A Justiça soltou um dos três policiais militares acusados de envolvimento no assassinato do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante, de 38 anos, em Anápolis. O terceiro sargento da PM Erick Pereira da Silva estava preso desde 19 de setembro e conseguiu a liberdade após a defesa argumentar que houve excesso de prazo processual, uma vez que até o momento não houve a conclusão da audiência de instrução e julgamento, etapa na qual se define se os réus vão ou não a um júri popular.

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Fábio foi executado em uma emboscada na noite de 23 de junho de 2021. A Polícia Civil e o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) apontam que o crime foi encomendando pelo ex-auxiliar do governo de Goiás e ex-presidente do Democratas (atualmente União Brasil) em Anápolis, Carlos César Savastano de Toledo, o Cacai, que tinha desavenças com a vítima, principalmente após as eleições estaduais de 2018. Segundo as investigações, Erick auxiliou um policial a cadastrar um chip no celular que seria usado para atrair Fábio à emboscada.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/reus-do-caso-fabio-escobar-ter-o-acesso-a-inquerito-sigiloso-da-morte-de-fazendeiro-1.3170213" target="_blank">Réus do caso Fábio Escobar terão acesso a inquérito sigiloso da morte de fazendeiro</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/cacai-toledo-pede-nulidade-de-provas-e-nega-elo-com-morte-de-fabio-escobar-1.3158812" target="_blank">Cacai Toledo pede nulidade de provas e nega elo com morte de Fábio Escobar</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/cacai-foi-procurado-em-tres-estados-e-dois-paises-1.3143017" target="_blank">Cacai foi procurado em três estados e dois países</a></div>

A audiência na qual testemunhas e réus seriam interrogados pela primeira vez na Justiça estava prevista para 20 de setembro. Porém, dois dias antes a Justiça adiou para quatro dias em novembro. O motivo alegado foi um impasse envolvendo o desentranhamento de provas que a defesa considera serem ilegais. Ao soltarem Erick, os juízes da 1ª Vara Criminal de Anápolis que assinam o documento alegam que já se passaram mais de 235 dias desde a decretação da prisão preventiva, sendo que o previsto legalmente para a primeira fase processual é de 135 dias.

Os juízes ressaltam que a prova contra Erick é apenas a conexão à rede de internet fixa na casa do policial feita em 21 de junho de 2021 com o celular usado para atrair o empresário, e que ela durou só um minuto. Segundo as investigações, foi quando se cadastrou o chip usado em um celular subtraído por outros policiais em abordagem a um casal também em Anápolis. O 3º sargento não teria participado da execução em si e nem dos outros sete assassinatos que, segundo o MPGO, serviriam para encobrir os rastros dos criminosos.

Outras prisões

Já no caso dos cabos Glauko Olívio de Oliveira e Thiago Marcelino Machado, cuja defesa é a mesma de Erick, a Justiça não acatou o pedido de liberdade por excesso de prazo processual. Nesse caso, além do fato de ambos estarem sendo acusados de um envolvimento mais direto com a execução de Fábio, foi citado pelo MPGO o elevado número de mortes em abordagens policiais pelos quais os dois policiais respondem nos últimos três anos em processos na Justiça comum ou militar ou pelos quais ainda são investigados.

Os promotores afirmam que Glauko está envolvido em 23 mortes de civis em 15 abordagens policiais entre 2020 e 2023, enquanto Thiago esteve em 4 abordagens que resultaram em 8 civis mortos entre 2021 e 2023. Segundo o MPGO, mesmo que se pese o fato de ambos serem PMs e estarem submetidos a constantes situações de risco, o número de vítimas em supostos confrontos é elevado a ponto de “não se desprezar”.

As investigações apontam que Glauko esteve envolvido na abordagem ao casal em que se apreendeu o celular usado na execução e depois participou da morte de Bruna Vitória Rabelo, grávida de sete meses e dona do aparelho, além de outras seis pessoas, como queima de arquivo. Thiago, que seria quem passou o celular para Erick, esteve também envolvido nessas seis mortes posteriores, mas não na de Bruna.

Os promotores citam uma “alta periculosidade” em relação aos dois policiais para rebater o pedido de soltura de ambos e lembram que, em alguns processos, os cabos já foram pronunciados, aguardando o agendamento do júri. Também é destacada a “sofisticação” do modo como os crimes foram cometidos, a relação dos agentes com autoridades próximas às forças de segurança pública e “inúmeras facilidades e prerrogativas” que os réus possuem por serem policiais, o que pode “repercutir diretamente na produção probatória da instrução em curso”.

