Laudo pericial feito pela Junta Médica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) aponta que a dona de casa Izadora Alves de Faria, de 31 anos, acusada de matar as duas filhas em Edéia no dia 27 de setembro, sofre de transtorno psicótico e no dia do crime era “inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato” e “determinar-se de acordo com esse entendimento”. Estas duas características constam no artigo 26 do Código Penal como pontos que podem levar alguém a ser considerado inimputável penalmente.Izadora matou as filhas Maria Alice, de 6 anos, e Lavínia, de 4, na casa em que moravam. Foi o pai das crianças quem encontrou os corpos em um colchão. A dona de casa foi presa horas depois em um matagal próximo, onde tentava se matar. Ela foi internada no dia seguinte e os exames de insanidade mental foram feitos apenas em 7 de fevereiro de 2023. Izadora segue aguardando o julgamento em uma clínica psiquiátrica.No laudo, que O POPULAR teve acesso com exclusividade, é dito que a dona de casa tem transtorno mental alienante com alteração do juízo da realidade, apresentando delírios e alucinações, e que esta situação é anterior à morte das filhas. Também indica que ela precisa de internação psiquiátrica porque os sintomas não estão controlados e sugere acompanhamento pelo Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (Paili), desenvolvido pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) desde 2006.Ao ser ouvida durante a perícia, Izadora contou que chegou a procurar psicólogo duas vezes, aos 24 e 28 anos, por estar ouvindo vozes e tendo alucinações. Disse ainda que estas vozes a induziam para fazer algumas coisas. Na época do crime, segundo ela, as vozes teriam afirmado que o marido dela e pais das crianças estava abusando das filhas e que nesta situação pensou em se matar e levar as filhas juntos.Uma familiar que também foi entrevistada afirmou que meses antes do crime a dona de casa falava que queria uma arma para se defender. O relato sobre a arma coincide com o que foi apurado pela Polícia Civil, mostrando que ela chegou a vir para Goiânia atrás de uma. Na mesma época, Izadora teria dito que queria se internar. A mesma familiar disse não ter notado que ela estava em surto e que acreditava realmente que a mulher estava sendo ameaçada, como dizia. Também comentou que havia o medo de internar a jovem porque outra parente próxima foi internada um tempo antes e teve um aborto durante o período.Leia também:- Mãe que matou filhas em Edéia é indiciada por duplo homicídio- Mulher acusada de matar filhas em Edeia é transferida para hospital psiquiátrico- Mãe que matou filhas em Edéia segue há um mês em pronto-socorroA realização do exame de insanidade demorou a ser feito por questões de logística. Izadora ficou internada por um mês no Pronto-Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc, que não tinha condições de leva-la em segurança para a perícia. Após determinação judicial, a SES-GO conseguiu uma vaga na Pax Clínica Instituto de Psiquiatria, em Aparecida de Goiânia, onde ela se encontra desde então. Ela foi levada para a junta médica algemada e com escolta policial.O laudo foi protocolado na Justiça na última sexta-feira (10). Nesta segunda-feira (13), o juiz Hermes Pereira Vidigal, da Comarca de Edéia, deu dois dias para que representantes do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e da Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) se manifestassem, considerando que Izadora se encontra há quase cinco meses cumprimento medida cautelar de internação provisória aguardando julgamento.Sem advogado próprio constituído, quem faz a defesa de Izadora é a DPE-GO. A dona de casa é acusada por duplo homicídio qualificado por ter matado as filhas por asfixia após ter tentado eletrocutá-las e afogá-las. Segundo o inquérito, ela também deu um golpe de faca nos dois corpos já no colchão. No dia em que ficou na cadeia, antes da internação, a acusada tentou se enforcar com as roupas na cela.O que é PailiO programa recomendado pela Junta Médica é desenvolvido pela SES-GO em conjunto com o MP-GO e a Justiça goiana e tem reconhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 18 anos foram atendidas quase 900 pacientes, sendo que em metade dos casos as medidas de segurança já foram extintas e a taxa de reincidência é em torno de 5%.