Era só uma sacolinha de plástico entregue pelo balconista da farmácia para acondicionar alguns comprimidos de dipirona. Sua utilidade, que já seria contestável, durou pouco: momentos depois, logo ao entrar no carro, o cliente enfiou a cartela de remédio no bolso e jogou pela janela a embalagem, que se juntou a milhões de outras, de todos os tipos – maiores, mais resistentes, coloridas etc. –, para fazer uma composição indevida da paisagem de Goiânia. Se a utilização foi efêmera, o mesmo não se pode dizer de sua vida útil: sacolas plásticas podem persistir na natureza de 18 meses a milhares de anos, dependendo de sua composição. A cena da farmácia se repete centenas de vezes a cada minuto, de formas diversas e em todo tipo de ambiente, pela cidade inteira. O resultado desse tipo de mutirão pelo avesso foi resumido em um flagrante do repórter fotográfico do POPULAR Wesley Costa na quarta-feira (8): a imagem mostra o Córrego Capim Puba com suas margens e seu canal tomado pela decoração insólita de garrafas e embalagens enquanto, quase que imperceptível em meio à poluição, em primeiro plano está uma garça buscando algum recurso com as patas dentro do filete de água.