Ao contrário do que houve no pedido feito por Erick, em relação aos dois cabos a Justiça alegou que não foram apresentados fatos novos que mudassem o entendimento quanto à prisão preventiva, e que a duração do processo criminal “não é determinada por prazos estanques” que envolvam apenas e simplesmente a contagem dos dias. Ainda de acordo com o Judiciário, as questões relacionadas ao mérito das acusações trazidas pela defesa nos pedidos de soltura não devem ser analisadas neste momento do processo.

Além dos policiais, respondem pela morte de Fábio Escobar o ex-assessor do governo de Goiás, que continua preso após diversos pedidos de liberdade negados, e o assessor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), Jorge Caiado. Cacai ficou quase sete meses foragido e foi preso em 3 de junho, se encontrando detido. Jorge é o único que responde em liberdade desde o início que seu nome surgiu nas investigações. Ele teria auxiliado o ex-assessor a encomendar a execução.

As audiências de instrução e julgamento estão previstas para quatro datas em novembro: 1º de novembro (oitivas de testemunhas de acusação); 8 de novembro (oitivas de testemunhas de acusação e de defesa dos policiais militares acusados); 22 de novembro (oitivas de testemunhas de defesa de Jorge e Cacai); 29 de novembro (reservada para atos remanescentes).

Justiça solta um dos PM acusados de matar Fábio Escobar

Cidades

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Matéria - Cidades

Investigação

Cacai Toledo

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) entrou com recurso contra a decisão judicial que mandou <a href="https://opopular.com.br/cidades/justica-manda-soltar-ultimos-presos-do-caso-fabio-escobar-1.3209388" target="_blank">soltar </a>na semana passada o ex-auxiliar do governo de Goiás Carlos César Savastano de Toledo, o Cacai, acusado de ser o mandante do assassinato do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante, de 38 anos, em junho de 2021. Os promotores que acompanham o caso também recorreram contra a soltura do cabo Glauko Olívio de Oliveira, um dos policiais militares envolvidos na execução do crime e único que estaria envolvido também nas outras sete mortes que o MP-GO alega estarem ligadas à do empresário. Glauko saiu da cadeia dias antes de Cacai.

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No caso de Cacai, os promotores reforçam que ele é um empresário e político influente, cuja situação no processo difere dos outros acusados por ser apontado como o mandante da execução e, principalmente, por ter ficado sete meses foragido, tendo sido capturado e não se apresentado. Esses fatores “diferem a sua situação fático-processual dos demais envolvidos”. Eles frisam também que foi a partir da ordem dada por Cacai, segundo a denúncia, que ocorreram outros sete assassinatos em Anápolis, todos em 2021.

“Não houve, desde então, qualquer alteração fática que permita concluir que o risco anteriormente oferecido em razão da liberdade do recorrido tenha se esvaído. Pelo contrário, é inquestionável a necessidade da segregação cautelar do réu, a fim de se tutelar a garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade concreta da conduta”, afirmou o MP-GO na petição enviada na terça-feira (17).

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/justica-manda-soltar-ultimos-presos-do-caso-fabio-escobar-1.3209388" target="_blank">Justiça manda soltar últimos presos do caso Fábio Escobar</a> 
<a href="https://opopular.com.br/opiniao/blog-fabiana-pulcineli/justica-manda-soltar-cacai-toledo-acusado-pelo-assassinato-de-fabio-escobar-1.3209241" target="_blank">Justiça manda soltar Cacai Toledo, acusado pelo assassinato de Fábio Escobar</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/testemunha-do-caso-fabio-escobar-e-morta-em-abordagem-policial-1.3184525" target="_blank">Testemunha do caso Fábio Escobar é morta em abordagem policial</a></div>

Em relação a Glauko, o <a href="https://opopular.com.br/cidades/justica-manda-soltar-ultimos-presos-do-caso-fabio-escobar-1.3209388" target="_blank">MP-GO</a> lembra que ele ainda responde pelas mortes de Bruna Vitória Rabelo Tavares, Bruno Chendes, Edivaldo Alves da Luz Júnior e Daniel Douglas de Oliveira Alves. Bruna, que tinha 19 anos e estava gestante de sete meses, estava com o namorado quando Glauko se apropriou de um celular deles para usar na emboscada feita contra o empresário. Bruna foi morta em agosto de 2021. Já os outros três assassinatos seriam parte do plano dos policiais para encobrir a morte da jovem.

