O envenenamento de um grupo de amigos na zona sul da cidade de São Paulo no final de agosto dá pistas sobre como podem estar ocorrendo os casos de intoxicações por consumo de bebida alcoólica contaminada com metanol em diversas regiões do estado, especialmente na capital e em sua região metropolitana.

Duas mortes foram confirmadas neste sábado (27) pelo CVS (Centro de Vigilância Sanitária) do estado de São Paulo. Ambas ocorreram em setembro, sendo uma na capital paulista e outra em São Bernardo do Campo. O serviço anota oficialmente seis casos de intoxicação confirmados desde junho no estado. Existem ainda outros dez sob investigação na cidade de São Paulo.

No caso da intoxicação em grupo não houve mortes, mas ocorreram sintomas graves, com uma das vítimas, um jovem de 27 anos, relatando que chegou a perder a visão. Ele ainda apresentou quadro de consciência rebaixada e precisou receber ventilação mecânica no hospital para respirar.

No dia 2 de setembro, a tia dessa vítima e a mãe de uma jovem de 25 anos foram à 48ª Delegacia de Polícia, no distrito paulistano Cidade Dutra (zona sul), e contaram que seus respectivos sobrinho e filha haviam recebido diagnóstico de intoxicação por metanol.

Elas relataram que o envenenamento ocorreu após o consumo de uma conhecida marca de gim importado, comprado dias antes pelo rapaz em uma adega do bairro residencial Jardim Guanhembú, nas proximidades do Sesc Interlagos.

O consumo teria ocorrido na casa dele, na madrugada de 31 de agosto, logo após o jovem ter adquirido a bebida no estabelecimento, em um pacote promocional que incluía gelo e energético.

Cinco pessoas que participavam da confraternização, com idades entre 23 e 27 anos, teriam consumido a bebida. Quatro precisaram de atendimento hospitalar.

O caso mais grave foi o do anfitrião, que havia ingerido a bebida pura, segundo testemunhas. Os demais convidados tinham tomado o gim misturado com gelo ou energético. Após acordar, ele reportou fortes dores abdominais e, mais tarde, começou a gritar que estava cego.

A polícia recolheu duas garrafas de gim que estavam na casa dessa vítima. Outras 14 garrafas foram apreendidas no estabelecimento onde os parentes relataram que a bebida havia sido comprada.

Registros do empório mostram que ao menos uma garrafa havia sido adquirida no local, por volta das 2h de 31 de agosto.

Funcionários da adega reportaram que o rapaz era cliente do local e que naquela noite ele havia ido ao estabelecimento já apresentando sinais de embriaguez.

Os trabalhadores ainda disseram que o gim teria sido comprado em uma distribuidora de bebidas na mesma região, mas não apresentaram as notas fiscais. Disseram que somente o proprietário poderia futuramente confirmar a procedência, já que na ocasião estava viajando.

A Secretaria de Segurança Pública da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que o caso segue sob investigação, sem novidades sobre o resultado da análise das bebidas até o momento.

<h2>Contaminação pode estar ligada a bebida adulterada e até ao PCC</h2>

A contaminação de uma bebida alcoólica por metanol tende a acontecer em casos de falsificação do produto, uma vez que a substância tóxica pode estar presente em álcool adulterado ou mesmo ser adicionada para aumentar o teor alcoólico de forma mais barata.

Embora tais hipóteses pareçam fazer sentido, não é possível afirmar que esta seja a causas das intoxicações até que a análise do conteúdo das garrafas apreendidas esteja concluída, afirma Camila Carbone Prado, médica-assistente do Ciatox de Campinas, centro de assistência toxicológica de referência para diagnósticos e tratamento desses casos.

Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que, em 2022, o crime organizado obteve receita de R$ 56,9 bilhões com a fabricação de bebidas falsificadas.

O valor era, na época, maior do que o faturamento da maior cervejaria do país, a Ambev, de R$ 42,6 bilhões.

A entidade chegou à cifra a partir da estimativa da empresa Euromonitor Internacional de que 25,7% do mercado brasileiro de bebidas estaria na ilegalidade. O valor usado como base do cálculo foi a produção nacional do setor registrada pela Pesquisa Industrial Anual do IBGE.

Facções como o Comando Vermelho e o PCC (Primeiro Comando da Capital) estariam envolvidas com a produção ilegal, diz o fórum.

