A Justiça negou pedido feito por dois réus do caso Valério Luiz para que fosse investigada a conduta de todos os envolvidos no julgamento, incluindo todos os jurados, os próprios réus, advogados e o assistente de acusação. O pedido, feito após o anúncio de que a atitude do jurado que quebrou o isolamento e levou à suspensão do júri iniciado no dia 13 de junho, era focado principalmente no assistente de acusação, o advogado Valério Luiz Filho, filho da vítima assassinada em julho de 2012.O juiz Lourival Machado da Costa, responsável pelo julgamento dos cinco réus no caso envolvendo o assassinato do jornalista Valério Luiz de Oliveira, havia determinado no dia 15 que a conduta de Sebastião de Paula Garcia Filho fosse investigada após ele ter deixado o hotel que os jurados estavam hospedados para supostamente buscar um medicamento em casa. Todos haviam sido instruídos a não quebrar o isolamento durante o julgamento, mas Sebastião alegou ter passado mal na madrugada do dia 14 e não ter encontrado o oficial de Justiça responsável pela incomunicabilidade dos jurados para pedir socorro.O advogado Ricardo Silva Naves, que defende o sargento reformado da PM Ademá Figueredo Aguiar, o sargento da PM Djalma Gomes da Silva e o empresário Urbano de Carvalho Malta, pediu no dia 17 que fossem “devidamente investigados” “os réus, seus respectivos defensores e, sobretudo, o assistente da acusação”.Naves diz que apenas a acusação se manifestou contra a continuidade do júri após o anúncio da situação do jurado e faz críticas dirigidas ao filho do jornalista morto. “Todo cuidado é pouco com pessoas assim, que, na contramão dos médicos oficiais, duvidam do padecimento de um jurado e, com efeito, de sua idoneidade.”Lourival afirmou que não há suspeita de nenhuma irregularidade na conduta das outras partes do processo que motive investigação similar e nega a versão da defesa de que a apuração contra a conduta de Sebastião tenha sido adotada após reclamação da parte acusatória do processo.Leia também:- Caso Valério: Juiz manda investigar conduta de jurado que passou mal- Especialistas defendem investigação de adiamento do júri do Caso Valério- Promotor do caso Valério comenta quebra de isolamento de jurado: "Situação inusitada"Especificamente sobre Valério filho, o magistrado afirma que a fala do assistente de acusação a respeito do jurado não tem “nenhuma implicação na apuração dos fatos, especificamente com relação a sua motivação e a determinação deste juízo para sua apuração”.Valério Filho afirmou ao POPULAR que a investigação sobre a conduta do jurado era óbvia e necessária e que a acusação não teve nenhuma influência na decisão do magistrado. Segundo ele, a apuração vai servir para identificar se houve algum problema na conduta do jurado e também pode ajudar a melhor os procedimentos para garantir o isolamento dos jurados.Para o filho do jornalista assassinado, o pedido da defesa foi motivada pelo fato de não ter conseguido colocar a acusação como responsável por este adiamento. Os dois adiamentos do júri anteriores ocorreram por iniciativas da defesa de outro réu, o empresário Maurício Borges Sampaio.Saída “inadvertida”Na decisão que negou o pedido dos advogados, Lourival falou um pouco mais sobre a situação de Sebastião. Segundo ele, o jurado deixou o hotel “inadvertidamente” e que mesmo tendo passado mal isso “não o exime de cumprir as formalidades inerentes ao seu ofício naquele momento, na condição de membro do Conselho de Sentença”.“A realização de qualquer sessão do Tribunal do Júri tem um custo elevado, e no caso presente, o custo ainda maior devido a magnitude desta sessão, que se frustrou tão somente devido a conduta do jurado. A necessidade de apuração da conduta do jurado se faz necessária, mormente diante da previsão legal de aplicação de multa ao jurado, que pode ter agido de forma desidiosa, o que foi determinante para a dissolução do Conselho de Sentença”, escreveu o magistrado.O jornalista Valério Luiz de Oliveira foi morto aos 49 anos quando saía da emissora de rádio em que trabalhava, na manhã do dia 5 de julho de 2012, no Setor Serrinha, em Goiânia. Sampaio é acusado de ser o mandante do crime e Aguiar, o autor dos disparos. Malta e Silva, junto com o quinto réu, o comerciante Marcus Vinícius Xavier, são apontados como cúmplices na execução do crime.