Glauko foi absolvido junto com outros quatro policiais pela morte de outras três pessoas, que segundo o MP-GO, também teriam relação com o caso de Fábio Escobar. Nesse caso, os promotores lembram a Justiça de que o processo ainda se encontra em fase recursal. No mesmo dia em que Bruna foi morta, os policiais se envolveram em uma abordagem na qual foram mortos Gabriel Santos Vidal, Gustavo Lage Santana e Mikael Garcia de Faria. A Justiça não viu a conexão alegada na denúncia, de que o triplo homicídio seria uma forma de colocar nas vítimas a culpa pela morte da jovem.

Ainda sobre Glauko, o MP-GO lembra que ele esteve envolvido em 15 ocorrências de supostas abordagens policiais que resultaram na morte de 23 civis entre 2020 e 2023. Ele foi preso em setembro do ano passado. “É digno de registro, outrossim, que o recorrido ostenta elevado índice de morte de civis, o que evidencia sua periculosidade e maior risco em seu estado de liberdade, havendo fundamentada necessidade de garantia da ordem pública, dado o risco de reiteração de práticas delitivas”, comentaram na petição.

<div attr-cid="policy:1.3209360" attr-version="policy:1.3209360:1733955444" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3209360" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3209360', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3209360">Cacai Toledo (1.3209360)</a></div>

Todos os réus no processo sobre a morte de Fábio Escobar estão soltos. Além de Cacai e Glauko, o cabo Thiago Marcelino Machado também ganhou a liberdade na semana passada. Os três estão com tornozeleira eletrônica até maio de 2025. Em setembro, a Justiça já havia mandado liberar o terceiro sargento Erick Pereira da Silva. Já o assessor parlamentar Jorge Luiz Ramos Caiado, acusado de ter ajudado Cacai no planejamento do crime, não chegou a ser preso. O terceiro sargento Welton Da Silva Vieiga, apontado como o executor do crime, teria se matado durante uma abordagem da Polícia Civil em sua residência em janeiro de 2023.

Atualmente, o processo se encontra em fase de apresentação das alegações finais por parte da defesa dos réus e do MP-GO para que a Justiça decida se os acusados irão ou não para o tribunal do júri. Na semana passada, se encerrou a parte da audiência de instrução e julgamento, na qual <a href="https://opopular.com.br/cidades/testemunha-do-caso-fabio-escobar-e-morta-em-abordagem-policial-1.3184525" target="_blank">testemunhas </a>e réus são interrogados. O último a ser ouvido foi Jorge. De acordo com a Justiça, o perigo para a instrução processual, motivo alegado para a manutenção da prisão dos réus, deixou de existir a partir do momento em que se encerrou a fase de oitivas e apresentação de provas. O MP-GO não havia concordado, mas o argumento apresentado na época não foi acatado.

Fábio Escobar trabalhou em Anápolis na campanha de 2018 do governador Ronaldo Caiado (UB), que na cidade foi coordenada por Cacai Toledo. Segundo a acusação, a morte foi encomendada pelo ex-auxiliar do governo por desavenças entre os dois. Dois coronéis da PM afirmam que receberam Cacai e Jorge e ouviram deles a proposta para executar o empresário. A defesa de ambos nega que o assunto tenha sido discutido nestes encontros.

<h2>Federalização</h2>

Nesta semana, a assessoria de controle extrajudicial da Procuradoria Geral de República (PGR) recebeu um pedido para federalizar as investigações relativas ao assassinato de Fábio Escobar. A petição para que o caso seja investigado pela Polícia Federal foi apresentada pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), pelo deputado estadual Mauro Rubem e pelo vereador goianiense Fabrício Rosa, ambos do PT. Ainda não houve resposta do órgão.

MP recorre contra liberdade de Cacai Toledo e de policial

Justiça

A defesa do assessor parlamentar Jorge Luiz Ramos Caiado pediu à Justiça que autorizasse a oitiva do governador Ronaldo Caiado (UB) como testemunha no processo que apura as circunstâncias da execução do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante, mas, seis dias depois do pedido, recuou da petição. Jorge foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) por supostamente ajudar o ex-auxiliar do governo de Goiás Carlos César Savastiano de Toledo, o Cacai Toledo, a planejar o crime.