Jovens intoxicados com metanol compraram gim importado em adega da zona sul de SP

Jovens relata cegueira temporária após beber gim com metanol

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Investigação

<img attr-cid="policy:1.3100354" attr-version="policy:1.3100354:1705227225" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3100354/WhatsApp Image 2024-01-14 at 07.13.34.jpeg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
BMW onde corpos foram achados em parada cardiorrespiratório em SC (Foto: Felipe Salles/NSC TV)

O dono de uma oficina mecânica de&nbsp;Aparecida de Goiânia&nbsp;é investigado pela Polícia Civil de Santa Catarina por suspeita de modificar uma BMW e, por consequência, <a href="https://opopular.com.br/cidades/bmw-onde-jovens-morreram-asfixiados-foi-modificada-em-oficina-de-goias-diz-policia-1.3100353" target="_blank">causar a morte de quatro jovens por intoxicação</a>, em Balneário Camboriú (SC). Para a reportagem,&nbsp;a defesa dele afirmou que a peça automotiva foi desenvolvida por uma empresa terceirizada, assim como sua instalação.

<cite>A empresa terceiriza muitos serviços, muitos, inclusive fora do estado, com serviços locais. [ Nesse caso ] a peça e a montagem [ foram terceirizadas ]”, afirmou o advogado do dono da oficina, David Soares.</cite>

O advogado não soube informar o nome da empresa terceirizada para que a reportagem&nbsp;pudesse pedir um posicionamento.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/bmw-onde-jovens-morreram-asfixiados-foi-modificada-em-oficina-de-goias-diz-policia-1.3100353" target="_blank">BMW onde jovens morreram asfixiados foi modificada em oficina de Goiás, diz polícia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/morre-menino-que-estava-em-acidente-que-matou-m-e-e-deixou-adolescente-ferida-1.3100301#state=50b4f822-e10e-4988-88da-c99df7ba02e5&amp;session_state=12690d65-10f9-4cf8-9942-79aed2c4f7d1&amp;code=5e0b8e29-2c0c-43a5-8b27-7a84a685b2a4.12690d65-10f9-4cf8-9942-79aed2c4f7d1.b9b3328a-640e-4deb-9f63-4c9096be6cf7" target="_blank">Morre menino que estava em acidente que matou mãe e deixou adolescente ferida</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/professor-morre-apos-roda-de-caminh-o-se-soltar-e-atingir-carro-em-cezarina-1.3100329" target="_blank">Professor morre após roda de caminhão se soltar e atingir carro em Cezarina</a></div>

A oficina em questão foi inaugurada há 11 anos e atualmente está instalada na Vila Brasília. De acordo com o advogado, funcionários sempre passam as orientações de uso aos proprietários dos veículos após os serviços prestados.

Segundo a Polícia Civil de Santa Catarina, a BMW passou por outras customizações além da que foi feita em Aparecida de Goiânia. Elas teriam sido feitas em Minas Gerais.

A polícia catarinense intimou, pela segunda vez, o dono da oficina goiana para prestar depoimento. O interrogatório está marcado para segunda-feira (15), por videochamada. Da primeira vez, ele foi ouvido como testemunha, mas agora estará na condição de “interrogado”, segundo a defesa.

O advogado de defesa tenta adiar o depoimento, pois afirma que ainda não teve acesso ao inquérito e nem aos laudos periciais, já realizados.

“Estamos com a expectativa positiva, o trabalho prestado foi feito com muita experiência e há mais de 7 meses. Por que daria problema só agora? Temos que ter acesso a perícia e entender os fatos, nossa intenção é a elucidação dos fatos”, afirmou o advogado.

A polícia catarinense diz que também quer ouvir os mecânicos que trabalharam no serviço. Segundo o delegado Vicente Soares, os responsáveis pelas mudanças no veículo poderão responder por homicídio culposo.

<img attr-cid="policy:1.3100355" attr-version="policy:1.3100355:1705227319" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3100355/WhatsApp Image 2024-01-14 at 07.14.52.jpeg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Vítimas mortas por suspeita por intoxicação de monóxido de carbono em SC (Foto: Redes sociais/Divulgação)

<h2>A intoxicação</h2>

As mortes aconteceram no dia 1º de janeiro, em Balneário Camboriú. Os jovens foram encontrados desmaiados na BMW, estacionada dentro da rodoviária da cidade. Eles chegaram a ser socorridos, mas as mortes foram confirmadas ainda no local.

