A Justiça determinou a suspensão de todos os contratos firmados pela Prefeitura de Vianópolis, no centro de Goiás, para a realização do Rodeio Show no município. O evento, até então agendado para os dias 18, 19, 20 e 21 de agosto, seria custeado com dinheiro público. Caso haja descumprimento da liminar, o prefeito Samuel Cotrim deverá pagar multa pessoal de R$ 100 mil.O pedido para que recursos públicos não fossem utilizados na realização do evento foi requerido pelo promotor de Justiça Lucas César Ferreira, em ação civil pública proposta contra o município e as quatro empresas responsáveis por shows de artistas sertanejos. O objetivo, segundo o Ministério Público, foi impedir o repasse de recursos públicos para esse tipo de evento festivo, “tendo em vista a situação financeira do município”.Leia também:MPGO recomenda que Vianópolis não use verba pública em shows sertanejos e que ingresso seja cobradoForam celebrados contratos nos valores de R$ 153 mil para contratação da dupla CésarMenotti & Fabiano; R$ 150 mil para a dupla Edson e Hudson; R$ 190 mil para a dupla Diego e Victor Hugo e R$ 60 mil para a dupla João Bosco e Vinícius. Além das despejas com as atrações musicais, a prefeitura gastaria ainda R$ 353 mil com a estrutura do rodeio e cerca de R$ 180 mil com estrutura de palco e shows, totalizando um gasto de mais de R$ 1 milhão.Município não acatou recomendação do MPDiante da estimativa de gasto para realização do evento, o Ministério Público recomendou a cobrança de ingressos, para que “não houvesse o sacrifício dos cofres municipais”. O poder público municipal, no entanto, negou essa possibilidade e insistiu no custeio público do evento, sob o argumento – considerado frágil pelo MP - de que a população “já foi penalizada economicamente durante os dois anos de pandemia”.A promotoria, por sua vez, defende que deixar de atender a população em necessidades básicas, como saúde, educação, segurança pública e aterro sanitário, é a verdadeira penalização. E reitera que patrocinar festa e show para moradores de toda a região, mesmo não residentes no município significa ignorar o contribuinte.Por fim, o promotor acrescentou: “não se mostra compatível com a Constituição Federal e com os princípios da administração pública o gasto com um evento festivo, quando a realidade do município é de escassez nos cofres públicos, com débitos na Previdência Municipal, crise no sistema de saúde, entre outros”.A juíza Marli de Fátima Naves, que concedeu a liminar, levou em consideração a ponderação feita pelo MP sobre a situação financeira do município, que, segundo informações do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), registrou queda na arrecadação em relação aos exercícios anteriores.A magistrada considerou também que que existem irregularidades na prestação de serviços de saúde, em especial no que diz respeito ao Hospital e Maternidade São Sebastião. Destacou a insuficiência de vagas no serviço de creche e que a fila de espera conta com quinze crianças.Além disso, ressaltou que o município não promove concurso público há mais de dez anos, o que possibilita a contratações de professores e serviços auxiliares de forma irregular, sob o argumento de falta de verba.RespostaEm nota, o secretário de governo, Daniel Dias, alegou que o governo de Vianópolis ainda não foi intimado acerca da decisão judicial, mas “ficou sabendo através da imprensa local”. Segundo o comunicado, uma reunião com o corpo jurídico definirá a estratégia a ser tomada.Não houve nenhuma informação sobre o cancelamento do evento até o fechamento desta matéria.Leia também:Justiça proíbe mais uma prefeitura de repassar verba para show em GoiásJustiça proíbe festa de mais de R$ 755 mil em Cachoeira de Goiás por falta de merenda a alunosMP vai investigar prefeitura de Mundo Novo por show sertanejo quatro vezes mais caroCachoeira Alta realiza evento de R$ 1,5 milhão mesmo após proibição da JustiçaCPI do sertanejoRecentemente uma polêmica tem repercutido no mundo sertanejo em relação a shows contratados por prefeituras de cidades pequenas. Os pedidos na internet pela 'CPI do Sertanejo' começaram depois que o cantor Zé Neto, que faz dupla com Cristiano, disse em um show que não precisava da Lei Rouanet, que é uma verba pública, e tecer críticas destinadas à cantora Anitta. Os fãs da cantora passaram então a pesquisar os valores pagos pelos munícipios e as formas de pagamento. Desde então, shows estão sendo cancelados em várias cidades, a partir de intervenção do Ministério Público do Estado de Goiás.