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O pedido de Jorge ocorreu após o depoimento à Justiça do coronel da PM Newton Nery de Castilho, em 8 de novembro, no qual o militar afirmou que recebeu a visita de Jorge e Cacai em 2019, quando ocupava o cargo de secretário da Casa Militar e ouviu deles a proposta para auxiliar na execução de Fábio. O coronel completou na sequência que após recusar a oferta chegou a comunicar o ocorrido em uma reunião de rotina com o governador e que este não teria dado qualquer atenção ao comentário na época.

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<a href="https://opopular.com.br/cidades/caso-fabio-escobar-justica-tira-restric-es-a-pm-preso-apos-9-meses-1.3198132" target="_blank">Caso Fábio Escobar: Justiça tira restrições a PM preso após 9 meses</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/testemunha-do-caso-fabio-escobar-e-morta-em-abordagem-policial-1.3184525" target="_blank">Testemunha do caso Fábio Escobar é morta em abordagem policial</a></div>

Também foi citado no interrogatório suposta mensagem enviada por Fábio ao celular do governador pedindo que conversasse com Jorge ou com dois oficiais da PM porque estava com medo de morrer. O pedido pelo Whatsapp teria sido feito em fevereiro de 2020, meses após a suposta conversa do coronel com Jorge e Cacai. Além de Newton, o coronel Benito Franco afirmou em depoimento que, em 2019, quando era comandante do batalhão das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam), ter recebido a dupla de réus com a mesma proposta criminosa.

Os depoimentos de Benito e Newton indicam uma articulação entre Jorge e Cacai para aliciar militares na intenção de assassinar Fábio. O empresário, então com 38 anos, foi morto em uma emboscada em 23 de junho de 2021, em Anápolis. Segundo o MP-GO, o crime foi a mando de Cacai, com quem a vítima passou a ter desavenças após as eleições estaduais em 2018. O executor do crime teria sido o terceiro sargento Welton da Silva Vieiga, com a ajuda dos cabos Glauko Olívio de Oliveira e Thiago Marcelino Machado e do terceiro sargento Erick Pereira da Silva.

Logo após a oitiva de Newton, a defesa de Cacai pediu ao juiz que presidia a sessão, Samuel José Martins, da 1ª Vara Criminal de Anápolis, que fosse deferido o depoimento do governador, mas o magistrado afirmou que analisaria o pedido apenas no final da fase de instrução, na qual são ouvidas todas as testemunhas arroladas pela defesa e pela acusação, além dos próprios acusados. Em 21 de novembro, a defesa de Jorge reforçou o pedido, alegando que o nome do governador foi citada de forma excessiva pelo coronel.

“Neste cenário, a defesa de Jorge Luiz Ramos Caiado concorda com o pleito aviado pela defesa de Carlos César, entendendo ser imprescindível a oitiva do chefe do Poder Executivo do Estado de Goiás, objetivando esclarecer as controvérsias estabelecidas pela testemunha Cel. Castilho, principalmente relativas às supostas mensagens encaminhadas por Fábio Escobar ao governador do Estado de Goiás. Ademais, tal ato elucidará a tese adotada pelo colegiado de exceção de nulidade por derivação pela descoberta inevitável da prova”, argumentou a defesa em petição.

O recuo da defesa de Jorge se deu também por ofício após os interrogatórios como testemunhas de três oficiais da PM, o coronel Luiz Carlos de Alencar, atual secretário da Casa Militar, o tenente coronel Edson Luís Souza Melo, ex-segurança do governador, e o tenente-coronel Franz Augusto Marlus Rasmussem Rodrigues, ex-ajudante de ordens do governador. Os três fizeram afirmações positivas sobre Jorge Caiado, a quem se dizem próximos, e acusações contra Newton e Benito, inclusive afirmando, sem apresentar provas, que o segundo sofre de transtornos mentais.

Os três oficiais foram ouvidos em 22 de novembro e cinco dias depois a defesa de Jorge enviou o ofício desistindo do requerimento da oitiva do governador. A alegação é que as testemunhas “esclareceram suficientemente os fatos sobre os quais o excelentíssimo governador do estado de Goiás seria inquirido” e também “pela observância a celeridade e economia processual”. Apesar de falar em rapidez, a defesa voltou a pedir o depoimento de novas testemunhas, inclusive a do titular da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Goiás, coronel Renato Brum dos Santos.