As vítimas são: Gustavo Pereira Silveira Elias, 24 anos; Karla Aparecida dos Santos, de 19; Tiago de Lima Ribeiro, de 21; e Nicolas Kovaleski, de 16.

Na sexta-feira (12), as forças de segurança de Santa Catarina fizeram uma coletiva para dar algumas explicações do caso. Uma das confirmações, obtidas com os resultados de laudos da perícia, foi que&nbsp;os quatro jovens morreram por conta de uma intoxicação causada por monóxido de carbono.

A suspeita é de que houve um vazamento do gás tóxico dentro do veículo e, como ele não tem cheiro, as vítimas inalaram até morrerem.

O vazamento só teria acontecido porque a BMW passou por três customizações, sendo uma delas na oficina de Aparecida de Goiânia, entre o escapamento e o catalisador (que funciona como um filtro), com o intuito de aumentar o barulho de ronco do motor.

“A partir dos depoimentos conseguimos identificar que esse veículo passou por algumas customizações, não foi apenas uma. Em julho ele faz a segunda modificação, em uma oficina da cidade de Aparecida de Goiânia, onde foi realizada essa modificação do escapamento, trocando a parte do catalisador por um downpipe, assim como realizando outras modificações no escapamento”, afirmou o delegado do caso, Vicente Soares.

O monóxido de carbono deveria sair pelo escapamento do carro, mas segundo acredita a polícia, por conta das modificações, o gás não conseguiu sair completamente, ficando preso dentro do veículo.

A perita criminal Bruna de Souza Boff chegou a explicar que, quando o carro estava em movimento, o gás tóxico ficava em concentração menor, pois entrava em contato com o oxigênio, pelo vento.

Mas, nesse caso, os jovens estavam dentro do carro estacionado, com o veículo ligado, e o monóxido de carbono ficou circulando no ambiente fechado.

"O problema da intoxicação é quando a gente tem ambientes fechados, confinados, em que o monóxido de carbono atinge uma concentração superior a do oxigênio [...] O resultado que a gente obteve de três das vítimas foi acima de 50% de saturação de monóxido de carbono e na outra entre 49 e 50%, o que é praticamente a mesma coisa. Normalmente, esse índice acima de 40% já causa morte”, afirmou.

<h2>Primeiro depoimento</h2>

O dono da oficina mecânica de Aparecida de Goiânia já prestou depoimento à Polícia Civil de Santa Catarina no início das investigações. Naquela época, ele estava na condição de testemunha.

Na coletiva de imprensa, o delegado afirmou que, neste primeiro depoimento, o homem afirmou que o downpipe foi desenvolvido dentro da oficina, ao invés de ter sido adquirido de uma indústria.

"Foi realizada a oitiva do proprietário dessa oficina. Ele relatou que esse downpipe, que eles manufaturam esse downpipe na própria oficina, eles constroem esse downpipe. Não foi um downpipe comprado em uma indústria, em uma fábrica, como existem. Existem downpipes feitos em indústrias. Esse era de certa forma caseiro e ele foi instalado", afirmou o delegado.

A defesa do dono da empresa nega a informação, dizendo que tanto a confecção da peça como a montagem foram realizadas por uma empresa terceirizada.

Oficina de Aparecida de Goiânia que fez modificação em BMW onde jovens morreram em SC terceirizou o serviço, diz defesa

INVESTIGAÇÃO 

Goiás é o oitavo estado brasileiro em maior número de notificações de intoxicação exógena por agrotóxicos agrícolas. De 2007 a 2022, a unidade da federação teve 3.529 casos. Os dados confirmados são do DataSUS do Ministério da Saúde (MS). A realidade é pior. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que para cada registro de intoxicação feito, outros 50 são subnotificados.

O ranking nacional é encabeçado por Paraná (10,3 mil), São Paulo (7,8 mil) e Minas Gerais (7,7 mil). Intoxicação exógena é o conjunto de sintomas relacionados à exposição de substâncias químicas tóxicas.

O dado está associado à posição de Goiás como um estado produtor, consumidor e distribuidor de agrotóxicos para vizinhos, como Mato Grosso e Pará.

O contexto das intoxicações em Goiás é de contaminação de mananciais e circulação de produtos ilegais (leia mais abaixo).

