O tribunal do júri dos cinco acusados de assassinar o jornalista e radialista Valério Luiz de Oliveira, de 49 anos, em 2012, começa nesta segunda-feira (14). O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) montou um esquema diferenciado para receber júri de grande porte, levando em consideração as restrições da Covid-19.O juiz responsável, Lourival Machado da Costa, afirma que a visibilidade do caso não afetará na idoneidade do julgamento. Ele diz que entende a relevância do júri, mas explica que o processo terá seguimento como outro qualquer. “Não faço e não farei qualquer distinção. É um caso como outro qualquer”, enfatiza o magistrado.O ex-presidente do Atlético Clube Goianiense Maurício Borges Sampaio é acusado de ser mandante do crime. A motivação seriam as críticas enfáticas de Valério Luiz ao clube. O segundo sargento da Polícia Militar Ademá Figueredo Aguiar Filho é acusado de ser o atirador. Djalma Gomes da Silva, que é sargento reformado da Polícia Militar, Urbano de Carvalho Malta e Marcus Vinícius Pereira Xavier são acusados de articularem o crime.FuncionamentoO tribunal de júri contará com a participação de testemunhas, réus, advogados de defesa e promotores (veja esquema ao lado). O advogado Valério Luiz Filho, que é filho da vítima, será um dos assistentes de acusação do caso. O juiz presidente é quem conduz a sessão, que começa às 8h30 e não tem horário de término. Pausas para o almoço e jantar serão feitas. Entretanto, as interrupções diárias dependem do juiz, que levará em conta o andamento do processo.Por conta da pandemia da Covid-19, apenas os principais envolvidos no caso participarão do julgamento. A determinação é do Decreto Judiciário nº 2.437 de 2021, que diz que “atos presenciais, principalmente sessões de julgamento do tribunal do júri de réus presos e soltos, o magistrado deve limitar a presença às pessoas imprescindíveis para a realização do ato”. Dessa forma, nem a família dos envolvidos, público ou imprensa poderão acompanhar as sessões presencialmente. Inclusive, Costa aponta que os protocolos sanitários serão seguidos durante toda a sessão. “O distanciamento será respeitado e o uso de máscara será exigido o tempo todo. Estaremos em um local fechado e fazendo o uso de ar condicionado. Não poderia ser diferente.”Durante o julgamento, o princípio da incomunicabilidade dos jurados precisa ser respeitado. “Eles não podem falar entre si sobre o processo. Também não podem ter contato com outras pessoas (para discutir o assunto) ou conferir a cobertura da mídia sobre o caso”, esclarece o juiz. Por isso, enquanto o julgamento durar, os jurados irão ficar hospedados em um hotel sem acesso, por exemplo, a celulares.JuizDesde agosto de 2014, quando ocorreu a pronúncia da sentença de júri popular, a defesa dos acusados, que negam o crime, recorreu diversas vezes e o caso passou pela mão de outros dois juízes antes de chegar a Costa: Antônio Fernandes de Oliveira, que se recusou a julgar o caso, e Jesseir Coelho de Alcântara, que declarou suspeição. Jesseir chegou a adiar o tribunal de júri, alegando falta de estrutura física da Comarca de Goiânia (leia mais ao lado).Costa assumiu o caso e marcou o júri popular para junho de 2020. Entretanto, ele teve que ser aditado por conta das restrições impostas pela Covid-19. “Agora, apesar de ainda estarmos em pandemia, é um momento mais brando”, esclarece.O juiz, que chegou a Goiânia em 2012, é o responsável pela 2ª Vara Criminal de Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri da Comarca e já presidiu outros tribunais de júri importantes na capital. Um deles foi o de dois policiais federais, irmãos, que foram condenados, em 2018, por tentativa homicídio por mandarem uma bomba ao escritório do advogado Walmir Cunha, em Goiânia. O advogado perdeu três dedos da mão esquerda. Ovídio Rodrigues Chaveiro e Valdinho Rodrigues Chaveiro foram condenados a 11 anos e 9 meses de reclusão cada um.