Em resumo, Luis Carlos, Edson Luís e Franz Augusto confirmam que conhecem há anos o assessor parlamentar e fazem diversos elogios a ele, como uma pessoa que é muito próxima da família, que “não sabe mentir”, é sensata, não fuma nem bebe, e que nunca fez nenhuma interferência na nomeação de cargos dentro das forças de segurança do Estado ou na indicação de promoções e de medalhas a policiais militares. Já Benito e Newton afirmaram haver uma forte ingerência por parte do assessor parlamentar dentro do governo na área de segurança pública.

Os três oficiais ouvidos no dia 22 rebateram a veracidade das afirmações de Benito e Newton, disseram que o governador recebe inúmeras mensagens diariamente em seu celular e não presta atenção nas que não são de contatos já gravados no aparelho, que até sua morte o empresário seria uma pessoa praticamente desconhecida e que suas denúncias ou queixas nunca chegaram a ser de conhecimento público ou do governo e fizeram ou confirmaram acusações contra os coronéis que narraram os encontros com Jorge e Cacai.

Apesar das afirmações de cunho pessoal ou criminal contra Benito e Newton, não foi apresentado nada que confirmasse o que foi dito pelos oficiais sobre os dois. Franz Augusto afirmou que entre 2019 e 2020, quando foi ajudante de ordem do governador, esteve em todas as reuniões nas quais Newton esteve participou na época e que em nenhum momento ouviu conversa sobre Fábio Escobar. Já Edson, que se apresenta como Coronel Raiado, concentrou boa parte das suas falas a ataques contra Benito, com quem mantém uma rixa pública desde meados de 2021.

Dos acusados pela morte do empresário, três se encontram presos, dois estão soltos e um, morto. Welton se matou em janeiro de 2023 durante operação da Polícia Civil em sua casa, em Anápolis. Ele também é suspeito de matar o fazendeiro Luiz Carlos Ribeiro da Silva em dezembro de 2022, crime que também ganhou contornos políticos durante as investigações. Glauko e Thiago estão presos desde setembro de 2023. Cacai ficou seis meses foragido e foi detido em junho. Erick foi preso com os dois colegas, mas conseguiu a liberdade em setembro de 2024. Jorge nunca chegou a ir para a cadeia.

O POPULAR entrou em contato com a assessoria do governador na sexta-feira para comentar sobre as afirmações de Newton e o pedido das defesas de Jorge e Cacai e até o fechamento desta reportagem não obteve resposta.

Caso Fábio Escobar: Réus pedem para Caiado ser interrogado e depois recuam

<a href="https://opopular.com.br/cidades/caso-fabio-escobar-justica-tira-restric-es-a-pm-preso-apos-9-meses-1.3198132" target="_blank">A Justiça absolveu cinco policiais militares que respondiam por um triplo homicídio ocorrido em 23 de agosto de 2021 em Anápolis, crime que estaria, segundo o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO)</a>, relacionado à execução – dois meses antes – do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante, de 38 anos, na mesma cidade. Para os juízes da 1ª Vara Criminal de Anápolis que assinam a sentença, os agentes públicos agiram em legítima defesa durante uma abordagem de rotina e não há elementos probatórios suficientes para relacionar o caso à morte de Escobar.

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As vítimas – Gabriel Santos Vidal, Gustavo Lage Santana e Mikael Garcia de Faria – eram amigos de Bruna Vitória Rabelo Tavares, jovem que foi morta um dia antes do trio e que, segundo o MPGO, era a dona do celular usado para atrair Fábio para uma emboscada no dia 23 de junho daquele ano. Um dos policiais absolvidos, o cabo Glauko Olívio de Oliveira, seria ainda, também segundo a acusação, o ponto em comum nos três casos, pois seria quem pegou o aparelho de Bruna em junho e a matou em agosto e que estaria envolvido no triplo homicídio. Para a Justiça, não há como fazer essa correlação.

