Karine Gouveia disse em interrogatório que os advogados contratados por ela e pelo marido Paulo César Dias Gonçalves para defender funcionários da clínica, que também são investigados , agiram por conta própria ao pedir o silêncio deles. O casal é investigado por deformar pacientes e voltou a ser preso na quarta-feira (12), em Goiânia. Eles tiveram a prisão mantida pela Justiça em audiência de custódia realizada na quinta-feira (13). A TV Anhanguera teve acesso com exclusividade ao interrogatório de Karine logo após a nova prisão (assista acima).
(Agiram) por conta própria. Eu nunca mandaria isso (pedir silêncio de funcionários investigados). Pelo contrário. Eu o tempo todo queria falar, queria que todo mundo falasse a verdade. Porque eu sei que a distribuidora sempre trabalhou corretamente. Então não tinha porque mentir. Porque eu mandaria alguém ficar em silêncio?", questionou Karine.
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Em nota, a defesa de Karine disse que discorda absolutamente da decisão que foi decretada a sua prisão preventiva, "porque se valeu de narrativas falsas e da repugnante criminalização da advocacia para tentar impedir o direito constitucional de defesa" (confira a nota na íntegra ao final da reportagem).
Também por meio de nota, a defesa de Paulo César classificou a decisão que manteve o casal preso como "absurda". "É desproporcional e desnecessária, portanto, ilegal. Paulo César estava submisso a medidas cautelares diversas da prisão, as cumprindo na íntegra. O que está havendo é uma série de situações inventadas pela Polícia Civil de Goiás, sem nenhum documento e sem nenhuma prova ou indício (confira a nota na íntegra ao final da reportagem).
A Ordem dos Advogados do Brasil -- Seção Goiás (OAB-GO), disse que "considera as acusações de patrocínio infiel extremamente graves" e que até o momento, "não foram recebidas quaisquer provas sobre a suposta conduta do advogado mencionado".
A OAB-GO afirmou ainda que "repudia veementemente alegações nesse sentido sem conhecimento prévio e acompanhamento da Ordem para limitar a atuação profissional da advocacia". E ressaltou que "caso as autoridades competentes apurem e confirmem a ocorrência de patrocínio infiel, é essencial que encaminhem as evidências à OAB-GO (confira a nota na íntegra ao final da reportagem).
Entenda o caso

Karine Giselle Gouveia e marido Paulo César Dias Gonçalves, donos das clínicas Karine Gouveia (Reprodução/Redes sociais)
O casal é dono das clínicas Karine Gouveia e são investigados por formação de organização criminosa, falsificação de produtos terapêuticos, lesões corporais gravíssimas, exercício ilegal da medicina, estelionato e outros crimes relacionados à prática de procedimentos estéticos e cirúrgicos sem a devida qualificação técnica e autorização legal. Até o momento, mais de 100 vítimas denunciaram o casal.
A investigação, que teve início em fevereiro de 2024, apurou que a clínica realizava procedimentos estéticos e cirúrgicos de alto risco como, rinoplastias, lipoaspirações, aplicações de botox e preenchimentos faciais, sem a devida autorização e com o uso de substâncias proibidas, como óleo de silicone e polimetilmetacrilato (PMMA).

Foto mostra vítimas com sequelas, deformações e infecções. (Divulgação/Polícia Civil)
"Os investigados agiam de forma organizada e hierárquica, com a utilização de estratégias de marketing agressivas e a participação de profissionais sem a qualificação necessária para realizar os procedimentos oferecidos. Além disso, foi constatado que a clínica comercializava medicamentos manipulados de forma irregular, incluindo substâncias proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que pode configurar tráfico de medicamentos", informou delegado Daniel de Oliveira.

