O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou o médico oftalmologista João Paulo Peloso Reis Passos e propôs ação de improbidade contra o profissional. Segundo o órgão estadual, o especialista fazia cobrança extra de pacientes em cirurgias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Rio Verde.O MP-GO requereu o bloqueio de bens do réu, além de danos ao erário, moral coletivo e multa civil, que totaliza R$ 114.914,66. Além disso, é pedido o seu afastamento da função pública, mediante a suspensão do termo de credenciamento firmado entre ele e o município.Conforme apontado na ação, depoimentos de pacientes do médico confirmaram as suspeitas de que o médico cobrava por procedimentos cirúrgicos. Entre as alegações para a cobrança estava, no caso de pacientes que passavam pela cirurgia de catarata, a necessidade de comprar uma lente de “melhor qualidade”. As vítimas ouvidas pelo MP-GO disseram que ele chegava a mostrar uma embalagem vazia, alegando que seria a lente utilizada, pela qual cobrava valores superiores a R$ 1 mil, aceitando, inclusive, parcelamento do valor. Em outros casos, dizia que a situação clínica do paciente exigia o pagamento de valor extra, por um procedimento específico, mesmo sendo diagnósticos imprecisos.Ocorre que a Secretaria Municipal de Saúde repassa o valor de R$ 1,3 mil ao profissional credenciado, no qual já está incluso o valor das lentes utilizadas, bem como o risco cirúrgico e os demais materiais utilizados no procedimento. No decorrer das investigações, outros profissionais oftalmologistas que realizam cirurgias pelo SUS em Rio Verde disseram que é injustificável a cobrança de valor além do que já é pago pela SMS.E outro caso, segundo a ação, ele teria afirmado ao paciente que seu caso necessitava a colocação de um anel, durante a cirurgia de catarata. No entanto, o município não autorizaria este procedimento, o qual deveria ser feito na rede particular, pelo valor de R$ 7,5 mil, podendo ser dividido em até cinco vezes no cartão de crédito.Mas o paciente disse que não poderia arcar com o valor e que tentaria solicitar a cirurgia em Goiânia, pedindo ao médico o encaminhamento para a realização do procedimento. João Paulo, contudo, resistiu em preencher o encaminhamento e amedrontou o paciente quanto à possibilidade de perda da visão, sugerindo a realização do pagamento proposto.A reportagem não conseguiu contato com o médico ou com a sua defesa.