Foram inocentados, além de Glauko, o primeiro-tenente Adriano Azevedo de Sousa, os cabos Rodrigo Moraes Leal e Thiago Marcelino Machado e o soldado Wembleyson de Azevedo Lopes. Os juízes decretaram a absolvição sumária dos policiais militares por não considerarem procedentes as acusações feitas pelo MPGO. Os promotores do caso já entraram com recurso, que ainda será analisado. Os policiais se encontram presos desde setembro de 2023. Como Adriano estava envolvido apenas nesse caso, foi dado a ele alvará de soltura.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/caso-fabio-escobar-justica-tira-restric-es-a-pm-preso-apos-9-meses-1.3198132" target="_blank">Caso Fábio Escobar: Justiça tira restrições a PM preso após 9 meses</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/testemunha-do-caso-fabio-escobar-e-morta-em-abordagem-policial-1.3184525" target="_blank">Testemunha do caso Fábio Escobar é morta em abordagem policial</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/reus-do-caso-fabio-escobar-ter-o-acesso-a-inquerito-sigiloso-da-morte-de-fazendeiro-1.3170213" target="_blank">Réus do caso Fábio Escobar terão acesso a inquérito sigiloso da morte de fazendeiro</a></div>

Na versão do MPGO, os policiais mataram os amigos de Bruna para colocar neles a culpa pela morte da jovem. Eles já vinham monitorando as vítimas sob a alegação de que apuravam o envolvimento deles com roubos e tráfico na região e então fizeram a emboscada na BR-060, por volta das 20 horas, longe de possíveis testemunhas e câmeras de segurança que pudessem registrar a ocorrência. Para isso, eles se aproveitaram do serviço reservado de monitoramento da própria corporação, para fazer a abordagem no momento mais apropriado.

Os policiais militares foram indiciados pela Polícia Civil e denunciados pelo MPGO, e o processo encontrava-se na fase após a audiência de instrução e julgamento, primeira etapa na qual o magistrado analisa se leva os réus para júri popular ou não. A Justiça poderia decidir pela impronúncia deles, caso avaliasse não haver indícios suficientes para levar adiante a acusação. Ao determinar a absolvição sumária, afirma que eles são inocentes das acusações e agiram, sim, em legítima defesa.

“Entende-se que existe prova suficiente da exclusão do crime, considerando a excludente de ilicitude da legítima defesa, não conseguindo a acusação realizar demonstração suficiente de que esta situação não ocorreu”, afirmam os magistrados na sentença.

Durante a perseguição ao carro em que estavam as vítimas, os policiais acabaram colidindo duas viaturas, sendo que em uma delas estava um outro policial que, segundo o MPGO, seria do serviço reservado e teria auxiliado os acusados com informações sobre a localização dos supostos alvos. O acidente, entretanto, ficou na sentença de absolvição como um elemento que reforçou a tese de que as vítimas estavam em atitude suspeita, dirigindo o carro de forma perigosa, causando outro acidente e fugindo atirando contra os policiais que os perseguiram.

Mikael foi morto com cinco tiros, sendo quatro no peito e um nas costas. Gustavo foi atingido duas vezes, todas no peito. E Gabriel morreu após ser baleado seis vezes a longa distância. Os juízes destacam não ter sido encontrado sinal de luta corporal, marcas de arraste ou de movimento de vítimas feridas. Outro fato que, segundo a sentença, corrobora a versão dos PMs.

Os juízes reconhecem que há provas de que o veículo das vítimas estava sendo monitorado pelos policiais, mas nada robusto que indicasse haver uma armação de confronto para assassinar os três rapazes. Na sentença, é dito que o depoimentos dos familiares das vítimas à Polícia Civil confirma “um cenário anterior que indicava a periculosidade” delas.

Sem relação

Os juízes também descartaram relação entre a morte dos três rapazes com a de Bruna. Para isso, citaram os depoimentos dos familiares dos rapazes, que diziam desconhecer uma suposta amizade entre eles. Mas o principal elemento que eliminou a versão do MPGO sobre a motivação para o crime foi a Justiça ter considerado inconsistente o depoimento de Carlos Eduardo Rodrigues da Silva, namorado de Bruna, que diz ter reconhecido Glauko como o policial que pegou o celular dela e que a matou. Além disso, foi anulado o reconhecimento fotográfico feito por Carlos.

Os juízes também destacam que o PM Welton Silva Veiga, apontado como o executor de Fábio em junho de 2021, não aparece em nenhum momento nas investigações da morte de Bruna e do triplo homicídio. Welton morreu na operação da Polícia Civil em sua casa em janeiro de 2023. “A tese das investigações seria de que a ação realizada nestes autos seria para encobrir os rastros deixados em razão do homicídio de Fábio Escobar (...). Neste ponto, estranhamente, o executor do crime que se pretende a impunidade não se comunica com os réus deste processo”, afirmam na sentença.

