Quesede. Também procurou Lucilene e Durval. A assessoria da Fundahc disse que a diretora não se manifestaria à imprensa enquanto as investigações estivessem em andamento. Wilson e Durval não responderam até a conclusão desta reportagem. Já a defesa de Quesede afirmou que inexistem os fatos narrados e está plenamente confiante na sua inocência. “Ainda esclarece que todos os elementos de provas em seu favor serão apresentados oportunamente nos autos do processo.”