O julgamento do sargento de Polícia Militar Lucimar Correia da Silva, indiciado pela morte do jovem Wallacy Maciel de Farias, de 24 anos, está agendado para às 8h30 desta quarta-feira (15). A mãe do rapaz, Adriana Teodoro de Farias, contou ao POPULAR que está ansiosa pela decisão. “Já tem umas três noites que não consigo dormir. Tenho muita fé que a gente vai conseguir Justiça”, afirmou.O PM será submetido a júri popular. De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), o corpo de jurados será escolhido momentos antes do julgamento.Wallacy foi morto no dia 9 de setembro de 2017, no Residencial Canadá, em Goiânia, durante uma abordagem policial. O rapaz estaria rondando a casa da namorada, quando foi abordado por militares em uma rua próxima a terrenos baldios. Ele foi morto com dois tiros.De acordo com as investigações, câmeras de seguranças mostraram os policiais manuseando o corpo do jovem e o interior do carro com luvas brancas, antes da chegada da perícia.Leia também:- Júri de sargento por morte de marceneiro depende de recurso no STF- Mãe de jovem morto após abordagem policial luta há 2 anos por justiça- Família de homem morto pela PM pede justiça em protestoApós três anos da morte do filho, ela conta que a esperança é grande. “A gente precisa de Justiça. Não é a gente que está dizendo [o que houve], são o que as imagens mostram”, disse.Ela ainda desabafou que, desde que Wallacy se foi, ela tem “sobrevivido por causa da bondade de Deus”. “Estou com as emoções à flor da pele. Após o julgamento, vou poder enterrar ele. Minha ficha ainda não caiu”, revelou.DefesaA reportagem também entrou em contato com o advogado do sargento Correia, Ricardo Naves, que afirmou que não houve adulteração do local de crime. “Aquela foi a segunda viatura a ser acionada. Ele [Lucimar] não tinha nenhuma questão pessoal contra Wallacy”.O jovem, que morreu a alguns metros da própria casa, após ter passado de carro próximo da casa da namorada algumas vezes, foi considerado suspeito por um vizinho. Ele chegou a ser abordado, horas mais cedo, por outra viatura, mas não estava armado e, portanto, foi liberado.O advogado relembra que Wallacy parou o carro de frente para a viatura do sargento Correia, à época soldado, e desceu. “Um policial, de arma em punho, pediu a rendição da pessoa que parou de frente de maneira desafiadora. Ele não disparou por nada”, disse Naves.Ainda de acordo com o advogado, o jovem teria descido do veículo com as mãos na linha da cintura, o que teria favorecido a suspeita do PM. “A legítima defesa ocorre quando a agressão é atual ou iminente. No caso, era iminente”, afirmou Naves.“O que pode ser discutido é se agiu ou não com excesso. Ele [Lucimar] agiu sob a excludente do cumprimento do dever legal”, pontuou.O advogado afirmou que não sabe o que esperar da decisão do júri, mas que “os jurados de Goiânia são os melhores e mais imparciais que conheço. Os que menos se curvam à opinião pública e midiática. Eles analisam efetivamente as provas. Eu acredito, sim, na absolvição”, concluiu.