Justiça absolve 5 PMs por triplo homicídio ligado a caso Escobar

Assassinatos em Anápolis

A Justiça autorizou que o cabo Thiago Marcelino Machado, de 37 anos, detido no presídio militar em Goiânia desde setembro de 2023, deixasse o isolamento para onde foi encaminhado no começo do ano. Na época, <a href="https://opopular.com.br/cidades/reus-do-caso-fabio-escobar-ter-o-acesso-a-inquerito-sigiloso-da-morte-de-fazendeiro-1.3170213" target="_blank">o policial foi acusado de causar “alteração negativa na rotina prisional, onde o ambiente carcerário se tornou de difícil convivência”</a>, e pesou contra ele ter sido encontrado aparelhos celulares em sua cela durante uma revista em outubro do ano passado. Thiago responde pelas mortes do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante e de Lucas Eduardo Lima Dutra, o primeiro em junho de 2021 e o segundo em maio de 2023.

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O juiz Samuel João Martins, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, afirmou que houve uma melhora substancial no comportamento do acusado e, portanto, não há elementos que justifiquem a manutenção das restrições contra ele, o chamado regime disciplinar diferenciado (RDD). “Verifico que durante o período de cumprimento do RDD, o requerente manteve conduta satisfatória, sem registro de novas faltas disciplinares ou ações que comprometam a ordem e a segurança”, afirmou o magistrado na decisão.

Thiago foi encaminhado para o RDD em 19 de janeiro após pedido do Comando de Correições e Disciplina (CCD) da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO). Porém, a decisão da Justiça pelo relaxamento foi tomada após consulta à direção do presídio e não ao comando que pediu as restrições. O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) foi contra a saída do regime por acreditar ser necessário parecer do CCD.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/testemunha-do-caso-fabio-escobar-e-morta-em-abordagem-policial-1.3184525" target="_blank">Testemunha do caso Fábio Escobar é morta em abordagem policial</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/justica-solta-um-dos-pm-acusados-de-matar-fabio-escobar-1.3181150" target="_blank">Justiça solta um dos PM acusados de matar Fábio Escobar</a> 
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A defesa do policial também argumentou que o procedimento administrativo disciplinar (PAD) aberto para verificar a quem pertenciam os celulares apreendidos no presídio em outubro de 2023 foi arquivado demonstrando que o policial não era dono de nenhum. O MP-GO reclamou que não foi anexado à petição cópia do comprovante de arquivamento. Ainda segundo a defesa, a direção do presídio informou que Thiago estava “receptivo, disciplinado e colaborativo com o serviço de dia”.

Em documento anexado ao processo, o diretor do presídio militar de Goiânia, tenente-coronel Bráulio de Souza Bessa, afirma que o comportamento de Thiago teve uma “melhora significativa, tendo atitudes mais colaborativas e demonstrando mais acatamento a hierarquia e disciplina presentes nesta unidade militar”. “Assim para esta Diretoria, a aplicação do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) já surtiu o efeito necessário, tendo sido seu objetivo principal cumprido”, escreveu.

Em uma petição assinada por promotores de três áreas do MP-GO, é pedido que Thiago siga no RDD por “permanecem inalterados os fundamentos legais que compuseram os requisitos para aplicação da medida” e que o cabo “continua a oferecer alto risco para a ordem carcerária, de modo que a medida de permanência em Regime Disciplinar Diferenciado é medida adequada a sua condição.” O parecer do órgão não foi acatado pelo juiz.

O magistrado afirmou que o RDD é uma “medida excepcional” que precisa ser revista periodicamente para evitar uma manutenção indevida de presos em “regimes excessivamente restrititos”. “Considerando a melhora substancial no comportamento do acusado e a ausência de elementos que justifiquem a manutenção da medida excepcional, a exclusão do acusado do RDD é medida que se impõe.”

Atualmente, Thiago aguarda preso tramitação da audiência de instrução e julgamento do caso de Fábio Escobar para saber se vai ou não à júri popular pelo crime. Sobre a morte de Lucas, a Justiça decidiu em março pelo júri do cabo e de outros dois policiais por homicídio duplamente qualificado. Neste caso, ele aguarda os recursos sem prisão decretada.