A maioria dos casos (50,9%) ocorreu durante o trabalho. Os registros fora do ambiente profissional somam 40,5%. As demais notificações não tinham a informação preenchida.

Leia também:

<a href="https://opopular.com.br/cidades/fiscalizac-o-aplica-r-63-mil-em-multas-por-pesca-ilegal-em-aruan-1.3043538" target="_blank">-&nbsp;Fiscalização aplica R$ 63 mil em multas por pesca ilegal em Aruanã</a>

<a href="https://opopular.com.br/cidades/rio-meia-ponte-entra-no-nivel-de-atenc-o-1.3043496" target="_blank">-&nbsp;Rio Meia Ponte entra no nível de atenção</a>

<a href="https://opopular.com.br/economia/transic-o-energetica-exigira-maior-produc-o-mineral-1.3042392" target="_blank">-Transição energética exigirá maior produção mineral</a>

As circunstâncias são muitas, mas cinco delas respondem por 83,4% dos registros. Os acidentes formam a maior parcela, com 41,9% do total. Na sequência estão as tentativas de suicídio (25,9%), uso habitual (8,6%) e ambiental (7%). Outros motivos representam 16,6%.

<cite>É uma agricultura que desde as décadas de 1960/1970, foi construída com base na grande lavoura, com o uso de insumos químicos, sejam eles fertilizantes ou agrotóxicos, mecanização pesada e, mais recentemente, os transgênicos"</cite>

Murilo Mendonça Oliveira de Souza, pesquisador

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Professor e pesquisador do Programa de Pós Graduação em Geografia (PPGEO) da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Murilo Mendonça Oliveira de Souza, considera que, de maneira geral, o contexto do agronegócio em Goiás e no Cerrado tem relação com as intoxicações.

“É uma agricultura que desde as décadas de 1960/1970, foi construída com base na grande lavoura, com o uso de insumos químicos, sejam eles fertilizantes ou agrotóxicos, mecanização pesada e, mais recentemente, os transgênicos”, contextualiza Souza, que tem dentre os temas de atuação os impactos socioambientais dos agrotóxicos.

A grande maioria dos casos evoluiu sem sequelas, conforme os dados oficiais. Entretanto, 58 pessoas perderam a vida nas intoxicações. Do total, 52 se curaram, mas com sequelas. São casos como os dos alunos da Escola Municipal Rural São José do Pontal, localizada em Rio Verde, no Sudoeste goiano.

No dia 3 de maio de 2013, um avião agrícola pulverizou agrotóxicos sobre a escola rural. Foram intoxicadas ao menos 29 crianças e 8 adultos, conforme registros da época. No filme “Pontal do Buriti - brincando na chuva de veneno”, sobre o acidente em Rio Verde, as vítimas relatam problemas de saúde como dor de cabeça, falta de ar, tontura e enjoo.

Em relação à população, Goiás também é o oitavo no ranking de intoxicação entre os estados, conforme cálculo feito pelo POPULAR. A taxa por 100 mil habitantes no período de 2007 a 2022 foi de 50,2 (veja quadro). O índice nacional é bem inferior ao verificado aqui: 31,73.

Na série histórica, o ano com mais registros foi 2013: 375. De 2015 a 2018, a alta nas intoxicações foi consistente. O número partiu de 201 para 274. Desde então varia com viés de baixa.

O perfil das pessoas intoxicadas é majoritariamente masculino -7 em cada 10- e jovem. A faixa etária com maior representação é a de 20 a 39 anos, com 1.834 anotações. Jataí, Rio Verde, Formosa, Cristalina e Anápolis, respectivamente, formam o topo da relação. Um em cada três registros foi verificado nestas cidades goianas.

O pesquisador considera haver subnotificação e a atribui a uma “deficiência” nos atendimentos. “Se a gente pensar nos casos indiretos, que envolvem ar, água, alimento, certamente ampliaria muito este número.”

Água

A contaminação de mananciais por estes produtos preocupa. O assunto foi tema do relatório “Vivendo em Territórios Contaminados: um dossiê sobre agrotóxicos nas águas do Cerrado”. O documento revelou alto grau de contaminação das águas nas amostras em Goiás, embora poucos pontos tenham sido analisados.

Em Goiás foram coletadas 18 amostras em quatro pontos. Todos eles ficam nas imediações do acampamento Leonir Orback, em Santa Helena, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Lá residem 170 famílias.

