A estudante de Arquitetura Susy Nogueira Cavalcante, de 21 anos, era filha única de um casal de policiais. A mãe é sargento da Polícia Militar e trabalha no Copom, já o pai é aposentado da Polícia Civil.Segundo o advogado e amigo da família, Darlan Alves Ferreira, o hospital onde Susy foi internada e onde foi a óbito nunca chegou a notificar a família sobre os abusos, ainda que a própria jovem tivesse avisado a equipe do hospital, que por sua vez registrou uma ocorrência na Polícia Civil. “Não falaram nada. Quando tinha visita, tratavam como se fosse um paciente qualquer. Não deram notícia nenhuma”, diz o advogado. Susy morreu vítima de enfarte em 26 de maio, dez dias depois de ser internada.Darlan conta que Susy não tinha problemas graves de saúde. No máximo, tinha algumas “tonteiras”. No dia 16, porém, após Susy ser deixada na faculdade, o pai dela recebeu uma ligação pedindo que voltasse ao local.“Quando ele chegou, já tinha uma ambulância lá”, conta. “Ela foi levada ao hospital mais próximo e no dia seguinte aconteceu esse fato”, citou.Foi a própria Susy quem comunicou o ato a uma enfermeira. “A direção viu as imagens, chamou o rapaz e comunicou a delegacia. Mas o pai nunca soube de nada”, indigna-se Darlan.Após o abuso, diz o advogado, Susy foi entubada, novamente. “Quando o pai ia visitá-la, ela chorava. Escorriam lágrimas e ela tinha essa expressão de que queria contar algo, mas não podia”, afirma.Susy morreu ainda internada na UTI. O corpo foi levado pela família ao IML para os exames de causa mortis. E depois retornou para o sepultamento, à noite.“Intriga o hospital não informar o fato, nem que já tinha comunicado a família”, diz Darlan. “Queremos saber porquê o pai não foi chamado, porquê ele não foi comunicado.”Leonardo Silva Araújo, advogado do técnico de enfermagem Ildson Custodio Bastos, que segundo as imagens cometeu o crime contra Susi, diz que Ildson nega todas as acusações. “Ele disse que não fez nada além de suas funções como técnico de enfermagem”.A delegada Paula Meotti informa que ele não tem passagens criminais e que trabalhava na UTI do hospital havia mais de um ano. A delegada afirma, porém, que vão apurar a possibilidade dele ter praticado o crime outras vezes. A pena por estupro de vulnerável prevê de 8 a 15 anos de detenção. (Thiago Burigato com colaboração de Malu Longo)