A área de mais de 260 mil hectares entre Alto Paraíso, Cavalcante, Campos Belos, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás, que abriga o maior território quilombola do Brasil, habitado pelos calunga, começou a ser mapeada este ano pela Associação Quilombo Kalunga (AQK), dentro do projeto “Uso do Geoprocessamento na Gestão do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga - SHPCK”.Cada uma das 1,5 mil famílias quilombolas que habitam o local será georreferenciada, cadastrada e caracterizada em termos socioeconômicos. A previsão é que as entrevistas terminem até julho deste ano.Conforme a AQK, o projeto tem como objetivo conhecer com profundidade a realidade das comunidades calunga, usar a tecnologia de geoprocessamento para mapear detalhadamente o território, promover a ocupação de uma forma mais sustentável e fazer com que a comunidade seja reconhecida internacionalmente como defensora da conservação da biodiversidade.Para isso, em um segundo o momento, a proposta é fazer também o levantamento cadastral das atividades de garimpo, retirada ilegal de madeira e pesca predatória, bem como dos impactos delas decorrentes e, também, dos atrativos turísticos e de possíveis roteiros a serem estabelecidos.O projeto prevê ainda a elaboração, de forma participativa, de um Sistema de Informações Geográficas no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, em estações de trabalho dotadas de softwares de geoprocessamento e de conexão com os principais bancos de dados via internet.Durante a aplicação das pesquisas, as famílias quilombolas serão mobilizadas sobre a importância da preservação da biodiversidade em todo o território.De acordo com o levantamento prévio feito pela Associação, há 19 espécies localmente ameaçadas encontradas na região. As espécies-alvo de conservação foram priorizadas de acordo com o critério de grau de ameaça, focado em espécies que enfrentam risco extremamente elevado de extinção na natureza, exigindo ações urgentes de conservação.