As coletas ocorreram em dois ciclos distintos. No primeiro, 12,5% das amostras continham 2,4-D, 50% atrazina, 12,5% Etofenprox e 87,5% glifosato. Na segunda etapa estavam presentes 2,4-D (75%), fipronil (100%) e glifosato (12,5%).

O primeiro ciclo foi entre fevereiro e março de 2022, período próximo à colheita da soja. O segundo ocorreu entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023. Este último inclui o intervalo temporal de plantio da soja.

O fipronil foi banido na União Europeia. Trata-se de um inseticida. A ele é atribuída relação com a morte de abelhas. Em humanos, a ingestão de grandes quantidades pode causar efeitos neurológicos como irritabilidade, tremores e convulsões. O dossiê classifica o fipronil como possível agente que influencia o desenvolvimento de câncer de próstata e linfoma, entre outros problemas de saúde.

Ao glifosato, 2,4-D e atrazina o dossiê sugere associação entre os mesmos e a desregulação endócrina, entre outros males.

As amostras foram analisadas pelo Laboratório de Toxicologia do Cesteh/Ensp/Fiocruz.

Souza afirma que, cientificamente, apenas em torno de 30% do que é aplicado são absorvidos pela planta. “A outra parte alcança o solo, ar, água e pessoas. Na água, o agrotóxico pode chegar ao lençol freático.”

As companhias de abastecimento público são obrigadas a monitorar a presença de agrotóxicos na água. No entanto, os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua) não estão abertos à população.

A reportagem solicitou à Saneago a quantidade total de amostras de 2022, em quantas delas havia a presença de agrotóxicos e quantas o índice estaria acima do tolerável.

A concessionária informou ter coletado aproximadamente 1.400 amostras de água bruta e tratada e que elas apresentavam parâmetros aceitáveis. Não foi informado em quantas amostras havia agrotóxicos.

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Projeto de lei veta aviões

Um projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) altera as regras para a pulverização de agrotóxicos no estado e veta o uso de aeronaves para a atividade.

De autoria do deputado Antônio Gomide (PT), o PL 574/23 foi apresentado na Alego no dia 22 de junho.

Na propositura, o deputado argumenta que a medida vai no sentido de respeitar o artigo 225 da Constituição Federal, o qual preza que todos tenham direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Pelo projeto, se aprovado, haverá alteração da lei 19.423/16, que trata da produção, armazenamento, comércio, transporte interno, utilização, destino de embalagens, inspeção e fiscalização de agrotóxicos e componentes afins.

Outros estados discutem a medida. O Ceará já tem legislação que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos. A Lei 16.820 é de 2019, mas enfrentou resistência e foi questionada até o Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta inconstitucionalidade. A Corte iniciou o julgamento do assunto em 2021 em sessão virtual, mas a decisão da maioria em favor do texto estadual só foi formada em 26 de maio deste ano.

Goiás é o quarto estado em número de aeronaves para uso agrícola, com 295 unidades. O ranking tem na ponta Mato Grosso, com 600 aeronaves. Na sequência aparecem Rio Grande do Sul (419) e São Paulo (322).

 
Ibama apreende 33,7 mil kg/lt em Goiás

De 2021 a este ano, a Superintendência Regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Ibama) em Goiás apreendeu 33.724 kg/lt de agrotóxicos ilegais.

Os recolhimentos feitos pelo Ibama são de produtos contrabandeados, falsificados ou com outras irregularidades.

Uma das grandes ações da superintendência foi em 2021. Naquele ano uma fábrica que utilizava matéria prima importada da china foi fechada. Os produtos eram vendidos com rótulos de mercadorias de marcas existentes no mercado nacional.

Analista ambiental do Ibama em Goiás, Jesse Rodrigo Rosa afirma que o grande volume registrado tem relação com a condição do estado de produtor agrícola e distribuidor destes produtos para outros estados, sobretudo Mato Grosso e Pará.

“Muitas vezes, como a gente tem um volume muito grande de negociação no estado, os irregulares se aproveitam disto para tentar conseguir realizar operações ilegais. Eles tentam passar as substâncias por legais”, acrescenta Rosa.&nbsp;

O analista do Ibama explica também que não é raro que os operadores ilegais tentem passar as substâncias como adubos. Isto acontece, explica ele, porque há agrotóxicos granulados, assim como os aditivos para a produção agrícola.

