Em solenidade marcada para esta quarta-feira (9), às 9 horas, no Cine Pireneus, a prefeitura de Pirenópolis vai receber do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) os projetos executivos para requalificação urbana do largo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, o mais icônico espaço da cidade turística, cujo conjunto arquitetônico urbano é tombado. A execução ficará sob a responsabilidade da administração local, que ainda não tem previsão para o início das obras, estimadas em R$ 5 milhões.O Iphan contratou uma empresa para executar os projetos, que incluem intervenções urbanística, arquitetônica e paisagística. Na proposta estão previstos projetos complementares de drenagem/hidrossanitário, elétrico/luminotécnico, estrutural e de prevenção e combate a incêndios. Durante a solenidade, o prefeito Nivaldo Melo (PP) vai receber ainda uma maquete eletrônica e um vídeo em realidade virtual mostrando como ficará o espaço após a execução das obras, além de uma planilha orçamentária com a previsão de custos.Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura de Pirenópolis, somente após receber os projetos a administração local vai estudar de que maneira e quando a obra será executada. Arquiteta do escritório técnico do Iphan na cidade, Lázara Eliza de Castro acompanhou a elaboração. “Conversamos com a população. A gente quer que o espaço seja utilizado também por ela, não apenas por turistas. O projeto visa resgatar essas pessoas, fazer um lugar acolhedor, para que a população local volte a frequentar o largo da matriz como um espaço de entretenimento.”A arquiteta explica que a proposta de requalificação divide o largo em três partes. “A parte da igreja e da casa paroquial vai permanecer praticamente a mesma coisa, as mudanças maiores são a partir do final da igreja, onde há um anfiteatro, uma fonte inutilizada e um coreto degradado”, detalha Lázara Elisa. A proposta privilegia a acessibilidade e uma melhor estrutura para a realização de eventos, como a Festa Literária de Pirenópolis (Flipiri), que já monta ali suas barracas sobre britas.A mudança visual mais radical foi reservada para a parte de cima, onde funciona hoje um pit-dog. A ideia é que ele seja removido e construído no local uma lanchonete com infraestrutura necessária para alimentação rápida. “Queremos que ali se torne um espaço contemplativo, com muito verde e outra fonte inserida no contexto para integrar a paisagem da cidade e o elemento água. Nosso objetivo é que as pessoas frequentem mais o largo, para não ficar subutilizado como está hoje”, afirma Lázara Elisa.Para o superintendente do Iphan, Allyson Cabral, o maior interesse do órgão ao fazer propostas às administrações municipais de requalificação urbana é aproximar a comunidade do bem tombado. “Estamos fazendo a nossa parte. O Iphan fez a licitação para contratar a empresa com a expertise necessária para elaborar o projeto e acompanhamos de perto. Muitas vezes há recurso para isso, mas as prefeituras esbarram nessa etapa.” Allyson Cabral acredita que o projeto será executado ou pela prefeitura de Pirenópolis ou pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult).A Secult informou que a pasta deve participar da obra. “O governador Ronaldo Caiado já autorizou a Secult Goiás a participar dessa obra tão importante para Pirenópolis. Assim que recebermos o projeto, nossa equipe vai começar o plano de ação dessa requalificação”, disse em nota ao POPULAR o secretário César Moura.Corumbá de Goiás Os largos, que surgem a partir da construção de igrejas, são espaços de integração social e de festividades religiosas e culturais. Até os anos de 1960, o entorno da Matriz de Pirenópolis recebeu as Cavalhadas, a mais emblemática manifestação cultural do município hoje realizada em espaço próprio. A arquiteta Lázara Elisa disse ao POPULAR que, ao conversar com moradores locais, percebeu o quanto eles sentem falta desse ponto de encontro. Ao longo dos anos a falta de estrutura e a degradação afugentou a comunidade local do largo da matriz. Incêndio destruiu parte da igrejaA Matriz de Nossa Senhora do Rosário, construída entre os anos de 1732 e 1736 no auge da mineração na região, é tombada pelo Iphan desde 1941. Na madrugada do dia 5 de setembro de 2002 a cidade acordou com a igreja em chamas. O fogo começou pela sacristia e, em dez horas, as chamas destruíram três altares de madeira trabalhada, o teto, o forro e 16 imagens. Como a igreja tinha passado por uma restauração em 1999, os registros fotográficos ajudaram a remontar alguns detalhes, como curvaturas das madeiras e detalhes do telhado. A reconstrução durou quatro anos. Além do largo da matriz, desde 1965 o Iphan protege a Fazenda Babilônia, na zona rural de Pirenópolis, e a partir de 1990 o conjunto arquitetônico, urbanístico, paisagístico e histórico da cidade. Daí a importância do órgão em elaborar projetos de requalificação como esses que serão entregues à prefeitura local nesta quarta-feira (9). Qualquer obra nesses locais precisam passar pelo crivo do órgão.A vizinha Corumbá de Goiás, cujo conjunto arquitetônico nas proximidades da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha de França é tombado pelo Iphan desde 2004, também foi contemplada com proposta semelhante. Os projetos de requalificação do largo da matriz foram entregues à prefeitura da cidade no dia 22 de fevereiro deste ano. A igreja local foi construída entre 1750 e 1880.-Imagem (1.2416090)