Doze anos após a implantação da primeira ciclovia urbana dentro de um plano de ampliação do uso de bicicletas em Goiânia, com a inauguração do trecho entre a Praça Cívica e a Praça da Bíblia, a criação de vias para ciclistas na capital vive uma estagnação. Desde 2018, quando atingiu o patamar de 100 quilômetros de ciclorrotas, ciclofaixas ou ciclovias, a quantidade de trajetos pensados para quem usa a bicicleta para se deslocar na cidade continua a mesma. Neste período, a principal mudança foi a retirada das ciclorrotas, que são trechos apenas sinalizados, sendo totalmente compartilhados com veículos motorizados, para a implantação de ciclofaixas, um trecho da via destinado às bicicletas, ou ciclovias, estrutura toda segregada. Isso ocorre mesmo sem a realização de um plano cicloviário, como é determinado pelo Plano Diretor de Goiânia e o Plano de Mobilidade da cidade. Segundo a arquiteta e urbanista e mestre em transportes, Poliana Leite, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e membro do Mova-Se Fórum de Mobilidade Urbana, “sem planejamento voltado ao ciclista não há como atender ao público específico”. “E quando falo em atendimento me refiro não só à infraestrutura viária, mas também ao ambiente que deve existir para a segurança do ciclista que inclui sinalização, controle de velocidade, educação e conscientização de todos os usuários da via e equipamentos de apoio. Apenas um projeto que integre várias ações poderá entregar uma malha cicloviária adequada. Essa não é a realidade da nossa cidade”, considera. Para ela, “ações isoladas não funcionam, principalmente se mantivermos o modelo de planejamento e operação que temos hoje, que é modulado a partir do carro”.