<cite>Sempre que chega a informação que está tendo entrada de produto possivelmente falsificado em Goiás, a gente estabelece rotina para identificar possíveis fábricas e quem são estas pessoas envolvidas na ação"</cite>

Jesse Rodrigo Rosa, analista ambiental do Ibama

Quando isto ocorre, a identificação passa pelo trabalho técnico de observar cheiro, cor, consistência, entre outros aspectos.

O trabalho dos agentes passa por um planejamento. A atuação ocorre, em muitas vezes, com o apoio da Polícia Civil (PC), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“Sempre que chega a informação que está tendo entrada de produto possivelmente falsificado em Goiás, a gente estabelece rotina para identificar possíveis fábricas e quem são estas pessoas envolvidas na ação”, explica o analista do Ibama.

Rosa conta que a internet é utilizada uma vez que há a comercialização dos produtos ilegais livremente na rede. “A gente faz um acompanhamento destes sites que comercializam o que não tem uso permitido no Brasil. A partir deste monitoramento, conseguimos identificar a origem deste depósito.”

O analista do Ibama afirma ainda que há casos em que os compradores dos produtos ilegais imaginam levar vantagem por uma suposta economia, mas que isto pode não ocorrer na prática. “Agrotóxico por si só é um produto muito caro. Qualquer produto é extremamente caro. É intrínseco porque o desenvolvimento exige tecnologia e pesquisa, mas o produtor pode comprar algo que é inócuo, não vai atingir o fim desejado por ele”, alerta.

O total de apreensões poderia ser maior, pois o número de profissionais do Ibama na fiscalização está aquém da adequada, conforme o analista.

 
3,6 mil foram alvo de fiscalização neste ano

Neste ano a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) já realizou 900 fiscalizações em estabelecimentos comerciais e 2.700 em propriedades rurais. Houve a aplicação de 2.311 checklists identificando o nível de conformidade. O órgão é o responsável por monitorar o uso dos agrotóxicos em Goiás.

Coordenador de Agrotóxicos da Gerência de Fiscalização Vegetal, Rodrigo Baiocchi explica que a legislação estabelece um rigoroso controle aos produtos. Os agrotóxicos precisam ter registro em três ministérios, o da Agricultura, Saúde e o do Meio Ambiente e Mudança do Clima.&nbsp;

A compra depende de receituário emitido por um profissional legalmente habilitado. O processo é similar ao que acontece com os medicamentos tarja-preta para pessoas. Todo o trâmite carece de registro em sistema informatizado com os dados de vendedor, comprador e responsável técnico.

Após o uso do produto, as embalagens carecem de higienização adequada, necessitam ser perfuradas e devolvidas em até um ano após a aquisição.

Um dos gargalos em relação aos agrotóxicos é a aplicação. “Fazemos a comparação com o motorista de carro. Ele pode ter a CNH, saber de todos os procedimentos corretos, mas sabemos que alguns deles podem infringir as normas de circulação”, compara Baiocchi.&nbsp;

“A responsabilidade é compartilhada por todos que se relacionam com o produto, desde a pesquisa que o desenvolveu até a destinação final das embalagens”, acrescenta o coordenador da Agrodefesa.

Em caso de descumprimento verificado pelo órgão fiscalizador, há a aplicação de multas. Dos checklists aplicados neste ano, conforme o Sistema de Defesa Agropecuária de Goiás, 56% das propriedades rurais apresentavam alto grau de conformidade, 34% grau médio e 9,8% tinham baixa conformidade, em termos de cumprimento da legislação aplicável.

O coordenador da Agrodefesa, que também é secretário executivo do Fórum Goiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, afirma que o Brasil fará um esforço para capacitar trabalhadores que utilizam os produtos. Se trata do “Aplicador Legal”. A formação visa a aumentar a segurança no transporte, ampliar a segurança no armazenamento e reduzir impactos ao meio ambiente relacionados ao mal uso dos produtos e afins, entre outros pontos.

A medida é prevista no Decreto federal 10.833/2021. Além da formação, faz parte do programa o registro dos aplicadores e das entidades ofertantes de cursos, para que haja fiscalização e controle.

Em caso de intoxicação, deve-se acionar um serviço de saúde. O Brasil possui um telefone específico para estas situações. É o 0800 722-6001.