Foto mostra vítimas com nariz necrosado e a paciente entubada após o procedimento. (Divulgação/Polícia Civil)
Prisões
Karine e Paulo foram presos pela primeira vez no dia 18 de dezembro de 2024 eforam soltos no dia 8 de fevereiro após um habeas corpus concedido pela ministra do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) Daniela Teixeira.
Porém, a decisão impôs medidas cautelares como, não manter contato com os funcionários, não ir à clínica e nem fazer divulgação de fins estéticos em qualquer rede social. Mas segundo a polícia, os investigados usaram suas redes sociais para anunciar a venda de medicamentos e outras substâncias medicinais.
Além disso, o casal teria tentado atrapalhar as investigações após subcontratar escritórios de advogados "que, sob a aparência de defensores independentes, orientaram outros investigados a permanecerem em silêncio e a não colaborarem com as investigações, mesmo que eventualmente isso pudesse ser benéfico para esses outros envolvidos", segundo a PC.
Nota da defesa de Karine Gouveia
A defesa de Karine Gouveia destacou que discorda absolutamente da decisão que foi decretada a sua prisão preventiva, isso porque se valeu de narrativas falsas e da repugnante criminalização da advocacia para tentar impedir o direito constitucional de defesa, evidenciando práticas de lawfare e tentando salvar uma investigação cheia de desvios do caminho legal.
Sobre a fala do Delegado de que utilizava óleo de silicone nos procedimentos, para além de absurda, Karine nega veemente. No entanto, quem tem que provar é a acusação. E isso é objeto da investigação que sequer foi concluída. Não existe relatório final da autoridade policial. Não existe denúncia feita pelo Ministério Público. Ela tem o direito do devido processo legal justo. Se ele tem essa convicção, inclusive antecipando a culpa dela, que relate o inquérito e o MP ofereça denúncia. Ela exercerá o direito constitucional de defesa dela.
Essa investigação subverteu a ordem constitucional, estão se investigando pessoas e não fatos, como a legislação prescreveu. A cada momento em que não se corrobora uma acusação, se busca uma nova linha acusatória para constranger pessoas. E esse excesso de acusação e atos em claro desvio do caminho legal é que está mantendo a investigação.
Goiânia, Goiás, 13 de março de 2025
Romero Ferraz Filho - dvogado de Karine Gouveia
Nota da defesa de Paulo César
A decretação da prisão preventiva de Paulo Cesar Dias Gonçalves é uma decisão absurda, que não se sustenta juridicamente. O próprio STJ, através da ministra Daniela Teixeira, já disse que, neste caso, é desproporcional e desnecessária, portanto, ilegal. Paulo César estava submisso a medidas cautelares diversas da prisão, as cumprindo na íntegra. O que está havendo é uma série de situações inventadas pela Polícia Civil de Goiás, sem nenhum documento e sem nenhuma prova ou indício.
São apenas falácias e narrativas na tentativa de induzir a erro o Poder Judiciário. Já estamos trabalhando, elaborando os recursos cabíveis e necessários, e iremos acionar todas as instâncias do Poder Judiciário, até mesmo, se necessário, o STJ e o STF, objetivando cessar esta absoluta ilegalidade.
Goiânia - GO, 13 de março de 2025.
Tito Amaral - advogado de Paulo César
Nota OAB-GO
A Ordem dos Advogados do Brasil -- Seção Goiás (OAB-GO), por meio do Sistema de Defesa das Prerrogativas (SDP), informa que considera as acusações de patrocínio infiel extremamente graves. Tais alegações requerem uma investigação minuciosa, e as eventuais medidas disciplinares são aplicadas exclusivamente pela OAB, em conformidade com o artigo 70 da Lei 8.906/94, assegurando o sigilo dos procedimentos.
Até o momento, não foram recebidas quaisquer provas sobre a suposta conduta do advogado mencionado. O SDP continua na defesa das prerrogativas que garantem o livre exercício profissional da advocacia. A Ordem repudia veementemente alegações nesse sentido sem conhecimento prévio e acompanhamento da Ordem para limitar a atuação profissional da advocacia.
Caso as autoridades competentes apurem e confirmem a ocorrência de patrocínio infiel, é essencial que encaminhem as evidências à OAB-GO. A Ordem possui competência exclusiva para representar, defender e disciplinar os advogados em todo o território nacional, conforme estabelecido pelo artigo 44 da Lei 8.906/94.
OAB-GO

Empresária Karine Gouveia em sua clínica de estética que possui o mesmo nome. (Reprodução/Redes Sociais)