<img attr-cid="policy:1.3043887" attr-version="policy:1.3043887:1688171844" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3043887/010723-vidt_venenonocorpo.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
(Arte de O Popular)

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Agrotóxicos intoxicaram mais de 3,5 mil em Goiás

Alerta

Uma prova no MasterChef Espanha causou a intoxicação alimentar de mais de 40 pessoas. Na ocasião, os participantes tinham de cozinhar para um batalhão de gente em um aquário.

Produtora, a Shine Iberia publicou uma nota, como relata o El País, na qual reconhece o erro e se desculpa por ele.

"Lamentamos muito o mal-estar manifestado por alguns dos participantes na gravação em Valência [...]. Este é um caso absolutamente excepcional nestes 11 anos de MasterChef na Espanha, um programa onde é prioridade absoluta garantir o cuidado alimentar das pessoas envolvidas", diz trecho do comunicado.

Leia também:&nbsp;

<a href="https://opopular.com.br/magazine/comida-di-buteco-traz-petiscos-a-r-30-em-goiania-e-aparecida-veja-a-lista-dos-participantes-1.3015821" target="_blank">-&nbsp;Comida di Buteco traz petiscos a R$ 30 em Goiânia e Aparecida; veja a lista dos participantes</a>

<a href="https://opopular.com.br/magazine/bbq-mix-bate-novo-recorde-ao-servir-mais-de-52-mil-porc-es-de-carnes-em-goiania-1.2484969" target="_blank">-&nbsp;BBQ Mix bate novo recorde ao servir mais de 52 mil porções de carnes, em Goiânia</a>

<a href="https://opopular.com.br/magazine/masterchef-isabella-vence-oitava-edic-o-com-cardapio-totalmente-vegano-1.2371847" target="_blank">-&nbsp;Masterchef: Isabella vence oitava edição com cardápio totalmente vegano</a>

A prova foi ao ar no último domingo (9) no quarto episódio do programa. Nela, os concorrentes precisavam preparar 120 pratos para os trabalhadores do Oceanogràfic de Valência, o maior da Europa.

Os cardápios giravam em torno dos frutos do mar e das comidas mediterrânea e indiana. Nas receitas havia ingredientes como ostras e mexilhões.

Prova do MasterChef Espanha causa intoxicação em mais de 40 pessoas

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O estado de Goiás registrou 98 casos de intoxicação por espécies de plantas ornamentais como a "como-ninguém-pode" somente nos três primeiros meses deste ano, informa a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Os dados são do Centro de Informação e Assistência Tecnológica de Goiás (Ciatox).

Pesquisas recentes apontam que cerca de de 2 mil casos por intoxicação de plantas são registradas por ano no país. As principais vítimas registradas são crianças menores de quatro anos. Segundo a SES, o número é grande nessa faixa etária por conta da irracionalidade de crianças nessa idade em conjunto com a curiosidade, fome e fácil acesso a esses tipos de planta em ambientes domésticos.

Segundo os dados do Ciatox, as plantas que mais causam esse tipo de intoxicação são as que possuem cristais de oxalato de cálcio, como begônia e espada-de-São-Jorge.

Marina Figueiero da Silva, especialista em toxicologica clínica, informou que a maioria das plantas onamentais são tóxicas "As que mais causaram problemas foram comigo-niguém-pode, em (25% dos casos) e zamicurca (21,5% dos casos). Também existe incidência em pinhão branco, pinhão roxo e momona", afirmou a especialista.

Prevenção e tratamento

João Vasconcelos, médico do Ciatox, pontou ser ser fundamental adotar as medidas preventivas que possam reduzir o risco de exposição as plantas nocivas.

"Manter plantas venenosas fora do alcance das crianças é uma medida fundamental. Isso pode ser feito, por exemplo, posicionando vasos e jardineiras em locais elevados ou inacessíveis", disse o médico.

Ensinar as crianças a não colocar na boca, comer ou brincar com as folhas e raízes desconhecidas é de suma importância.

A SES informa ainda que algumas plantas liberam látex, que podem causar irritação na pele e mucosas, o que requer cuidado redobrado. Em casos de intoxicação, a orientação médica é fundamental, pois a auto medicação pode agravar casos de intoxicação. Caso ocorra, a procura por atendimento médico imediato é essencial, e se possível, levar uma amostra da planta que causou a intoxicação.

Em caso de envenenamentos e intoxicações, a secretaria disponibiliza um telefone que funciona 24 horas para orientações: Ciatox - 0800 646 4350 ou 0800 722 6001.

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